Histórias

Meu sobrinho revelou um segredo que me fez enxergar minha irmã de um jeito totalmente diferente

Minha irmã tem 33 anos, é mãe solteira. Ela tem três filhos de diferentes pais. E eu cuido deles de graça 4 vezes por semana, enquanto ela está ocupada trabalhando. Recentemente, meu sobrinho, de 5 anos, veio até mim e, para meu choque, disse: “Tia… eu vi a mamãe escondendo seu…”

Estou procurando o colar da minha mãe há dois dias. Virei a casa de cabeça para baixo, revirei as gavetas, esvaziei bolsas, até olhei debaixo do sofá, embora soubesse que ele definitivamente não estaria lá. Esse colar era a única coisa que me restou da mamãe. Às vezes me pegava tocando o pingente, como se através dele eu pudesse ouvir a sua voz. E então ele desapareceu, simplesmente sumiu. Eu já estava começando a achar que estava ficando louca.

E então meu sobrinho de cinco anos me puxa pela manga e sussurra:

– Tia… eu vi a mamãe escondendo seu colar.

Eu nem entendi de imediato o que ele disse. Meu coração desceu até os pés. Eu cuido dos filhos dela de graça quatro vezes por semana, ajudo, faço tudo o que posso, e de repente isso. Eu não acreditei. Não quis acreditar. Mas perguntei:

– Onde ela colocou?

A criança apontou para o quarto da minha irmã. Entrei lá com as mãos trêmulas, sem saber do que tinha mais medo: de que ele tivesse dito a verdade, ou que encontraria um vazio. Abri a gaveta de cima do criado-mudo e congelei. Lá estava o pingente da mamãe. Molhado. Como se alguém o tivesse segurado nas mãos e chorado.

Minha irmã entrou no quarto exatamente naquele momento. Viu que eu segurava o colar e ficou pálida.

– Você… por que…? – as palavras ficaram presas na minha garganta. – É da mamãe. A única coisa que restou.

Ela se sentou à beira da cama e cobriu o rosto com as mãos.

– Eu não queria… eu só… – Ela demorou um pouco para conseguir falar. – Quando estou mal, pego o colar. Entende? Sinto que a mamãe está perto de mim. Que ela me segura. Eu não consigo falar sobre isso… tenho vergonha.

Eu fiquei lá, olhando para ela, e por dentro tudo virou do avesso. Pensei que ela tinha roubado. Que estava se aproveitando de mim. Que me machucava de propósito. Mas ali estava minha irmã mais nova, tão cansada, solitária, atormentada pela vida, que precisava esconder até sua própria fraqueza.

– Por que você não me contou? – perguntei baixinho.

Ela levantou os olhos.

– Porque você é forte. Você consegue tudo. Você é aquele exemplo correto para todos. E eu… eu estou sozinha com três crianças, e às vezes estou tão assustada que não vou aguentar. Eu pegava esse colar apenas quando não aguentava mais. Pensei que ninguém descobriria. Que isso seria… meu jeito de viver até o amanhã.

E de repente, em vez de raiva, senti uma pontada dolorida sob as costelas. Ambas perdemos a mãe, mas só eu tinha o direito de lamentar abertamente. Ela carregava tudo por dentro, em silêncio, para não parecer fraca.

Sentei ao lado dela e coloquei o colar na mão dela.

– Se isso te faz sentir melhor… pegue. Só não esconda de mim. Não me dói porque você pegou o colar. Dói que você achou que não poderia me contar a verdade.

Ela começou a chorar. Desamparada, desesperada, como se fosse a primeira vez que se permitia deixar escapar.

E eu fiquei ao lado dela pensando: como chegamos ao ponto de ter medo de mostrar fraqueza uma para a outra? Quando foi que duas irmãs passaram a viver como se cada dor precisasse ser escondida?

E aqui está a pergunta que não sai da minha cabeça:
você seria capaz de perdoar uma fraqueza secreta assim ou acharia que isso é uma traição?

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