Histórias

Fui trabalhar como faxineira por causa da pensão miserável… mas o primeiro salário me fez chorar…

Quando a pensão não cobria nem as necessidades mais básicas, eu me atormentava com um pensamento: será que na minha idade eu realmente precisava voltar a trabalhar? Mas a vida não deu escolha.
Eu precisava cuidar da minha mãe doente, comprar seus remédios, pagar as contas. O dinheiro era tão escasso que, às vezes, eu ficava sem jantar — o importante era que minha mãe estivesse alimentada. Então, fui procurar um bico e consegui trabalho como faxineira. Não por uma vida boa, mas porque simplesmente não havia escolha.

O trabalho era longe — quase uma hora de viagem para cada lado. Todas as manhãs, eu acordava antes do amanhecer, congelava nos pontos de parada e na plataforma, minhas pernas ficavam dormentes, mas você continua, porque se não trabalhar — não tem como sobreviver.

Eu limpava doze salas, longos corredores e banheiros em todos os andares. Minhas costas doíam, minhas mãos rachavam com os produtos de limpeza. Às vezes, voltava tão exausta que parava na escada, porque simplesmente não tinha forças para subir até o quarto andar. Mas o que assustava mesmo nem era isso — era o pensamento de que, provavelmente, teria que viver assim até o fim, pois não havia outra saída.

As coisas pioraram ainda mais quando a chefia mudou. Pararam de nos tratar como pessoas — éramos apenas números na planilha. Não pagavam mais férias, nem licença médica. Uma das colegas não aguentou e foi embora no mesmo dia. Ficamos em duas no lugar de três, mas o salário continuou o mesmo.

Eu suportava em silêncio. Suportava as reações alérgicas aos produtos agressivos — tosse, olhos inflamados, pele ardendo. Uma vez, no corredor, me encostei na parede porque simplesmente não conseguia respirar. E pensei: “Se continuar assim, como tudo isso vai terminar?”

Um dia, passando por uma farmácia, notei um pequeno anúncio: “Precisa-se de faxineira por perto”. No começo, não quis entrar — o medo era maior que a esperança. E se fosse a mesma coisa? E se fosse pior?

Mas acabei entrando.

Esse dia mudou tudo.

As condições eram melhores do que eu poderia sonhar: menos carga, horário regular, tratamento humano. Descobri que existem lugares onde consideram a faxineira uma pessoa, não um trapo.

Quando recebi o primeiro salário, fechei a porta da cozinha, sentei na cadeira e chorei. Mas pela primeira vez em muito tempo — não de desespero, mas de um alívio tão grande, como se um enorme peso tivesse sido retirado do peito.

O salário era duas vezes maior. O trabalho era menor — apenas oito salas pequenas em vez de doze grandes. Os novos colegas tratavam de forma humana: perguntavam como eu estava, às vezes ajudavam. E isso parecia um milagre.

Então percebi que suportei tudo isso todos esses anos só porque não acreditava que poderia ser melhor.

Mas, quantas pessoas vivem assim — em silêncio, rangendo os dentes, convencidas de que sua dor — é normal?

E você, conseguiria sair? Ou também suportaria anos, até que o corpo desse o sinal de que não aguentava mais?

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