O marido arranjou um emprego para a amante na sua empresa. Mas ele não sabia quem eu realmente era…

Quinze anos atrás, casei por amor. Eu tinha vinte e três anos, ele vinte e cinco. Eu escondi dele uma coisa — que minha família era dona de um grande conglomerado. Várias empresas, fábricas, imóveis. Um negócio sério.
Meu pai era contra: “Você tem certeza? Talvez ele se case por interesse”. Mas eu insisti. Não disse nada ao meu marido. Apresentei minha família como “confortável, mas não rica”. O casamento foi modesto. Vivíamos com o salário dele.
Ele trabalhava como gerente de nível médio em uma das empresas do conglomerado. Não sabia que era a empresa do meu pai. Achava que tinha conseguido o emprego por anúncio. Orgulhava-se de que “conseguia tudo por conta própria”.
Eu não trabalhava — tive dois filhos, cuidava da casa. Ele dizia: “Você é minha dona de casa, eu sustento a família”. Eu assentia. Para mim, não importava. Eu o amava.
Não aceitava dinheiro do meu pai. Queria provar a mim mesma que poderia viver uma vida comum. Nós alugávamos um apartamento, economizávamos para comprar um carro, íamos de férias uma vez ao ano à praia. Modesto, mas feliz.
Às vezes meu pai perguntava: “Como você está? Talvez eu possa ajudar?” Eu recusava. “Está tudo bem, pai. Estamos nos virando”.
Doze anos se passaram. As crianças cresceram, a vida se estabilizou. Eu achava que éramos felizes.
Um ano atrás, notei mudanças. Meu marido começou a ficar até mais tarde no trabalho. Escondia o telefone. Sorria olhando para a tela. Quando eu perguntava, ele dizia: “É trabalho”.
Eu não sou ingênua. Contratei um detetive particular. Em uma semana, eu tinha fotos. Ele com uma jovem colega. Em cafés, um hotel, o apartamento dela. O clássico de sempre.
Ela tinha vinte e sete anos. Ambiciosa, bonita, trabalhava no departamento ao lado. Eu olhava as fotos e não chorava. Sentia uma estranha frieza por dentro.
Não fiz cenas. Apenas observei. Reuni informações.
Seis meses depois, ele chegou em casa satisfeito: “Você não vai acreditar, temos uma nova colega no departamento. Uma garota talentosa, vai crescer rápido”. Eu entendi — ele a empregou na empresa para vê-la mais.
“Qual é o nome dela?” — perguntei calmamente.
Ele disse o nome. O mesmo.
“Ótimo”, — eu disse. “Bom trabalho”.
No dia seguinte, liguei para o meu pai. Pela primeira vez em quinze anos, pedi um favor.
“Pai, preciso da sua ajuda. A empresa onde meu marido trabalha — ela é sua, não é? Preciso fazer algo.”
Meu pai ouviu em silêncio. Depois disse: “Sempre soube que esse cara não era bom o suficiente para você”.
Uma semana depois, meu pai foi à empresa para uma auditoria não planejada. Reuniu toda a liderança, todo o alto escalão. Meu marido estava sentado na sala de conferências, orgulhoso — um mês antes, ele havia sido promovido a gerente sênior. Ele não sabia que fui eu quem pediu ao meu pai para dar-lhe a promoção. Para que a queda fosse mais dolorosa.
Meu pai ficou à frente da mesa: “Senhores, devido à situação econômica, a empresa está passando por uma reestruturação. Todas as promoções feitas no último mês estão canceladas”.
Meu marido ficou pálido. Ele tinha acabado de ser promovido. Já se gabava para a amante.
“Além disso, — continuou meu pai, — estamos demitindo funcionários contratados por proteção pessoal sem aprovação do escritório central”.
Ele disse o nome da amante. Ela estava sentada três fileiras à frente do meu marido. Levantou-se: “Mas eu…” O segurança aproximou-se dela. “Recolha suas coisas. Hoje é seu último dia”.
Ela saiu da sala em lágrimas. Meu marido estava sentado, branco como giz.
“E por último, — disse meu pai. — Haverá um novo gestor na empresa. Muitos de vocês trabalharão sob sua direção”.
A porta da sala de conferências se abriu. Eu entrei. Com um terno de negócios formal, com uma pasta de documentos. Caminhei lentamente até a mesa. Todos me olhavam.
Meu marido não respirava.
“Apresento, — disse meu pai. — Minha filha. Ela será a nova diretora de recursos humanos de vocês. Todas as decisões de pessoal agora passarão por ela”.
Sorri para a sala. Depois olhei para o meu marido. Ele estava sentado, sem conseguir pronunciar uma palavra.
“Bom dia, colegas, — eu disse. — Espero uma cooperação produtiva”.
Após a reunião, meu marido me alcançou no corredor.
“Você… você é a filha do dono?” — a voz tremia.
“Sim. Quinze anos eu fui sua dona de casa. E também sou filha do homem que possui a empresa onde você trabalha. A empresa onde você recebeu todas as suas promoções. Cada avanço seu foi com meu silencioso consentimento”.
“Por que você não contou?”
“Porque queria que você me amasse. Não pelo meu dinheiro. Não pela minha família. A mim”.
Ele ficou calado.
“Sua amante foi demitida, — eu continuei. — Você vai ficar. Porque eu não sou cruel. Você vai trabalhar. Sob minha gestão. Todo dia me verá e lembrará de quem traiu”.
“Eu… eu não sabia…”
“Exatamente. Você não sabia de nada. Achou que eu — era ninguém. Uma dona de casa que fica em casa esperando por você. Mas eu — sou dona da sua carreira. E agora dona do seu futuro”.
Me divorciei dele três meses depois. Levei as crianças, o apartamento, o carro. Pensão alimentícia. Ele continuou trabalhando na empresa — não tinha outras opções. Ninguém lhe daria uma recomendação nossa.
Voltei para o mundo dos negócios. Descobri que gosto disso. Sou uma boa diretora. Meu pai está orgulhoso.
Às vezes, vejo meu ex-marido nos corredores do escritório. Ele abaixa os olhos. Eu passo por ele. Não sinto mais nada.
Mas há uma questão que me atormenta: será que fiz bem em esconder a verdade sobre mim quinze anos atrás? Talvez, se ele soubesse desde o começo — me valorizasse mais? Ou ainda assim trairia, apenas com outras desculpas? E valeria a pena perdoar sua traição se ele não sabia quem eu realmente era? Ou um homem que trai uma “dona de casa” trairia qualquer mulher — queira ela rica ou pobre?




