Histórias

O novo chefe me forçou a pedir demissão para colocar sua amante no meu lugar. Ele não sabia um detalhe importante sobre mim, e quando descobriu, já era tarde…

Trabalhei nesta empresa por quinze anos. Comecei como estagiária e cresci até me tornar chefe do departamento de vendas. Conhecia cada cliente, cada processo, cada detalhe do trabalho. A empresa era minha segunda casa.

O fundador da empresa era meu mentor. Um homem idoso, sábio e justo. Ele me ensinou de tudo — desde chamadas frias até estratégias de negociação. Dizia que via potencial em mim e que um dia eu faria parte de algo maior.

Quando ele completou setenta anos, decidiu se aposentar. Vendeu a empresa para um novo proprietário — um grande investidor. Antes do negócio, ele me chamou ao escritório e ofereceu para comprar vinte por cento das ações da empresa.

Fiquei chocada. Vinte por cento — isso envolve muito dinheiro. Ele explicou que queria que parte da empresa pertencesse a alguém que a entendesse e a amasse. Alguém que certificaria que os novos proprietários não destruíssem o que foi construído ao longo dos anos.

Fiz um empréstimo. Pedi dinheiro aos meus pais. Comprei as ações. Era arriscado, mas eu acreditava na empresa.

Concordamos que eu não divulgaria minha posição de acionista. Trabalharia como uma funcionária regular, observando o desenvolvimento do negócio por dentro. Interferiria apenas se as coisas começassem a dar muito errado.

Nos primeiros cinco anos, tudo foi estável. O novo proprietário manteve o curso, a empresa cresceu, e eu continuei a liderar o departamento de vendas.

Seis meses atrás, chegou um novo diretor. Jovem, ambicioso, com um currículo brilhante. O proprietário o contratou para levar a empresa a um novo nível.

O primeiro mês, o novo diretor estudou os processos, conheceu a equipe e fez perguntas. Era educado e profissional. Fiquei até contente — finalmente, um novo olhar, novas ideias.

Então as mudanças começaram. Ele trouxe sua própria equipe — jovens e agressivos gerentes. Começou a reestruturar os departamentos, mudar processos, demitir antigos funcionários.

Dizia que a empresa estava presa no passado, que precisava de sangue novo, abordagens modernas. Toda semana alguém recebia um aviso de demissão.

Três meses atrás, foi a minha vez. Ele me chamou ao escritório e disse diretamente — eu estava no mesmo lugar há muito tempo, meus métodos estavam obsoletos, a empresa precisava de novas caras.

Tentei argumentar. Mostrei os resultados do nosso trabalho — nosso departamento gerava mais da metade dos lucros da empresa. Os clientes trabalhavam conosco há anos e confiavam em nós.

Ele ignorou. Disse que os números eram do passado. Que ele precisava de pessoas que olhassem para o futuro. E que ele já havia encontrado alguém para o meu lugar.

Entendi que discutir era inútil. Perguntei quem ocuparia meu cargo.

Ele mencionou um nome. Uma mulher de trinta anos, sem experiência em nossa área, com um currículo de uma página. Olhei seu perfil nas redes sociais — fotos com ele, viagens conjuntas, restaurantes. Sua amante.

Ele nem se deu ao trabalho de esconder. Estava simplesmente convencido de que eu não faria nada. Que eu era uma funcionária comum, que escreveria uma carta de demissão e sairia.

No dia seguinte, escrevi minha carta de demissão. Entreguei meu trabalho, me despedi dos colegas. Muitos ficaram chocados — estavam me demitindo, embora eu fosse uma das funcionárias mais bem-sucedidas.

O diretor ficou satisfeito. Uma semana depois, sua amante assumiu meu cargo. Ela fez uma reforma no departamento, mudou todo o sistema de trabalho. Os clientes começaram a reclamar, mas isso não a preocupava.

Passou um mês. Eu estava em casa, descansando, pensando nos meus próximos passos.

Então, chegou uma notificação sobre a reunião dos acionistas. Uma reunião anual, onde se aprova a estratégia e se nomeia a liderança.

Eu fui. Sentei-me na sala entre os outros acionistas. O diretor estava fazendo uma apresentação — falando sobre conquistas, planos, perspectivas.

Quando chegou a hora de votar sobre a candidatura do diretor para o próximo mandato, levantei a mão.

Disse que votava contra.

O diretor olhou para mim perplexo. Perguntou quem eu era e qual era meu papel na votação.

Eu disse meu nome e acrescentei que possuía vinte por cento das ações da empresa.

Um silêncio caiu sobre a sala. O diretor empalideceu.

Continuei. Disse que em seis meses de sua gestão ele havia demitido os melhores funcionários, destruído relações com os principais clientes, colocado pessoas incompetentes em cargos importantes. Que os lucros da empresa caíram trinta por cento. Que ele nomeou sua amante, sem experiência e qualificação, como chefe do departamento de vendas — a área mais lucrativa.

Outros acionistas começaram a fazer perguntas. Verificaram os números. Analisaram os currículos dos novos funcionários. O quadro ficou claro.

No final das contas, a votação aconteceu. Vinte por cento das minhas ações mais os votos de outros acionistas insatisfeitos — o diretor foi destituído. Imediatamente.

Sua amante foi demitida no mesmo dia.

Me ofereceram para voltar ao cargo de chefe do departamento de vendas. Aceitei. Com um aumento de salário e status oficial de acionista.

Dois meses se passaram. O departamento foi restaurado, os clientes voltaram, os lucros estão crescendo. Estou de volta ao que amo fazer e agora tenho influência real nas decisões da empresa.

O ex-diretor tentou encontrar trabalho, mas ninguém deu referências. A história de como ele colocou a amante e destruiu o negócio se espalhou rapidamente nos círculos profissionais.

Às vezes penso — fiz certo em esconder meu status de acionista por quinze anos? Talvez devesse ter me revelado imediatamente e participado mais ativamente da gestão?

Mas se eu tivesse anunciado, teriam me visto de forma diferente. Não como uma profissional, mas como alguém com privilégios. Eu queria provar meu valor pelo trabalho, não pela posição.

Sejamos sinceros: fiz certo em me calar por anos e agir no último momento? Ou deveria ter interferido antes?

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