Histórias

Uma mulher idosa e solitária salvou um cão sem-teto, e ele encheu seus dias de alegria e sentido

Todos os dias eu via uma mulher idosa no quintal. Ela já tinha mais de oitenta anos, mas estava sempre bem cuidada e elegante. Movendo-se lentamente, apoiada em sua bengala, ela nunca deixava os limites do quintal. Duas vezes por semana, sua neta vinha visitá-la em um carro branco, trazendo sacolas cheias de mantimentos.

Eu me mudei para esta casa no final do outono. Todas as manhãs, a caminho do trabalho, eu notava essa mulher. Às vezes ela estava sentada em um banco sob uma alta tília, outras vezes andava lentamente, apoiando-se na bengala.

Com o tempo, começamos a nos cumprimentar. Eu parava por um momento, perguntava como ela estava e desejava-lhe um bom dia. Ela sempre sorria em resposta e agradecia. Foi assim que eu descobri que o nome dela era Ana-Maria.

No final de dezembro, um novo residente apareceu em nosso quintal – um cão. Ele era pequeno, sujo e assustado, com um pelo denso e embaraçado. Ninguém sabia de onde ele tinha vindo.

A maioria dos moradores o recebeu com antipatia. Muitos tentaram espantá-lo, gritando: “Vá embora daqui!” sempre que ele se aproximava, olhando com suplica por um pedaço de comida.

No entanto, de vez em quando ele conseguia encontrar algo para comer: alguém lançava uma casca de pão, ou um osso. Mas foi Ana-Maria quem demonstrou carinho por ele. Ela trazia biscoitos secos, fatias de pão, falava com ele, acariciava-lhe a cabeça e carinhosamente o chamava de Ollie.

Assim que ela lhe ofereceu uma fatia de salame, seu destino estava selado: a partir desse dia, ele ficou no quintal. Em outro lugar, ele não teria sobrevivido.

Com a chegada da primavera, uma manhã eu encontrei novamente Ana-Maria. Ela me disse que, naquela noite, iria para a aldeia com sua sobrinha e que ficaria lá até o outono.

— Talvez até o final do outono, — ela acrescentou. — Temos um fogão lá, é quente ao lado dele, mesmo nas noites mais frias.

Antes de partir, ela me pediu para prometer que eu a visitaria.

O verão passou rapidamente, e no final de agosto eu finalmente decidi visitar Ana-Maria. Comprei um pequeno presente para ela, peguei o ônibus e fui para a aldeia.

Quando me aproximei de sua casa, vi uma figura conhecida na varanda. Ana-Maria estava descascando grandes maçãs vermelhas. Ao lado dela, no degrau de madeira, estava deitado um cão.

— Ollie, venha cumprimentar nossa visitante! — ela chamou carinhosamente.

O cão saltou, abanou alegremente o rabo peludo e correu em minha direção.

Eu não podia acreditar nos meus olhos. Na minha frente estava um belo animal com um pelo liso e brilhante, reluzindo ao sol.

— Dona Ana-Maria, será que este é o mesmo Ollie sarnento do nosso quintal? — perguntei admirada.

— Sim, é ele mesmo! Veja como ele se tornou um belo cão! — ela respondeu com orgulho. — Entre, venha, vamos tomar um chá. Você precisa me contar todas as novidades da cidade!

Ficamos sentadas na mesa por um bom tempo, bebendo chá de cereja e conversando. Ollie, depois de comer sua tigela de mingau, enroscou-se perto do aquecedor e suspirava suavemente enquanto dormia – talvez estivesse sonhando com alguma coisa…

Do lado de fora, uma brisa suave agitava os ramos da macieira, e grandes maçãs vermelhas e maduras caíam suavemente na grama…

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