Histórias

Perdi meus brincos… e dois dias depois os vi na vizinha no elevador. A resposta dela me deixou sem palavras…

Perdi meus brincos de ouro, mas não dei muita importância — achei que eu mesma os tinha guardado em algum lugar. Dois dias depois, encontrei minha vizinha no elevador, e ela estava… com eles. Disse que era um presente do namorado, sem nem piscar. Quando contei isso ao meu marido, ele ficou pálido como se tivesse parado de respirar. Ele se sentou, passou a mão pelo rosto e disse calmamente que precisava me confessar algo. Meu marido explicou que há algumas semanas notou o sumiço de pequenas coisas em nossa casa, mas teve medo de parecer paranoico. E então pronunciou uma frase que me fez tremer: nós usávamos os serviços dela para limpeza. Ela vinha quando não estávamos em casa. E agora eu entendia: os brincos — eram só o começo…

Aquele dia no elevador ainda está fresco na minha memória. Entrei, já tinha apertado o botão do meu andar, e no último segundo ela entrou — a vizinha do quinto. Ofegante, com o telefone na mão e o cabelo preso de maneira descuidada. Ela ajeitou uma mecha de cabelo, e de repente vi um brilho conhecido: pequenos brincos vintage de ouro amarelo, com minúsculas arranhões nos fechos.
Meu coração deu um salto por um momento.
– Bonitos, não é? – ela sorriu, notando meu olhar. – Ganhei de presente do namorado.
Ela disse isso com tanta confiança que, por um segundo, eu até duvidei de mim mesma.

No caminho para casa, eu revisava cada detalhe na minha mente. Esses brincos pertenciam à avó do meu marido. Ele mesmo os entregou para mim no dia do nosso casamento, dizendo que eram uma memória preciosa que deveria ser cuidada. Eu me lembrava de cada arranhão, cada curva. Brincos assim não poderiam simplesmente “aparecer” em outra pessoa.

Quando entrei em casa, meu marido estava na mesa com o laptop.
– Ouça… – comecei, tentando não dar muita importância à situação. – Lembra dos meus brincos de ouro?
– Aqueles da sua avó? – ele perguntou sem tirar os olhos da tela.
– Sim. Acho que os encontrei… na vizinha. No elevador. Ela disse que era um presente do namorado.

Foi então que ele levantou os olhos para mim. Seu rosto ficou branco como papel. Ele fechou o laptop lentamente, foi até a cômoda, abriu a gaveta de cima, olhou dentro, embora ambos soubéssemos que estava vazia. Depois fechou a gaveta lentamente e voltou para a mesa, como se as forças tivessem deixado ele.

– Tenho que te contar algo, – ele disse em voz baixa.
Senti um frio por dentro.

– Nas últimas semanas, notei que mais algumas coisas sumiram, – ele começou, evitando meu olhar. – Meu velho anel, a corrente com o pingente da minha mãe… Achei que apenas tivesse guardado em outro lugar. Não queria parecer paranoico.
Ele fez uma pausa, como se tivesse vergonha de seus próprios pensamentos.
– E mais… – ele suspirou pesadamente. – Lembra que te falei sobre a faxineira que encontramos por indicação? Era ela. Ela vinha quando não estávamos em casa.

Aquelas palavras foram mais impactantes do que o próprio roubo dos objetos. Na minha cabeça, uma imagem aterrorizante se formou: ela entrando em nossa casa, sorrindo, limpando o chão, tirando o pó… e tranquilamente abrindo nossas gavetas. Pegando nossos pertences, experimentando, escolhendo o que gostava e depois saindo da mesma forma tranquila.

– Você acha que foi ela? – perguntei, embora já soubesse a resposta.
– Quem mais poderia ser? – meu marido levantou as mãos. – Brincos, anel, corrente… tudo estava no mesmo lugar. E tudo desapareceu depois que ela começou a vir.

Sentei numa cadeira porque de repente minhas pernas ficaram trêmulas. A raiva estava crescendo no meu peito, misturada com mágoa e um sentimento estranho de traição. Confiamos nosso lar a ela. A porta que fechávamos pensando que aquele era nosso mundo seguro, de repente ficou aberta para uma desconhecida.

– Vamos até ela, – disse, inesperadamente firme. – Agora.

Saímos para o hall e batemos na porta. Meu coração batia tão forte que eu ouvia nos meus ouvidos. Ela abriu a porta quase imediatamente, de moletom caseiro, com aquele meio sorriso habitual.
– Oh, olá! – ela ficou animada. – Aconteceu alguma coisa?

Olhei direto nos olhos dela.
– Sim, aconteceu. Queremos falar sobre os meus brincos.
O sorriso desapareceu do rosto dela.
– Que brincos? – ela tentou fingir que não entendia.

Meu marido tirou uma foto antiga da carteira. Nela estava a mãe dele jovem, com um vestido e… com aqueles brincos.
– São uma joia de família, – ele disse com a voz firme. – Elas desapareceram da nossa casa. E dois dias atrás minha esposa os viu em você no elevador.

A vizinha ficou pálida, seus lábios tremeram. Ela deu um passo para trás.
– Eu… só experimentei, – ela sussurrou. – Queria devolver…
Fiquei em silêncio. Essas palavras soaram tão patéticas e falsas que me fizeram sentir ainda pior.

– E o anel? – perguntou meu marido. – E a corrente com o pingente da sua mãe? Você também “experimentou” tudo isso?
Por um segundo, achei que ela fosse negar tudo, mentir, se indignar, gritar. Mas ela apenas abaixou a cabeça e disse em voz baixa:
– Entrem.

Entramos na sua casa. Ela foi para o quarto, pegou uma caixinha na prateleira e colocou sobre a mesa. Abriu-a. Dentro estavam nossas coisas. Brincos, anel, corrente. Em uma pequena caixa estava uma parte inteira da nossa história.

– Eu… pensei que vocês não notariam, – ela murmurou. – Vocês têm tantas coisas…
Olhei para ela e não entendia: como se pode entrar tranquilamente na casa das pessoas, beber sua água, tocar suas coisas, olhar nos olhos no elevador e, ao mesmo tempo, usar algo roubado delas?

Levamos de volta nossas joias. Sem escândalos, sem gritos, sem ameaças. Meu marido apenas disse:
– Não vamos à polícia por enquanto. Mas você não entra mais na nossa casa. Nunca.

Quando voltamos para casa e fechamos a porta, fiquei muito tempo apenas parada no corredor, segurando os brincos na mão. Pareciam diferentes agora. Como se, junto com eles, eu segurasse não só a memória da avó do meu marido, mas também amargura por nosso lar ter sido violado de forma tão fácil.

– Talvez devêssemos chamar a polícia afinal? – perguntou meu marido, hesitante.
Olhei para ele e para os brincos. Imaginei como continuaríamos a viver, encontrando-a no prédio, no elevador, ouvindo seus passos do outro lado da parede. Ela saberia que sabemos. E nós saberíamos do que ela é capaz.

– Não sei, – respondi honestamente. – Não tenho certeza se há uma escolha certa nesta situação.

Às vezes a encontro novamente no elevador. Ela abaixa os olhos, esconde as orelhas sob o cabelo e se cola à parede. E sempre penso: será isso um castigo para ela ou para nós?

E você, o que acha: deveríamos ter ido à polícia naquela época, ou é suficiente que ela agora viva todos os dias com esse medo e vergonha?

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