Histórias

Eu entrei abruptamente no quarto do meu filho pensando que o pegaria com a namorada em algo inapropriado. O que eu vi me fez sentir como uma completa idiota

Meu filho tem dezesseis anos. Ele tem uma namorada, ela também tem dezesseis — uma menina educada, tranquila e com bons modos. Sempre polida, ajuda, nunca é rude. Bastante decente, para ser honesta.

Todos os domingos, ela vem à nossa casa por volta das 12 horas. Eles vão para o quarto do meu filho e ficam lá quase o dia todo. Só saem para comer ou beber água. Eu procuro não me meter — adolescentes valorizam seu espaço pessoal, todos esses psicólogos dizem que precisamos dar-lhes liberdade, confiar. Então, eu dava.

Mas no último domingo, quando eles mais uma vez se trancaram no quarto, fui tomada por pânico. Simplesmente, de repente, do nada. Eu estava sentada na cozinha, tomando café, e a ideia veio à mente: e se eles estiverem fazendo algo impróprio? E se agora mesmo, enquanto estou aqui no celular, meu filho de dezesseis anos…

Quanto mais eu pensava nisso, mais eu entrava em pânico. Eles são adolescentes, com hormônios à flor da pele. O dia todo sozinhos no quarto, a porta fechada. O que eles estão fazendo lá? Sobre o que conversam? E se nem conversam?

Lembrei de todas aquelas histórias sobre gravidez na adolescência, como os pais ficam desesperados depois, lamentando não terem prestado atenção. E me arrepiei. Não, eu não sou dessas mães que depois ficam lamentando. Eu precisava saber o que estava acontecendo.

Levantei da mesa e fui para o quarto dele. Meu coração batia descontrolado. Cheguei à porta, escutei — silêncio. Total silêncio, nem música. Isso me deixou ainda mais alerta. Por que tão quieto? O que eles estão fazendo em completo silêncio?

Chega, decidi. Basta. Vou entrar e ver. Tenho o direito, esta é minha casa, meu filho.

Abri a porta de uma vez, sem nem bater. Estava preparada para ver qualquer coisa. Preparada para gritar, brigar, expulsar a menina.

E congelei no batente.

Meu filho e sua namorada estavam sentados no chão. Entre eles, havia um enorme quebra-cabeça — mil e quinhentas peças, no mínimo. Uma lâmpada de mesa iluminava diretamente o quebra-cabeça, então o quarto estava com uma luz suave. Na mesa, tinha um prato de biscoitos. Ao redor deles, montinhos organizados de peças do quebra-cabeça — por cores, por tonalidades.

Eles nem perceberam imediatamente que eu havia entrado. A menina segurava uma peça azul e a encaixava na borda do céu. Meu filho estudava atentamente um fragmento com nuvens.

Então ele ergueu a cabeça e me olhou como se eu fosse louca.

Mãe, o que houve?

Eu estava lá, na porta, tentando retomar o fôlego, me sentindo a maior idiota. A menina sorriu timidamente e apontou para o quebra-cabeça.

Já montamos metade do céu, quer ver?

Aproximei-me. Realmente, eles já haviam montado mais da metade — uma paisagem com montanhas, um lago e um céu ao pôr do sol. Muito bonito e muito complicado. Peças pequenas, tons semelhantes.

Meu filho suspirou e explicou que eles montam quebra-cabeças difíceis todos os domingos. É o hobby deles. Depois ele cola com uma cola especial e pendura na parede. Ele me mostrou três já prontos — claro, eu já tinha visto antes, mas achava que ele tinha apenas comprado pôsteres.

Acontece que eles passam meses montando. Escolhem os mais difíceis, com milhares de peças. A menina disse que isso os ajuda a relaxar, distrair-se da escola, dos celulares, de tudo. Colocam um cronômetro de uma hora, montam o quebra-cabeça, depois tomam chá, conversam, e voltam a montar.

Eu estava lá e não sabia onde me esconder de tanta vergonha. Pedi desculpas, disse que só queria saber se precisavam de alguma coisa. Eles trocaram olhares, mas não disseram nada.

Sai, fechei a porta e me encostei na parede do corredor. Minhas mãos tremiam. Eu tinha acabado de entrar abruptamente no quarto do meu filho, como uma mãe paranóica de um filme ruim. Pronta para acusá-lo de todos os pecados. E ele estava apenas montando um quebra-cabeça, com uma garota. Engajado em um hobby tranquilo e criativo.

E o pior — eu nem sabia desse hobby. Não perguntei o que eles faziam todos os domingos. Apenas tirei conclusões. As piores conclusões.

A noite, quando a menina foi embora, meu filho veio até mim na cozinha. Sentou-se à frente e disse que entendia porque eu reagi assim. Que era normal — preocupar-se. Mas pediu que, da próxima vez, eu apenas perguntasse, em vez de entrar daquele jeito, como se tivesse o pego cometendo um crime.

Ele estava certo. Absolutamente certo.

Percebi que em algum momento entre os quatorze e os dezesseis anos dele, eu parei de conversar com ele. Parei de me interessar de verdade. Apenas fingia que confiava, mas na verdade tinha medo de ouvir a verdade. Tinha medo de que ele estivesse crescendo, que tivesse sua própria vida e interesses que eu não controlasse.

Mas ele estava apenas montando quebra-cabeças. Passando tempo com uma garota em uma atividade tranquila e pacífica. E eu quase arruinei isso com meu pânico e desconfiança.

Agora, todos os domingos, quando ela vem, eu preparo chá para eles e coloco biscoitos na bandeja. Às vezes, pergunto qual quebra-cabeça estão montando agora. Bato na porta antes de entrar. E escuto quando meu filho tem algo a dizer.

Mas uma pergunta não me deixa em paz: agi corretamente ao entrar sem aviso naquela vez? Ou os pais têm o direito de verificar o que seus filhos adolescentes fazem a portas fechadas?

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