Quando eu tinha 20 anos, me apaixonei por um homem com mais de 40. No dia em que o apresentei à minha família, minha mãe correu para abraçá-lo e começou a chorar. Acontece que ele não era ninguém menos que…

Sempre pensei que soubesse tudo sobre mim mesma. Tenho vinte anos, estudo em uma escola de artes e estou acostumada a que as pessoas me vejam como mais madura do que realmente sou. Talvez porque fui criada apenas pela minha mãe. Ela foi tudo para mim: suporte, amparo, a única pessoa que não permitiu que eu me quebrasse quando a vida exigia demais.
Certa vez, participando de um projeto de voluntariado, conheci ele — um homem mais de vinte anos mais velho que eu. Calmo, atencioso, equilibrado. Ao lado dele, não precisava fingir ser forte. Ele escutava como se cada palavra carregasse significado. Falava pouco, mas com precisão. Sorria com uma tristeza, como se houvesse uma longa história por trás dele sobre a qual preferia não falar.
Nosso relacionamento não começou como um romance. Tudo foi devagar, cauteloso, honesto. Ele me tratava com uma ternura desarmante. Não prometia milagres, não criava ilusões — apenas estava presente. E isso foi suficiente para que eu me apaixonasse.
Quando ele disse que queria conhecer minha mãe, meu coração apertou. Minha mãe sempre foi rigorosa, mas justa. E eu acreditava: se uma pessoa realmente importasse, ela sentiria isso.
Eu o levei para casa. Ele trouxe flores — aquelas que minha mãe especialmente gosta, embora eu tenha mencionado isso apenas uma vez. Entramos na casa e minha mãe estava mexendo em algo na cozinha. Ela se virou… e congelou.
Então algo aconteceu que mudou minha vida para sempre.
Ela correu para ele, abraçou-o como se encontrasse alguém perdido muitos anos atrás. Chorou — forte, silenciosa, como os adultos choram quando algo muito profundo desmorona.
Ele também mudou sua expressão. Olhava para ela como se não acreditasse em seus próprios olhos.
Eu estava ao lado sem entender nada. Meu mundo parecia ter se partido. Quando finalmente se afastaram um do outro, minha mãe disse com a voz trêmula:
– Achei que você estivesse morto.
Ele passou a mão no rosto e respondeu baixinho:
– Eu procurei por você… mas foi tarde demais.
Minha mãe sentou-se. Ficou em silêncio por muito tempo. A seguir, olhou para mim de um jeito que nunca tinha visto antes.
– Você precisa saber a verdade, – ela disse. – Quando eu era jovem, amei um homem. E era ele.
Um frio percorreu meu corpo. Ele apenas fechou os olhos, com medo de ouvir o que viria a seguir, mas ainda assim ouviu:
– Naquela época… eu estava esperando um filho. Você.
Demorei alguns segundos para entender o que foi dito. Mas quando o significado me alcançou, meu mundo interno desabou. O homem por quem eu havia me apaixonado… era meu pai.
Ele empalideceu. Recuou como se tivesse levado um golpe direto no peito.
– Eu não sabia… – ele sussurrou. – Juro que não sabia…
Minha mãe me abraçou, mas seu toque apenas intensificou meu choro. Eu não conseguia falar. Apenas respirava — de forma pesada, dolorosa, como se o ar tivesse se transformado em vidro.
Nós três estávamos na casa onde deveria ter acontecido uma apresentação, mas algo totalmente diferente aconteceu: o reencontro de duas pessoas que se perderam há muitos anos… e eu, a pessoa entre eles. A filha que em um dia descobriu a verdade e perdeu seu primeiro amor.
Às vezes, a vida não pergunta se você está pronto. Ela apenas apresenta uma escolha que quebra o coração. E só resta uma pergunta…
o que você faria no meu lugar?




