Histórias

Casei-me com um viúvo rico por dinheiro. Mas sua confissão na nossa primeira noite de casamento destruiu tudo o que eu pensava sobre ele…

Sempre imaginei meu casamento de um jeito diferente. Achei que caminharia até o altar mal conseguindo segurar o sorriso, não as lágrimas. Que olharia nos olhos da pessoa que amo, não nos olhos de alguém que mal conheço. Mas naquele dia, eu caminhava pelo corredor me sentindo não como uma noiva, mas como alguém sendo levada a um negócio.

Nossa família estava passando por dificuldades há muito tempo, mas em certo momento tudo desmoronou de vez. Dívidas, ligações do banco, conversas dos pais em sussurros na cozinha. Meu pai emagreceu, minha mãe parou de dormir bem, os mais novos traziam pequenas quantias para casa, ganhas com trabalhos temporários.

E então ele apareceu. Quase duas vezes mais velho que eu, reservado, tranquilo, com um rosto que era difícil de decifrar. Ele veio até meu pai e foi direto ao ponto:

– Posso quitar suas dívidas. Mas há uma condição.

Naquele momento, eu já imaginava qual era.

– Ela precisa se casar comigo.

Todos olharam silenciosamente para mim. Naqueles olhares havia de tudo: medo, desespero, esperança. Eu percebi que, se dissesse “não”, nossa família iria desmoronar. Casa, negócio, o que restava de dignidade – tudo iria embora. E eu concordei. Pedi apenas uma coisa: que ele não me tocasse se eu não quisesse, e que entre nós houvesse respeito e honestidade.

No casamento, os convidados murmuravam, alguns olhavam com pena, outros com julgamento. Eu caminhava no vestido branco sentindo como se estivesse assinando a sentença da minha juventude.

Quando a cerimônia terminou, nos levaram para o quarto do hotel. Eu estava na janela, olhando para a cidade e tentando entender o que eu havia acabado de fazer com minha vida.

Ele notou meu estado.
– Não tenha medo, – disse calmamente. – Não pretendo forçar você a nada. Faremos apenas aquilo para o que você estiver pronta.

Após essas palavras, ele foi ao banheiro, e eu fiquei sozinha com meus pensamentos e o silêncio pesado. Parecia que o ar do quarto havia se tornado espesso como xarope e era impossível respirar.

Quando ouvi a porta do banheiro se abrir, meu interior se contraiu. Eu me virei.

Ele saiu – em roupas normais de casa, sem paletó, sem gravata. Mas não era nisso que estava o problema. Havia algo diferente nele. Aquele homem, por quem tive que renunciar à esperança de uma vida normal, de repente estava diante de mim sem sua habitual confiança. Ele parecia estar se segurando com as últimas forças. Seus olhos estavam vermelhos, como os de alguém que havia segurado as lágrimas por muito tempo e finalmente se desabou.

Eu não sabia o que dizer. Apenas recuei um passo automaticamente, como se precisasse de mais ar.

– Sente-se, por favor, – pediu ele em voz baixa.

Sentei-me na beira da cama, sem conseguir controlar as mãos trêmulas. Ele se sentou à minha frente, mas não olhou para mim.

– Preciso te contar a verdade, – ele disse de maneira rouca. – Porque você tem o direito de saber por que tudo isso aconteceu.

Minha garganta estava seca.

– Se você pensa que quero de você aquilo que você teme… – ele parou e balançou a cabeça. – Não. De jeito nenhum. Eu… não me casei por isso.

Eu não entendi. Por um segundo, uma esperança fraca e impotente surgiu dentro de mim, mas ela era tão frágil que parecia que, se eu a tocasse com um pensamento, ela se desintegraria.

– Então por quê? – escapou de mim.

Ele olhou-me nos olhos pela primeira vez.

– Estou morrendo, – ele disse.

Eu parei de respirar. Meu corpo parecia congelado. As palavras soaram calmas, quase estáveis, mas havia tal peso nelas que eu senti que estava caindo para dentro de mim mesma.

– Me resta um ano… talvez menos, – ele continuou. – E eu não tenho ninguém. Sem filhos, sem irmãos, sem irmãs. Passei a vida toda pensando apenas nos negócios, no dinheiro. E quando tudo isso já não importava mais… percebi que estava sozinho.

Ele engoliu em seco.

– Eu queria partir sabendo que fiz algo bom. Salvar sua família foi a única coisa que ainda pude fazer.

Eu senti as lágrimas escorrendo pelo meu rosto, embora não me lembrasse de quando começaram. Meu rosto queimava, tudo dentro de mim estava se apertando.

– Por que… por que se casar? – sussurrei através das lágrimas.

– Porque de outro modo o banco não daria prorrogação, – ele desviou o olhar. – E… porque eu mesmo… queria que houvesse alguém ao meu lado que pelo menos não me odiasse. Nem que fosse formalmente. Nem que fosse por acordo. Eu não pedi amor. Não pedi proximidade. Eu pedi apenas… presença.

Cobri o rosto com as mãos. Tudo o que percebia como um negócio frio de repente se mostrou algo terrivelmente solitário.

– Se você soubesse de tudo isso antes, – ele disse com um sorriso triste, – você teria recusado. E eu… eu queria dar a vocês uma chance. E a mim também. Pelo menos por um curto tempo.

Ficamos sentados por muito tempo. O silêncio era quebrado apenas pelo meu soluçar e pela respiração pesada dele. Em certo momento, ele colocou a mão suavemente no meu ombro. E eu não me afastei. Pela primeira vez, senti pena dele como uma pessoa. Tanto que apertou meu peito de dor.

– Vamos fazer assim, – ele disse em voz baixa. – Vamos viver esse tempo da forma que for mais fácil para você. Não vou exigir nada. Apenas peço… não fique perto de mim por pena. Apenas seja honesta. Isso já basta.

Levantei os olhos para ele. Diante de mim não estava um monstro ou um velho “comprando uma esposa jovem”. Diante de mim estava uma pessoa quebrada, que gastava suas últimas forças não em si mesmo, mas naqueles que ele poderia ajudar dessa forma.

Tudo se inverteu dentro de mim.

Achei que tinha sido comprada. Mas resultou que me pediram a coisa mais simples do mundo.

A presença.

Naquela noite, ele deitou na borda da cama, deixando quase um metro de vazio entre nós, e ficou quieto, sem se mover, como se tivesse medo de me tocar acidentalmente. E eu olhei para o teto sem saber o que sentia: dor, compaixão, gratidão ou tudo de uma vez.

Eu não sei o que acontecerá a seguir. Não sei se conseguirei passar este ano ao lado de alguém que está partindo. Não sei se terei forças para não me tornar amarga, não me quebrar, não fugir.

Mas agora estou certa de uma coisa: esse homem não merecia o desprezo com que olharam para ele em nosso casamento. E talvez ele realmente mereça ao menos um pequeno pedaço de calor humano.

Mas eu continuo pensando em uma coisa: será que você, no meu lugar, conseguiria abrir seu coração para alguém sabendo que muito em breve ele não estará mais ao seu lado?

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