Histórias

Cuidei do pai do meu marido por 10 anos, e no funeral a irmã dele declarou: “A metade do apartamento é minha!” Mas aí ela ainda não sabia que eu me preparava para isso há uma década…

Aqueles que cuidam de pais idosos por anos — sejam eles seus ou do cônjuge — entenderão o que estou dizendo sem precisar de muitas palavras.

Nosso sogro esteve doente por quase dez anos. Um homem bom e digno, mas a doença não poupa ninguém. Para mim e meu marido, isso se tornou um segundo trabalho: sem finais de semana ou feriados. Consultas médicas, exames, remédios caros, alimentação especial, corrimãos e reformas no pequeno apartamento, para que ele pudesse se locomover com segurança. Eu sabia todos os remédios e horários de cor. Meu marido, depois do trabalho, não ia para casa — ia primeiro ao pai. Nós não reclamávamos, ele era nosso ente querido.

A irmã do meu marido morava perto e estava sempre “muito ocupada”. Em dez anos, apenas três visitas breves: nos aniversários, com uma caixa de chocolates, suspiros sobre como “ele está mal”, e sumia de novo. Aos pedidos para ao menos ajudar com medicamentos, respondia: “Estou sem dinheiro agora” — embora duas vezes ao ano eles fossem encontrados para viajar.

No ano passado, nosso sogro faleceu. O funeral, velório — um peso tão grande que fica até difícil respirar. Eu e meu marido estávamos exaustos, emocionalmente e fisicamente. Então, à mesa, após o funeral, a irmã do meu marido coloca o garfo de lado e diz secamente:
— Já que todos estão aqui, temos que resolver a questão do apartamento. Por lei, tenho direito a metade. Vendemos e dividimos.

A sala ficou em silêncio. Meu marido ficou pálido:
— Não é hora para isso…
— E quando será? — ela interrompeu. — Sei como essas coisas funcionam: vão fazer tudo sem mim. Eu conheço meus direitos.

Eu percebi que meu marido estava prestes a ficar calado para manter a paz. Mas eu não fiquei. Porque todos esses anos, eu não só cuidei — eu mantive os registros.

Sou meticulosa por natureza. Guardei tudo: recibos de medicamentos, contas de serviços, contratos e faturas por cada reparo, táxis para o hospital, exames particulares. Tudo — em uma pasta grossa com a inscrição “Pai”.

Uma semana depois, fomos ao cartório. A irmã do meu marido — confiante, com advogado; meu marido — cansado e resignado. O notário começou a falar e eu disse:
— Um momento. Tenho documentos.

Coloquei a pasta sobre a mesa — de uma maneira pesada e clara.
— Por lei, você tem direito a metade, — dirigi-me a ela. — Mas existe um detalhe importante.

Abri a pasta:
— Aqui estão as despesas com medicamentos durante dez anos. Aqui estão as contas de serviços. Aqui estão todos os trabalhos que pagamos para que papai estivesse seguro e confortável.

A soma quase equivalia à metade do valor de mercado do apartamento.

— Existem duas opções, — continuei calmamente. — Primeira: descontamos da sua parte metade dessas despesas — e você fica com… quase nada. Segunda: vamos ao tribunal. Tenho documentos, os vizinhos confirmarão quem realmente cuidou. Escolha.

O silêncio caiu. O advogado olhou para mim com respeito. A irmã do meu marido encarou os recibos — a confiança desapareceu. Desde então ela não fala mais com a gente.

E nós, eu e meu marido, vivemos no apartamento do meu sogro — na casa em que investimos dedicação, tempo e amor. E finalmente estamos tranquilos.

Sinceramente: eu destruí a “família” — ou apenas defendi a justiça?

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