Histórias

Fui visitar meu filho para ver meu neto. No terceiro dia, meu filho me pediu para sentar na cozinha e disse: “Mãe, você come demais”. Meus olhos se encheram de lágrimas. Será que eu sou culpada porque a esposa dele…

Fui visitar meu filho por uma semana. Eles moram em outra cidade, e eu os vejo raramente — uma vez a cada três ou quatro meses. Meu neto tem quatro anos, e eu estava morrendo de saudades. Levei presentes, brinquedos e dinheiro para a criança.

O primeiro dia passou normalmente. Abraçamos, ficamos felizes ao nos reencontrar, e meu neto não se afastou de mim. Minha nora foi gentil e meu filho estava alegre. Eu pensei — que família boa, tudo parece estar indo bem para eles.

No segundo dia, comecei a notar coisas estranhas. Abri a geladeira de manhã — estava vazia. Tinha só uma embalagem de iogurte, alguns legumes e uma caixa de ovos. Pensei que talvez fossem às compras à noite.

No café da manhã, minha nora serviu mingau de aveia com água. Três tigelas pequenas — para ela, meu filho e meu neto. Para mim também. As porções eram minúsculas, três ou quatro colheradas de mingau. Meu neto comeu em um minuto e pediu mais. Minha nora recusou, disse que era prejudicial para o estômago.

Fiquei calada. Pensei — talvez eles tenham alguma dieta ou uma visão moderna sobre alimentação.

No almoço, ela fez uma sopa. Rala, translúcida, com algumas batatas na panela. Serviu meia tigela para cada um. Meu filho comeu sem dizer nada, como de costume. Meu neto pediu mais uma vez — novamente negado.

Olhei atentamente para a criança. Magro. Pálido. Com olheiras. Aos quatro anos, um menino deveria ser rechonchudo, com bochechas rosadas. E este parecia uma vareta.

À noite, quando minha nora foi tomar banho, perguntei ao meu filho como eles alimentavam o filho, se as porções eram sempre assim. Ele dispensou minha preocupação, dizendo que sua esposa cuidava da saúde da família, que comer em excesso era prejudicial.

Olhei para ele. Meu filho também havia emagrecido desde a última vez. As bochechas estavam fundas, e as maçãs do rosto proeminentes. Ele tem trinta e dois anos, mas parecia ter quarenta.

No terceiro dia, não aguentava mais. De manhã, enquanto minha nora estava no trabalho, fui ao mercado. Comprei alimentos para a semana — carne, frango, leite, frutas, legumes, pão, manteiga. Comida normal e decente.

Preparei o almoço como deve ser. Borscht com carne, purê de batatas, almôndegas, salada. Pus a mesa.

Meu filho chegou do trabalho, viu a mesa e parou. Então sentou-se e começou a comer. Silenciosamente, rapidamente, como uma pessoa faminta. Meu neto comia com as duas mãos, espalhando purê pelo rosto, ria. Pedia mais — e eu dava.

Eu me sentei e olhei para eles, e meu coração apertou. Meu filho e neto comiam como se não tivessem comido por uma semana.

À noite, minha nora chegou. Viu a geladeira cheia de comida e me olhou descontente. Não disse nada, mas o rosto era uma pedra.

À noite, ouvi a conversa deles do quarto. Minha nora estava aborrecida — dizendo que eu comprei meio supermercado, que agora eu iria devorar tudo e esvaziar seus estoques. Que ela não podia pagar tanto em comida.

Pela manhã, meu filho me pediu para ir à cozinha. Me fez sentar à mesa. Disse seriamente, com um ar de culpa, que eu precisava comer menos. Que sua esposa estava preocupada — eu comia demais, os alimentos eram caros, e eles tinham um orçamento limitado.

Eu estava sentada, sem acreditar nos meus ouvidos. Meus olhos se encheram de lágrimas.

Eu como demais? Eu, que comprei esses alimentos com o meu dinheiro? Eu, que vi que meu neto estava com fome, que meu filho estava magro?

Perguntei diretamente — por que não havia comida normal em casa. Por que a criança pedia para comer e não lhe davam.

Meu filho começou a se justificar. Disse que sua esposa estava economizando, guardando dinheiro para o futuro. Que era temporário, em breve tudo se acertaria.

Eu me levantei e fui até o quarto deles. Abri o armário da minha nora. Havia uns vinte vestidos pendurados. De grife, com etiquetas de marcas famosas. Na prateleira — cinco bolsas. Caras, de couro.

Voltei para a cozinha. Perguntei ao meu filho — é esse o futuro para o qual ela está guardando? Trapos de milhares de euros, enquanto seu filho come três colheres de mingau por dia?

Ele baixou os olhos. Ficou em silêncio.

Eu entendi tudo. Minha nora economiza na alimentação da família para comprar marcas para si mesma. Meu filho sabe, mas permanece calado. Tem medo de conflito, tem medo do descontentamento dela.

Fiz as malas no mesmo dia. Disse que estava indo embora antes do previsto. Deixei dinheiro na mesa — quinhentos euros. Disse ao meu filho que comprasse comida. Comida de verdade. Para o neto.

Minha nora nem saiu para se despedir.

Já em casa, uma semana depois, vi uma foto da minha nora nas redes sociais. Uma nova bolsa. Outro modelo de grife, por mil e quinhentos euros. A legenda: “Me mimei”.

Eu olhei para aquela foto e pensei no meu neto. Magro, pálido, que pedia mais mingau.

Liguei para meu filho. Perguntei se ele comprou comida com o dinheiro que deixei. Ele disse que sua esposa usou o dinheiro para pagar contas.

Que contas, se ela comprou uma bolsa de mil e quinhentos?

Ele não respondeu. Pediu que eu não interferisse nos assuntos familiares deles.

Agora não sei o que fazer. Ligo todos os dias, pergunto sobre o meu neto. Meu filho diz que está tudo bem. Mas eu me lembro do rosto dele na mesa, quando ele comia meu borscht. O rosto faminto e agradecido de um homem de trinta e dois anos.

Eu sou uma mãe. Não posso ver meu filho e meu neto passarem fome enquanto a esposa dele compra outro trapo de grife.

Mas meu filho não quer ajuda. Diz que esta é a família dele, a casa dele, as decisões dele.

Me digam honestamente: devo interferir e salvar meu neto dessa situação? Ou realmente não é da minha conta e preciso apenas dar um passo para trás?

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