O chefe me demitiu logo antes da aposentadoria. Mas naquela época ele ainda não sabia com quem estava lidando e o que eu tinha preparado para ele…

Vinte e sete anos trabalhei nesta empresa. Comecei como contadora simples, cresci até especialista sênior. Nunca houve reclamações, sempre cumpria o plano, os colegas respeitavam. Tinha cinquenta e oito anos e planejava chegar tranquilamente à aposentadoria — faltavam apenas dois anos.
Um ano atrás veio para nós um novo chefe de departamento. Trinta e cinco anos, ambicioso, com educação moderna. Desde o primeiro dia deixou claro que haveria mudanças. “Precisamos de sangue novo”, “É hora de dominar novas tecnologias”, “Equipe jovem — equipe bem-sucedida” — eram suas frases favoritas.
No início não dei importância. Trabalhava como sempre. Mas depois de um mês começou. Ele começou a implicar comigo por bobagens. “Por que demora tanto para fazer o relatório? Os jovens fazem mais rápido”. “Você não entende o novo programa, e os de vinte e cinco dominaram em um dia”. “Na sua idade é difícil acompanhar o ritmo, entendo”.
Ao mesmo tempo, os colegas jovens cometiam os mesmos erros que eu. Às vezes até piores. Mas para eles ele não dizia uma palavra. Só para mim. E para mais dois funcionários — tínhamos mais de cinquenta.
Entendi: isso é discriminação por idade. Ele queria se livrar dos “quadros velhos”.
Então comecei a gravar nossas conversas. No telefone, secretamente. Cada reunião, cada assembleia onde ele fazia observações.
“Você já não está na idade para aguentar tais volumes”, — gravei. “Talvez seja hora de se aposentar? Descansará em casa”, — gravei. “Precisamos de funcionários enérgicos, não aqueles que pensam em aposentadoria”, — gravei.
Durante meio ano coletei provas. Dezenas de conversas onde ele falava diretamente sobre minha idade como problema.
Depois ele me chamou ao gabinete. Fechou a porta, sentou-se na minha frente.
“Vamos falar com franqueza”, — disse ele. “Você é boa funcionária, mas a empresa precisa de equipe jovem. Escreva um pedido de demissão voluntária. Darei uma boa recomendação”.
“E se eu recusar?” — perguntei.
“Então encontrarei motivo para demiti-la por justa causa. Incompatibilidade com o cargo, por exemplo. Para quem você vai reclamar? Na sua idade ninguém contrata”.
Gravei também esta conversa.
Recusei escrever o pedido. Ele ficou irritado, mas calou-se.
Uma semana depois recebi notificação: demissão por redução de pessoal. Meu cargo está sendo eliminado.
Assinei os documentos. Peguei minhas coisas. Os colegas lamentavam, mas calavam — temiam também cair na redução.
Um mês depois soube: no meu cargo “eliminado” contrataram uma nova funcionária. Vinte e seis anos. O mesmo cargo, a mesma funcionalidade. Apenas nome diferente no quadro de pessoal.
Então fui ao tribunal trabalhista.
Entrei com ação por demissão ilegal. Anexei todas as gravações de conversas — suas declarações diretas de que sou “velha demais”, que “precisam de quadros jovens”, que “na minha idade é hora de aposentar”.
Apresentei provas de que o cargo não foi eliminado — simplesmente renomeado e dado a uma funcionária jovem.
O julgamento durou três meses. O chefe tentava se justificar: “Não quis dizer isso”, “Você entendeu errado”, “Foi uma reorganização”. Mas as gravações falavam por si.
O tribunal deu sentença: a demissão foi reconhecida como discriminação ilegal por idade. Fui ordenada a ser reintegrada ao trabalho com o mesmo cargo e salário. A empresa deveria me pagar compensação completa por todos os meses de afastamento forçado mais dano moral.
O chefe foi obrigado a fazer treinamento sobre direito trabalhista e normas antidiscriminação. A empresa recebeu multa considerável.
Voltei ao trabalho. Os colegas me receberam com aplausos — todos sabiam o que aconteceu. O chefe olhava para o chão.
Meio ano depois ele foi transferido para outro departamento. Longe de questões de pessoal.
Trabalhei até a aposentadoria tranquilamente. Mais um ano e meio. Sem uma única reclamação, sem uma única insinuação sobre idade.
Quando me aposentei, os colegas organizaram uma despedida. Deram flores, bolo, palavras calorosas. E uma funcionária jovem se aproximou e disse: “Obrigada por não ter medo de defender seus direitos. Agora ele pensará duas vezes antes de tratar assim as pessoas”.
Agora estou aposentada. Vivo tranquila. Mas às vezes penso: quantas pessoas simplesmente saíram em silêncio? Temiam processos, conflitos, não acreditavam que poderiam provar algo.
Mas bastava simplesmente gravar. Documentar. Coletar provas.
E a pergunta não me deixa em paz: fiz certo ao gravar conversas sem o conhecimento dele? Isso também não é muito ético. Ou quando te expulsam abertamente do trabalho antes da aposentadoria — todos os meios são válidos? E valeu a pena processar, se poderia simplesmente sair em silêncio e não estragar relações?




