Histórias

O vizinho pegou minha furadeira “por um dia”, sumiu por três semanas e a devolveu como se tivesse me feito um favor… e hoje ainda apareceu aqui cheio de reclamações…

Eu realmente preciso desabafar, porque estou à beira de um colapso. Estou sentado na cozinha, mãos tremendo, meu chá esfriou. Sabia que emprestar dinheiro é um jeito certo de arruinar amizades? Com ferramentas, funciona exatamente da mesma forma.

Essa situação é dolorosamente típica. Tenho um vizinho. Nos damos bem, nos cumprimentamos. Três semanas atrás, ele ligou: “Ouça, me ajuda. Preciso urgentemente fazer alguns furos, o varão da cortina caiu, e minhas ferramentas estão na casa de campo. Prometo que devolvo ao anoitecer”.

Eu não sou uma pessoa mesquinha. Tenho uma furadeira ótima, uma “Makita”, da qual cuido muito. Eu disse: “Claro, pode pegar, mas eu vou precisar dela logo”. Ele garantiu: “Vou ser rápido, em uma hora termino!”.

Passou um dia. Silêncio. Dois dias se passaram. Eu evito conflito, então decidi esperar, talvez ele estivesse ocupado. Mas esse “amanhã” se estendeu por três longas e agoniantes semanas!

O mais revoltante é que eu ouvia constantemente ele usando a furadeira. À noite, nos fins de semana. A ferramenta zumbia o tempo todo por lá. Ficou claro: ele não estava apenas pendurando o varão, provavelmente iniciou uma reforma completa com minha furadeira. Comecei a ficar irritado — não pela ferramenta em si, mas pela quebra do combinado.

Ontem finalmente precisei montar uma estante. Pronto, a paciência acabou. Vou até ele. Toquei a campainha. Ele abriu a porta, coberto de poeira. — Vizinho, — falei, — é hora de devolver. Eu preciso dela. Vocês deviam ver a reação dele. Ele me olhou como se eu estivesse exigindo algo ilegal. Ele revirou os olhos, soltou um som de desdém: — Por que tanta pressa? Estou quase terminando o corredor. — Já se passaram três semanas. Tenha um pouco de consideração.

Ele foi embora, voltou com minha furadeira. A caixa estava aberta, o fio enrolado de qualquer jeito, a ferramenta coberta de poeira cinza e uma sujeira de construção. Ele simplesmente a empurrou em minhas mãos e resmungou irritado: — Leva. Que cara mais mesquinho você é. Devemos ajudar os vizinhos.

E bateu a porta. Fiquei ali, chocado com a impertinência dele. Mesquinho? Eu? Depois de três semanas de espera! Tudo bem, engoli a raiva. Voltei para casa, limpei (ele não se deu ao trabalho!), montei a estante. A furadeira funcionou, mas fez um som de esforço e esquentava mais do que o normal. Mas o trabalho foi feito. Me acalmei e a guardei.

MAS HOJE DE MANHÃ O CIRCO COMEÇOU.

Manhã de folga. Campainha insistente na porta. Abro — está o meu vizinho, vermelho de raiva, mãos nos quadris. Eu nem consegui cumprimentá-lo antes de ele começar a gritar:

— O que você me deu?! Fiquei pasmo:

— Como assim? — Estou falando da sua furadeira! Enquanto estava comigo, ela funcionava perfeitamente! E você a pegou de volta ontem e fez alguma coisa com ela, e acabou com a ferramenta!

— Você está fora de si? — comecei a ferver. — Essa é a MINHA furadeira! — Não me importa! — ele interrompeu. — Hoje queria terminar o rodapé, peguei uma furadeira de impacto do meu sogro, mas é desconfortável. Pensei em pegar a sua por meia hora. E você me devolveu ontem já com cheiro de queimado! — Foi você que a devolveu ontem!

— Não se apegue a detalhes! — ele gritou para todo o prédio. — O ponto é que durante todas as três semanas ela funcionou perfeitamente! Eu misturava concreto, fazia rasgos — ela aguentava tudo!

E você queimou o motor em uma noite! Eu sinto que ela não está girando direito. Você deve me pagar pelo conserto, porque meu trabalho parou por sua causa!

Fiquei sem palavras. Dá para entender o nível de sem-vergonhice? O homem usou e abusou da minha furadeira doméstica por três semanas, misturou concreto com ela (daí a poeira!), destruiu o motor, e agora, quando quebrou de vez, decidiu me culpar! Porque, segundo sua lógica, “ontem ela ainda funcionava, até você pegar de volta”.

Tentei explicar:

— Você misturou concreto com ela?! Isso não é um misturador de construção! Você a superaqueceu! — Pare de me ensinar! — ele berrava.

— Tenho mãos de ouro. Foi você que a quebrou ontem enquanto furava. Exijo que você me dê uma ferramenta funcionando até eu terminar minha reforma, ou pague pelo meu prejuízo!

Naquele momento, simplesmente perdi o controle. Dei um passo para trás e comecei a fechar a porta. Ele tentou impedir: — Ei, não terminamos! Você me deve! Eu gritei tão alto que ele pulou:

— Vai embora daqui! Se tocar de novo, te jogo escada abaixo!

Fechei a porta e travei. Fiquei ali, com o coração disparado. Ouvi que ele ainda murmurava coisas sobre “mesquinho” e “ação judicial” do lado de fora.

Agora estou olhando para minha pobre “Makita”. Liguei na tomada — faíscas, cheiro de fiação queimada. Realmente chegou ao fim. Ele a destruiu. Em três semanas de reformas intensas.

Mas o pior não é a ferramenta quebrada. O mais assustador é que ele realmente acredita que a culpa é minha. Ele está convencido de que fui eu que, em uma noite, estraguei algo que “funcionou perfeitamente” com ele por quase um mês. Esse é um nível extremo de autoengano ou ele é apenas um manipulador cínico?

E agora, o que eu faço? Brigar até às vias de fato? Chamar a polícia (soa absurdo)? Ou simplesmente aceitar, jogar a ferramenta que me custou uma quantia considerável fora, e considerar isso como o preço por conhecer a verdadeira natureza de alguém?

Sejam honestos, fui irresponsável de ter emprestado? Ou vizinhos como ele são uma desgraça inevitável? E como você reagiria à “exigência de compensação” dele?

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