Nós não convidamos meu irmão para o casamento — e, anos depois, ainda não consigo me perdoar por isso

Foi uma decisão tomada rapidamente. Sob pressão, às pressas, quando as emoções falavam mais alto do que a razão. Mas deixou uma marca com a qual convivo até hoje.
Eu e meu irmão éramos muito próximos na infância. Brincadeiras, segredos, idas ao mercado com uma nota amassada — ele sempre estava por perto. Quando eu tinha medo, ele segurava minha mão. Quando eu chorava — ele passava um bilhete com um rostinho sorridente desenhado. Crescemos juntos, mas amadurecemos — de maneiras muito diferentes.
Na adolescência, nossos caminhos começaram a se distanciar. Ele passou por anos difíceis. Fez escolhas erradas. Era temperamental. Brigava com nossos pais. Ficamos anos quase sem nos falar. Mas, ainda assim, eu sempre soube — ele era meu irmão. E, independentemente de tudo, ele era parte de mim.
Quando eu e o Tom começamos a planejar o casamento, eu hesitei. Meu irmão — era um tema complicado. Ele reclamava que eu quase não ligava. Eu, que ele não se interessava pela minha vida. Meus pais disseram: «Se você convidá-lo, isso pode estragar tudo». E eu só queria que o dia fosse tranquilo.
Não o convidamos.
Escrevi uma mensagem curta: «Sei que você vai ficar magoado. Mas ainda não estou pronta. Me perdoe». Ele não respondeu. E, no casamento, eu sorria, claro. A festa foi — calorosa, linda. Mas, toda vez que eu olhava ao redor do salão, procurava o olhar dele. Seus ombros. Seu sorriso torto e engraçado. Ele não estava lá.
Anos se passaram. Hoje tenho minha própria família. Novos ciclos de vida. Mas, sempre que falamos sobre parentes, algo dentro de mim aperta. Eu não sei se é possível consertar isso. Tentei escrever. Liguei algumas vezes. Ele não responde. Talvez, porque ele estivesse pronto para vir. E eu — não permiti.
Às vezes, a dor não está em não ter sido convidado. Mas em não terem acreditado que você seria capaz. Que você poderia ser diferente. Que merecia uma chance.
Eu não sei se um dia conseguirei me perdoar por essa decisão. Mas tenho certeza de que, se um dia ele me ligar — eu vou atender. Sem hesitar. Porque família — nem sempre significa perfeição. Mas sempre significa tentar recuperar aquilo que um dia foi perdido.