Eu já suspeitava há algum tempo que meu marido era muito próximo de sua colega. Mas a verdade real foi pior do que eu imaginava…

Sou onze anos mais velha que meu marido. Vivíamos tranquilamente: trabalho, casa, conversas na cozinha. Um ano atrás, uma jovem entrou na equipe dele. Bonita, confiante. Eu via como ela o olhava. Meu marido brincava, dizendo que era apenas atenção e nada mais. Eu tentava não fazer cenas, não verificava o telefone, não fazia perguntas desnecessárias.
Um dia, alguém tocou o interfone do nosso apartamento. Na tela, estava ela, a tal garota. Eu abri. Ela entrou segurando um bebê nos braços, estava chorando. Sentou-se e disse: “Olhe para ele. Este é o filho do seu marido. Ele tem pena de você, por isso não vai embora. E nós já somos como uma família. Não o torture, deixe-o ir”. Eu ouvi e não sabia o que responder. Um nó se formou na minha garganta, mas eu não gritei. Lhe servi um copo d’água, ajeitei o cobertor do bebê. Peguei o telefone e liguei para meu marido: “Venha. Seus ‘novos familiares’ estão aqui”.
Ele chegou rapidamente. Parou na porta, ficou pálido. Ficou em silêncio. Eu perguntei: “É verdade?”. Ele abaixou o olhar. Isso foi o suficiente. Senti um vazio por dentro. Não era raiva, nem histeria. Apenas vazio, como se nós não existíssemos mais. Ela se levantou, apertou o bebê contra si e saiu. Ele ficou ao lado, sem dizer nada. Eu também não.
Quando a porta se fechou, sentei na cozinha e fiquei olhando para um ponto fixo. Depois levantei e comecei a juntar as coisas dele. Calmamente, uma a uma. Sem bilhetes, sem discussões. Fui colocando na mala e deixei na porta. Perguntei: “Você tem onde dormir?”. Ele assentiu. Acrescentei: “Amanhã você pega”. Ele tentou dizer algo, mas eu não ouvi. Eu estava mal, mas não tinha forças para conversar.
Naquela noite, quase não preguei o olho. As lágrimas vieram ao amanhecer. Eu me lembrava de como ríamos antes, de como ele me chamava de “meu porto seguro”. Doía muito. Não só por causa da outra mulher. Principalmente por causa da mentira. Eu sempre pedi que ele fosse honesto. É permitido partir, é permitido se apaixonar por outra pessoa. Acontece. Mas não se pode viver em duas casas e fingir que tudo está bem.
No dia seguinte, liguei para uma amiga. Disse que tudo tinha acabado para mim. Ela veio, bebemos chá. Eu fiquei um pouco mais calma. Meu marido levou suas coisas. Eu não o impedi. Apenas perguntei sobre o bebê. Ele confirmou. Disse “desculpe”. Eu respondi: “Tarde demais”.
Agora eu não me sinto melhor, mas tenho uma ideia mais clara do que fazer a seguir. Vou viver sozinha. Vou trabalhar, encontrar amigos, arrumar a casa. Não sou perfeita, também cometi erros. Mas eu sei o que quero: que ao meu lado esteja alguém que me escolha sem “pena” e “depois”. Todos os dias.
Não sei se conseguiria perdoar. Talvez alguém conseguisse. Eu — não. Posso aceitar que o amor acabou. Mas aceitar a mentira — não posso. Esse é meu limite. E isso me machuca, mas ao mesmo tempo me traz paz. Porque agora tudo é honesto.
E você, conseguiria perdoar se a verdade entrasse na sua casa assim — com uma criança nos braços de outro?




