Família

Meu pai tem 70 anos. Ele disse que ia viajar com um amigo. E então me enviou uma foto que me deixou sem fôlego…

Meu pai tem — 70 anos. Quando ele disse que estava indo «em uma pequena viagem com um amigo», eu nem dei muita importância. Pensei: bem, finalmente ele resolveu sair, se distrair um pouco. Mas à noite ele me enviou uma foto… e eu simplesmente congelei.

Na foto — está meu pai. Usando uma camisa clara, cuidadosamente penteado, com um sorriso — tão caloroso e sincero. E ao lado dele está uma mulher. Bonita, bem cuidada, com aquela expressão especial no rosto que mostra que ela está realmente bem ao lado dele. Eles estão sentados bem próximos, e eu percebi pelo olhar do meu pai — ele está feliz.

Eu não consegui me segurar e escrevi imediatamente:
— Pai, quem é essa?
A resposta chegou só algumas horas depois:
— Depois eu conto. Está tudo bem, não se preocupe.

Mas eu não conseguia parar de olhar para aquela foto. Quando foi a última vez que eu o vi tão cheio de vida?
Desde que minha mãe faleceu, já se passaram mais de dez anos. Ele parecia ter murchado. Trabalhava, depois se aposentou, passava o tempo todo no jardim, lia jornais, mas seu olhar era sempre um pouco cansado. Meu irmão e eu ligávamos frequentemente, íamos visitá-lo, mas eu sentia — ele estava solitário. Apenas nunca se queixou.

Uma semana depois, ele voltou da viagem — bronzeado, revigorado, como se tivesse rejuvenescido uns vinte anos.
— Então, me conta, — eu disse, tentando não parecer preocupada.
E ele apenas sorriu:
— O que tem para contar? Nos conhecemos em uma excursão. Ela mesma veio até mim e pediu para tirar uma foto dela perto do mar. Conversamos, depois passamos o dia inteiro juntos. Ela é viúva, mora em outra cidade. Simplesmente percebemos que é fácil estar junto. Sem esforço.

— E agora? — perguntei, tentando não deixar a voz tremer.
Ele olhou para algum ponto distante e respondeu baixinho:
— E agora… depois de muitos anos, eu sinto que estou vivendo. Não apenas existindo, não apenas contando os dias. Eu sou novamente um homem que quer esperar por alguém, com quem quer tomar café pela manhã.

Eu o ouvi e percebi — nós, filhos, muitas vezes não damos aos nossos pais o direito de serem felizes. Nos parece que, após certa idade, o amor já «não combina» com eles. Que o lugar deles é na cozinha, cuidando dos netos, organizando medicamentos. Mas eles também se sentem vazios. Eles também precisam de uma pessoa, um olhar, uma voz. Apenas alguém ao lado.

Duas semanas depois, meu pai ligou e disse:
— Eu vou para a casa dela. Não sei o que vai acontecer, mas quero tentar.

E pela primeira vez na vida, eu não fiquei com medo por ele. Pelo contrário — senti orgulho e alegria. Ele decidiu viver, e não apenas esperar pelo fim.

Agora, ele às vezes me envia fotos — de passeios, do parque, do café. Em cada uma — ele e ela. Sentados juntos, sorrindo. E em seu rosto não há mais cansaço. Tem — luz, paz e uma tranquilidade silenciosa.

Eu os olho e penso: talvez seja na velhice que o verdadeiro amor chega — quando você não procura mais por paixão, não corre atrás de ideais, mas é simplesmente grato por querer viver até o amanhã novamente.

E você acredita que o amor pode chegar até mesmo quando, aparentemente, já é tarde demais?

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