Meu marido me traiu por 10 anos, pensando que eu não sabia. Mas eu sabia. Só esperei o momento certo, e quando ele chegou, fiz algo que nem eu esperava…

Por dez anos eu sabia que meu marido me traía. Não suspeitava — sabia com certeza. Via as mensagens no telefone dele quando ele adormecia. Sentia perfumes estranhos em suas camisas. Notava transações estranhas no cartão — restaurantes, hotéis, presentes que eu nunca recebia.
Amigas me perguntavam por que eu permanecia em silêncio. Por que não fazia escândalos, não o expulsava, não me divorciava. Eu respondia que não tinha certeza se era tão ruim assim. Mentia. Para mim mesma e para elas.
Na verdade, eu estava me preparando.
Nosso apartamento estava registrado em meu nome. Meus pais o compraram para nós como presente de casamento, e colocaram no meu nome. Meu marido não se importou — disse que não fazia diferença, éramos uma família.
Após a morte dos meus pais, herdei o apartamento deles. Também registrei em meu nome. Meu marido sugeriu vender, investir o dinheiro no negócio. Eu recusei, disse que era uma lembrança deles.
Todo mês transferia dinheiro para uma conta separada. Quantias pequenas — trezentos, quatrocentos euros. Dizia ao meu marido que estava guardando para a aposentadoria. Ele apenas acenava com a cabeça, sem entrar em detalhes. Em dez anos, acumulei uma boa quantia.
As joias que meus pais e avó me deram, eu discretamente levei para fora de casa. Depositei em um cofre de banco. Álbum de fotos da família, documentos, objetos sentimentais — tudo transferido gradualmente para a casa de uma amiga para armazenamento seguro.
Meu marido não notava nada. Estava muito ocupado com o trabalho e suas amantes.
Temos dois filhos. Um filho e uma filha. Eu esperava que eles crescessem. Que entrassem na universidade, que começassem sua própria vida. Não queria traumatizá-los com um divórcio na adolescência.
No ano passado, minha filha foi estudar em outra cidade. Meu filho já mora sozinho há dois anos, dividindo apartamento com amigos. Ambos conseguiram trabalhos temporários, tornando-se independentes.
E eu percebi — o momento havia chegado.
Meu marido estava se preparando para uma viagem de negócios. Outra. Eu sabia que não havia viagem de negócios — ele estava indo encontrar sua amante regular em uma cidade vizinha. Eles estavam juntos há três anos. Seu relacionamento extraconjugal mais duradouro.
Ajudei-o a fazer as malas. Beijei-o de despedida. Desejei sorte.
Quando a porta se fechou, liguei para o corretor. Coloquei o apartamento à venda — urgente, um pouco abaixo do preço de mercado. Encontrou-se um comprador em três dias. Pagamento à vista, processo de documentação rápido.
O apartamento estava em meu nome. Eu não precisava do consentimento dele para vendê-lo.
Ao mesmo tempo, retirei todo o dinheiro das contas conjuntas. Pela lei, eu tinha direito a metade dos bens comuns. Mas como o apartamento era meu, e não havia outros grandes ativos, simplesmente peguei tudo o que estava nas contas.
Dei entrada no pedido de divórcio através de um advogado. Indiquei a causa — infidelidade conjugal. Anexei cópias impressas de conversas, fotos, recibos. Tinha provas suficientes.
Empacotei as coisas do meu marido e levei para um depósito temporário. Paguei um mês de aluguel. Enviei o endereço do depósito por e-mail para ele.
Eu fui para a Espanha. Aluguei um apartamento em uma cidadezinha na costa. Mar quente, sol, tranquilidade. Sem estresse, sem mentiras, sem traições.
Meu marido voltou da “viagem de negócios” uma semana depois. Ele foi para o endereço habitual da nossa casa. Subiu até o quarto andar, colocou a chave na fechadura.
A fechadura não abriu. Os novos proprietários trocaram as fechaduras no dia da assinatura do contrato.
Ele me ligou. Eu não atendi. Escreveu no messenger — o que estava acontecendo, onde eu estava, onde estavam suas coisas, o que aconteceu com o apartamento.
Respondi brevemente: o apartamento foi vendido, suas coisas estão no depósito, o endereço está no e-mail. Os documentos do divórcio serão recebidos através do advogado. Não escreva nem ligue mais.
Ele me ligou por dois dias seguidos. Mandou mensagens — ora com ameaças, ora com súplicas. Exigia explicações, acusava-me de crueldade, pedia para nos encontramos e conversar.
Bloqueei seu número.
Um mês depois, recebi uma notificação — ele entrou com uma reconvenção, exigindo metade da venda do apartamento. O advogado dele alegava que se tratava de um bem adquirido conjuntamente.
Meu advogado apresentou provas — o apartamento foi comprado antes do casamento pelos meus pais, registrado em meu nome, não estava sujeito à divisão. O tribunal ficou do meu lado.
Meu marido não ganhou nada. Apenas seus pertences pessoais do depósito e a notificação do divórcio.
Os filhos me ligaram, perguntaram o que aconteceu. Eu não entrei em detalhes. Disse apenas que eu e o pai deles nos divorciamos, que foi minha decisão, que fui começar uma nova vida.
Meu filho aceitou com calma — ele já mora sozinho, tem sua própria vida. Minha filha ficou chateada, mas aceitou. Eu não contei a eles sobre as traições do pai. Não quis destruir a relação deles com ele.
Seis meses se passaram. Vivo na Espanha, trabalho remotamente, corro pela manhã à beira-mar. Durmo em paz. Não verifico telefones alheios, não procuro provas de mentiras, não finjo que tudo está bem.
Meu marido contactou recentemente através de um amigo em comum. Pediu desculpas, disse que reconheceu o erro, que quer consertar tudo. Que está disposto a mudar.
Eu não respondi.
Por dez anos, suportei, fiquei em silêncio, ganhei forças. Planejei cada passo. Esperei o momento em que poderia partir, sem destruir a vida dos filhos, sem ficar sem meios para sobreviver.
E quando dei o golpe — ele nem entendeu o que aconteceu. Pensou que eu era cega, ingênua, que não iria a lugar algum. Que continuaria a suportar, como fiz antes.
Ele se enganou.
Seja sincero: eu fui cruel, desaparecendo sem explicações e levando tudo? Ou eu tinha direito a tal vingança após dez anos de engano?




