Minha amiga não apareceu no meu parto, embora tivesse prometido estar ao meu lado — quando descobri o motivo, não consegui perdoá-la por isso

Liz e eu éramos amigas desde a faculdade. Daquele tipo de amigas que se chamam de “família escolhida”. Nós nos mudamos juntas, buscamos emprego juntas, choramos pelos primeiros desamores e celebramos novos capítulos da vida. Quando fiquei grávida, ela foi a primeira a saber. Sua reação foi como se ambas estivéssemos esperando aquele bebê.
Sempre fantasiamos sobre como ela estaria comigo no parto. Foi ideia dela — várias vezes. Disse que não tinha medo, que queria me apoiar. E eu realmente sentia no fundo: seria mais fácil para mim se ela segurasse a minha mão quando a situação ficasse extremamente difícil.
Chegou o grande dia. Tudo começou de repente. Meu marido e eu fomos para o hospital imediatamente, e eu mandei uma mensagem para Liz. Ela não respondeu. Duas horas se passaram — silêncio total. Liguei. Nenhuma resposta. Liguei de novo. E outra vez. Enquanto a dor aumentava, meus olhos sempre procuravam a porta. Eu esperava a cada segundo que ela entrasse. Que tivesse apenas se atrasado. Que, em qualquer momento, ela apareceria.
Mas ela não veio.
Depois do parto, ela me escreveu. No dia seguinte. “Desculpa, eu não consegui.” Sem nenhuma explicação. Li a mensagem — e não respondi. Doía demais. Até meu marido, que normalmente não se metia, disse: “Eu não entendo. Ela tinha prometido.”
Uma semana depois nos encontramos. Eu queria ouvir. Esperava que o motivo fosse sério. Algo que justificasse a mágoa. Mas ela disse:
— Eu estava com o Tom. Ele me chamou naquela noite. Voltamos a ficar juntos. Não quis dizer a ele que tinha prometido estar com você. Ele disse — ou era ele, ou todo o resto.
Tom. O mesmo Tom de quem ela já havia se separado três vezes. Aquele que gritava, que a magoava, que desaparecia. Ela voltou para ele. Naquele exato momento em que eu precisava dela mais do que nunca.
Eu ouvia aquilo sem acreditar. Ela escolheu ele. Não apenas escolheu — ela o preferiu. Quebrou a promessa. E, como me parecia naquela hora, traiu a própria essência da nossa amizade.
Ela tentou explicar. Disse que ficou confusa. Que teve medo. Que foi uma escolha difícil. Mas, para mim, tudo já estava decidido. No momento em que eu estava deitada num leito de hospital à sua espera, enquanto ela — tomava a decisão por ele.
Meses se passaram. Ela escrevia, pedia para nos encontrarmos. Eu permanecia em silêncio. Depois, finalmente respondi, brevemente: “Eu preciso de tempo. Muito tempo.” Porque perdão não é só sobre desculpas formais. É sobre confiança, uma confiança que foi quebrada no momento em que eu estava mais vulnerável.
Não sei se conseguirei perdoá-la. Mas tenho certeza de uma coisa: às vezes, a dor é maior do que as memórias. Mesmo quando essas memórias são as mais calorosas.