Histórias

Uma amiga minha estava convencida de que seu marido encontrou outra pessoa. Mas a verdade que descobri foi muito mais assustadora

Tenho uma amiga. Ela tem 55 anos, mas parece mais jovem do que muitas mulheres de trinta. Elegante, estilosa, radiante. Sempre brincava que o segredo da juventude é simples: amar a si mesma e viver tranquilamente. Um dia, ela apareceu na minha casa em lágrimas, até o rímel havia borrado. Disse que o marido estava planejando deixá-la por outra. Eu, sinceramente, fiquei chocada. Sempre achei que o relacionamento deles era tranquilo, sem dramas ou discussões. Mas dava para ver imediatamente — ela não estava brincando. Sentada na minha frente, com as mãos trêmulas e a voz embargada.

Ela me pediu ajuda. A tal mulher é designer de interiores, e eu deveria me passar por cliente, encontrá-la, descobrir que tipo de “inimiga” era essa. No começo, me recusei: por que eu deveria fazer isso? Mas minha amiga implorou de tal forma, que parecia que sua vida dependia dessa missão. Como eu poderia dizer não? Concordei. Passei metade do dia ensaiando o que diria. Queria olhar nos olhos dela e avisar que destruir uma família não é design, é crueldade. Que a felicidade não se constrói sobre as lágrimas dos outros. Que existem limites que uma pessoa decente não ultrapassa.

E lá estava eu sentada em um café, esperando. Nenhuma ansiedade, apenas raiva. De repente, entra uma mulher de cerca de quarenta anos. Caminhada confiante, roupa normal, nada chamativo. Sentou-se na minha frente, pegou um caderno, sorriu e perguntou calmamente que tipo de interior me interessava. Sem qualquer indício de que conhecia o marido da minha amiga. Comecei a guiar a conversa cautelosamente, perguntando sobre seus projetos pessoais, clientes. E ela respondeu sinceramente, sem entender aonde eu queria chegar.

Não aguentei e perguntei diretamente: você tem um relacionamento com um homem chamado… Bem, mencionei o nome dele. Ela piscou algumas vezes, olhou para mim como se eu tivesse dito um absurdo completo. E respondeu: «Relacionamento? Eu sequer conheço essa pessoa». Quase ri — pensei que ela estava fingindo. Mas ela pegou o telefone, mostrou sua agenda e chats de trabalho. Nos dois últimos meses, ela mal ficava em casa, sempre viajando a trabalho, vendo sua casa menos que sua bagagem.

E então, fui atingida por um raio de percepção. Ela realmente não sabia de nada. Não tinha nada a ver com isso. Eu me senti envergonhada — não por mim, mas pela minha amiga. Conversamos um pouco mais, e quanto mais eu ouvia aquela mulher, mais claro ficava: não existia amante alguma. E nunca houve.

Saí do café e fiquei na rua até minhas mãos pararem de tremer. As peças se encaixaram: o marido da minha amiga inventou toda essa história para ter uma desculpa “honrosa” para sair do casamento. Para posar de herói aos próprios olhos, jogando a culpa em uma mulher inexistente. Para não ser visto como alguém que simplesmente deixou de amar. Para ele, era mais fácil assim. Mas para minha amiga, não. Ela estava lá sentada, culpando-se, envelhecendo um dia em questão de minutos, tentando entender o que havia de errado em sua aparência, em sua vida, em seu caráter. Enquanto ele simplesmente decidiu se livrar com um mito.

Quando fui até ela, fui recebida com esperança. Ela perguntou: «E então? Como ela é?» E eu olhava para ela e percebia — o que eu dissesse agora poderia destruir tudo. Mas também não poderia ficar calada. Não poderia deixar que ela continuasse acreditando no mito que o marido criou apenas para preservar seu ego.

Me diga uma coisa… Como você diz a alguém a verdade que vai machucar mais do que uma traição? E temos o direito de salvar aqueles que fazem de tudo para evitar a verdade?

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