Para o nosso aniversário, pedi ao meu marido que passássemos a noite a sós. Ele concordou. Mas quando entramos no restaurante, toda a família dele estava lá, e naquele momento, eu não aguentei mais…

Há três anos nos casamos. Um casamento comum, um casal comum, uma vida comum. Só havia um detalhe — a família do meu marido. A mãe, o pai, a irmã, tias, tios, primos — todos eles eram muito unidos. Muito próximos. E muito… presentes.
Todo domingo — almoço na casa dos pais. Toda festa — reunião com os parentes. Aniversário do marido — claro, com a família. Meu aniversário — também com eles, porque “como não vamos parabenizar a nora?” Até mesmo uma simples noite de sexta-feira poderia terminar com uma visita inesperada da sogra “para um chá”.
Eu não sou contra valores familiares. Sério. Eu mesma amo meus pais, nos falamos, nos encontramos. Mas temos limites. Aqui, não havia limites.
Tentei conversar com meu marido. Expliquei que, às vezes, queria ficar sozinha com ele. Que precisávamos de espaço pessoal. Ele balançava a cabeça, concordava, e então a mãe dele ligava dizendo: “Venham para o jantar”, — e íamos. Porque ele não conseguia dizer não à mãe.
Nosso aniversário se aproximava e eu decidi — esta era minha chance. Um mês antes, comecei a preparar o terreno. Dizia ao meu marido o quanto esse dia era importante para mim. Que queria passá-lo só nós dois. Um jantar romântico, apenas nós, sem parentes, sem agitação.
Ele prometeu. Jurou que organizaria tudo sozinho, que seria nossa noite especial.
Eu acreditei.
No dia do aniversário, passei três horas me preparando. Comprei um vestido novo, fiz o cabelo, a maquiagem. Queria estar bonita para ele, como no dia do nosso casamento. Meu marido disse que havia reservado uma mesa em um bom restaurante, pediu para eu estar pronta às sete.
Chegamos às sete em ponto. Ele abriu a porta do carro para mim, pegou minha mão, me guiou para dentro. Eu estava sorrindo, antecipando finalmente uma noite normal a dois.
E então eu os vi.
Na mesa grande perto da janela estavam sua mãe, seu pai, sua irmã e o marido dela, a prima com dois filhos. Todos elegantemente vestidos, alegres, acenando para nós.
Meu coração afundou. Parei como uma estátua. Olhei para o meu marido — ele estava sorrindo. Apenas parado ali, sorrindo.
— Surpresa, — ele disse baixinho e me empurrou suavemente para frente.
Eu não conseguia andar. Minhas pernas não obedeciam. Todos os olhares da família dele estavam voltados para mim — expectantes, contentes.
— Finalmente! — a sogra levantou-se, abrindo os braços. — Estamos esperando há meia hora! Achávamos que vocês estavam atrasados!
Algo dentro de mim se quebrou. Simplesmente rachou e desmoronou. Senti um nó na garganta, os olhos arderam. E eu comecei a chorar. Lá mesmo, no meio do restaurante, no meu vestido novo e com o cabelo bem arrumado.
Chorei como uma criança, incapaz de parar.
Todos ficaram em silêncio. Os garçons congelaram. Os clientes das mesas próximas se viraram. A sogra abaixou os braços, o sorriso dela desapareceu.
— O que aconteceu? — meu marido tentou me abraçar, mas eu me afastei.
— O que aconteceu?! — olhei para ele através das lágrimas. — Eu pedi uma coisa! Uma noite! Uma noite somente com você!
— Mas é a família, — ele olhou confuso para os pais. — Eles queriam nos parabenizar…
— Três anos! — eu não conseguia parar, as palavras saíam por si mesmas. — Três anos que vou a todos os jantares, almoços, festas, reuniões de vocês. Nunca recusei. Nunca! Sempre sorri, acenei, comi aquele borscht, ouvi aquelas histórias sobre o tio-avô! Mas hoje… hoje eu pedi apenas uma noite. Nosso aniversário. E você não conseguiu. Nem hoje você conseguiu dizer não a eles!
A sogra indignou-se:
— Que cena é essa? Somos família! Viemos parabenizá-los, e você faz drama!
— Eu não estou fazendo drama! — eu me virei para ela. — Eu só queria passar o aniversário de casamento com meu marido! Isso é normal! É um desejo normal!
O pai do meu marido franziu a testa:
— Somos agora um estorvo? Criamos ele, demos educação, e agora somos postos para fora?
— Ninguém está expulsando vocês, — eu enxuguei as lágrimas, mas continuavam a cair. — Nos vemos toda semana. Todo feriado. Todo domingo. Mas hoje… hoje era nosso dia. Somente nosso.
Meu marido pegou minha mão, tentou me levar para o lado:
— Vamos sair e conversar…
Eu soltei minha mão.
— Não. Que todos ouçam. Três anos fiquei calada. Três anos tentando ser a nora ideal. Sorria quando sua mãe vinha sem avisar. Concordava com os almoços de domingo, mesmo querendo apenas dormir após uma semana pesada. Ia a aniversários de primos de segundo grau, que vi pela segunda vez na vida. Porque você não consegue dizer não a eles.
— Isso não é verdade, — ele estava pálido.
— É verdade! — eu olhei nos olhos dele. — Você nunca me escolheu. Nunca. Quando sua mãe disse que eu não sabia fazer almôndegas, você ficou calado. Quando sua irmã me chamou de egoísta por eu querer uma carreira ao invés de ficar em casa com os filhos, você disse “não ligue”. Quando eu pedi para não virem sem avisar, você me explicou que é família, que eu estava errada.
A irmã dele levantou-se:
— Sabe o quê? Talvez você seja mesmo egoísta. Família — não é só vocês dois!
— Família — é antes de tudo nós dois! — eu aumentei o tom de voz. — Nós — marido e mulher! Criamos nossa família há três anos! E vocês… vocês são os pais dele, irmã dele, parentes dele. Eu respeito vocês, amo vocês. Mas não sou obrigada a vê-los todos os dias! E ele tem direito a uma vida pessoal! A uma vida comigo!
Meu marido estava pálido, com uma expressão perdida. A sogra apertou os lábios:
— Sempre soubemos que você tentava afastá-lo da família.
— Eu não estou afastando, — balancei a cabeça cansada. — Eu só quero ser a esposa dele. Não um apêndice da família dele. Esposa.
Houve um silêncio pesado. Os filhos da prima estavam em silêncio, me olhando com grandes olhos. Um garçom estava parado, indeciso, com o menu.
Olhei para o meu marido:
— Eu te disse por um mês o quanto essa noite era importante para mim. Eu disse claramente — só nós dois. E mesmo assim você os chamou. Porque você não consegue. Não consegue me escolher.
— Achei que você ficaria feliz, — ele disse em voz baixa. — Eles queriam parabenizar…
— Você pensou, ou sua mãe disse que deveria chamar todos?
Ele não respondeu. E aquele silêncio foi suficiente.
Tirei os sapatos — meus pés doíam pelos saltos — os peguei na mão e fui para a saída. Descalça, pelo chão frio do restaurante, passando pelos olhares curiosos dos clientes.
— Para onde você vai?! — meu marido correu atrás de mim.
— Vou para casa. Sozinha. Passe o aniversário com sua família. Já que eles são mais importantes.
— Não fale bobagem! Volte!
Eu me virei na porta:
— Por três anos eu voltei. Cada vez que queria ir embora, eu voltei. Fiquei calada, aguentei, esperei que você mudasse. Mas você não vai mudar. Porque isso exige dizer “não” para sua mãe. E você não consegue.
Saí para a rua. Estava frio. Chamei um táxi, informei o endereço dos meus pais.
Meu marido ligou por todo o caminho. Eu não atendi.
Minha mãe abriu a porta, assustada ao me ver — com o rosto cheio de lágrimas, maquiagem borrada, descalça, com os sapatos na mão.
— O que aconteceu?
— Posso ficar com vocês um tempo? Preciso pensar.
Ela me abraçou, e eu comecei a chorar de novo.
Uma semana se passou. Meu marido veio três vezes, ficou embaixo da janela, pediu para conversarmos. Mandou mensagens dizendo que me amava, que consertaria tudo. Sua mãe também ligou — indignada, dizendo que eu levei o filho a uma crise nervosa com meus caprichos.
Mas estou na casa dos meus pais, percebendo que: por três anos, tentei me encaixar na família dele. Esqueci de perguntar — será que ele tentou criar uma família comigo?
Sinceramente, digam: eu estava errada em ter feito uma cena no restaurante? Ou tinha o direito de finalmente dizer a verdade?




