Histórias

Percebi tudo tarde demais… Quando quis voltar para a esposa com quem vivi por 35 anos, já era tarde…

Tenho 55 anos. E não tenho nada. Nem esposa, nem família, nem filhos, nem trabalho. Apenas o silêncio no quarto, uma xícara vazia na mesa e um reflexo no espelho que eu não reconheço. Às vezes, parece que essa não é minha vida, mas um rascunho esquecido de alguém.  Mas então a dor no peito me lembra — tudo isso é real. Destruí tudo o que tinha, e agora estou nas ruínas da minha vida, olhando para o abismo que cavei com minhas próprias mãos.

O nome dela era Emma. Vivemos juntos 35 anos. Houve de tudo: brigas, paz, risadas, o cheiro do seu bolo aos domingos, as crianças fazendo barulho, vida. Ela sabia estar ao lado de uma maneira que eu nem percebia o quão bom era estar com ela. Parecia que seria assim para sempre.

Mas os anos passaram. Eu comecei a me cansar. Não dela — da rotina, da monotonia, de mim mesmo. Achava que havia uma vida diferente esperando por mim do lado de fora — nova, leve, vibrante. Quis liberdade, como se ela pudesse preencher aquilo que, na minha opinião, me faltava.

Eu fui embora. Simplesmente um dia eu arrumei minhas coisas e disse: «Preciso começar de novo. Não sou feliz».

Ela estava na porta. Não chorou. Apenas disse:
— Você vai entender, mas será tarde.

No início, tive a sensação de estar voando. Mudei de casa, mudei de círculo social, comecei um romance com uma mulher que parecia mais jovem e interessante. Mas tudo isso rapidamente perdeu seu brilho. Não conversávamos de coração aberto. Ela não sabia como eu gostava do café e que eu ficava calado quando não estava bem. Ela não entendia minhas pausas e não guardava meus hábitos.

Com o tempo, perdi o emprego. Depois ela foi embora, dizendo que não queria ficar ao lado de um «homem quebrado». Eu não a culpo. Eu mesmo não me suporto.

Tentei entrar em contato com os filhos. Mas eles responderam educadamente e friamente, como se a uma pessoa estranha. E depois pararam de responder completamente.

Um dia, fui até a casa onde morei com Emma. Queria pedir desculpas. Dizer que fui um tolo. Que entendi tudo. Que queria voltar.

Mas ninguém abriu a porta para mim. A vizinha disse que Emma tinha morrido dois meses antes.
Câncer.
Ela lutou sozinha.

Eu não estava lá. Nem com ela, nem com as crianças.

Agora eu sento em frente a sua velha fotografia e sussurro:
— Você era minha casa, Emma. E eu fui embora para o nada.

Entendi tudo tarde demais.

Se você está lendo isso — não cometa os meus erros.
Não procure felicidade onde ela não existe.
Não destrua o que foi construído ao longo dos anos por um miragem.
A felicidade não está na liberdade. A felicidade — é estar ao lado de quem te conhece nos mínimos detalhes e ainda assim permanece.

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