Histórias

Dei um presente de coração aberto… e, na manhã seguinte, vi algo que apertou meu coração…

Eu estava dando um grande urso de pelúcia. Novo, com etiqueta, do tipo que geralmente é dado em comemorações. Ele estava na minha casa há alguns meses — um presente que acabou não sendo útil. Dava pena vê-lo juntando poeira num canto. Pensei: que ele faça alguém feliz.

Anunciei nas redes sociais: «Dou de presente um grande urso de pelúcia. Novo». Parecia uma coisa simples — apenas um brinquedo de pelúcia. Mas logo surgiram os comentários: «Qual é o tamanho?», «Pode enviar uma foto com uma fita métrica?», «Você está realmente dando de graça?». As pessoas discutiam sobre quem tinha escrito primeiro, quem estava «na fila». Fiquei cansada de responder e decidi: darei ao primeiro que vier agora mesmo.

Dez minutos depois, uma mulher escreveu. Pelo perfil, parecia ser uma mãe. Mora perto de casa. «Posso buscar agora? Minha filha sonha com um desses». Claro, pode. Meia hora depois, ela já estava na porta do prédio, sorrindo, agradecendo. O urso mal coube no porta-malas. Senti até uma alegria — como se tivesse feito algo bom.

Na manhã seguinte, saí no quintal… e lá estava ele.
Aquele mesmo urso.

Estava encostado na lixeira. Limpo, inteiro, até com a etiqueta ainda.
Eu o reconheci na hora — aquele pelo bege claro, aquele laço um pouco torto. O meu.

No início, apenas congelei. Depois, me aproximei — pensei que poderia ser uma coincidência, que alguém simplesmente o havia deixado ali por um instante. Mas havia uma sacola ao lado, com o endereço daquela mesma rua onde a mulher morava. Não havia erro.

Eu não sei por que aquilo me atingiu tanto. Afinal, era apenas um brinquedo. Mas algo dentro de mim se quebrou. Talvez porque eu o havia entregado com carinho, com bondade, não por dinheiro, não por curtidas. E recebi isso — como um tapa na cara.

Fiquei lá olhando para aquele urso, com um nó na garganta. As pessoas passavam, algumas até riam: «Olha, jogaram fora a alegria de uma criança». E eu, de repente, me senti como aquele brinquedo. Querida, desnecessária, abandonada, porque não serviu para alguém em termos de tamanho, humor, planos.

Poderia ter simplesmente levado ele de volta. Mas não consegui. Não de vergonha — de dor. Porque, parece, não é o urso que dói, mas a ideia de que a bondade ainda é necessária para alguém. Que alguém sabe valorizar, mesmo que a coisa seja gratuita. Mesmo que a pessoa não exija nada em troca.

À noite, visitei a página daquela mulher. E havia novos posts, sorrisos, café, manicure. Nenhuma palavra sobre o urso. Nenhum vestígio de gratidão. E eu continuava pensando: por que ela o pegou? Por que disse que a filha sonhava? Só por emoção? Por uma foto? Para que não fosse para outra pessoa?

Sentei na cozinha e de repente comecei a chorar. Silenciosamente, como uma criança que aprendeu que contos de fadas não existem. Que bondade nem sempre volta. Que às vezes as pessoas pegam não porque precisam, mas porque podem.

Desde então, não dou mais coisas pela internet. Se vejo que alguém precisa — eu mesma levo, olho nos olhos, sinto que a pessoa realmente fica feliz.
Mas ainda assim, às vezes, passando pela lixeira, involuntariamente procuro aquele urso com o olhar.

Provavelmente não porque espero vê-lo. Mas porque ainda não consigo soltar a questão:
por que é tão fácil para as pessoas descartarem o que alguém entregou de coração aberto?

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