Assim que meu filho começou a ir para o jardim de infância, eu imediatamente me inscrevi em uma academia. E após a quarta aula, gentilmente me pediram para sair…

Fiquei tão feliz quando finalmente me inscrevi no clube de fitness. Quatro anos se passaram desde o nascimento do meu filho, ganhei peso, e parei de me reconhecer no espelho. Quando meu filho começou a ir para a creche, tive tempo de cuidar de mim mesma.
Comecei a frequentar treinos em grupo três vezes por semana. Me esforçava ao máximo, queria voltar à forma. E decidi acompanhar o progresso — fazia selfies no vestiário após cada sessão. Tirava fotos no espelho com meu traje esportivo, para ver como meu corpo mudava. Publicava nas redes sociais com hashtags sobre fitness, motivação, sobre a vida de uma mãe que encontra tempo para si mesma.
Para mim parecia normal. Muitas pessoas fazem isso — documentam seu caminho, compartilham sucessos, motivam outros. Recebia curtidas, comentários de apoio. Isso me inspirava a continuar.
Depois do quarto treino, fui chamada para a sala da administradora. Ela estava séria, colocou algumas páginas impressas na minha frente. Reclamações de outras clientes. Eu não entendia do que se tratava.
Descobri que o problema eram minhas fotos. No fundo das minhas selfies apareciam outras mulheres do vestiário. Algumas estavam trocando de roupa, outras de roupa íntima, outras sem blusa após o banho. Eu estava apenas fotografando a mim mesma, sem prestar atenção ao que acontecia ao redor.
Uma mulher encontrou minha página nas redes sociais por acaso — alguém de nossos conhecidos em comum compartilhou meu post. Ela se viu no fundo — meio vestida, com expressão cansada, em um ângulo desfavorável, no momento em que estava colocando uma camiseta pela cabeça.
Ela ficou chocada. Mostrou a foto para outras mulheres que também podiam ser vistas ao fundo das minhas selfies. Começou uma onda de indignação. Três mulheres fizeram reclamações oficiais à administração do clube. Disseram que eu estava infringindo sua privacidade, fotografando sem permissão em um lugar onde as pessoas se despem e se sentem seguras.
Uma delas até ameaçou me processar por publicar sua imagem sem consentimento. Disse que isso era uma violação de dados pessoais e privacidade, que ela tinha o direito de exigir compensação.
A administradora me explicou com calma, mas de forma firme: o vestiário — é um espaço privado. Fotografar lá é estritamente proibido. Mesmo a si mesma. Mesmo que pareça que ninguém está visível. Isso está estipulado nas regras do clube, que assinei ao me inscrever, mas, para ser honesta, não li.
Ela me pediu para sair do clube. Disse que três mulheres já cancelaram seus abonos por minha causa, exigindo reembolso. O clube não pode se dar ao luxo de perder clientes, e o conflito está se intensificando.
Fiquei sentada sem poder acreditar. Estava envergonhada até às lágrimas. Realmente não pensei que poderiam haver pessoas ao fundo. Eu estava fotografando a mim mesma, olhando só para mim na foto. Mas, claro, num vestiário coletivo é impossível tirar fotos sem pegar alguém no fundo.
Voltei para casa, apaguei todas as fotos do vestiário, escrevi desculpas para as mulheres cujos contatos consegui encontrar. Mas já era tarde. A reputação estava manchada, a assinatura cancelada, o dinheiro não foi devolvido — violação de regras.
Fiquei magoada. Não queria ofender ninguém, não pensei em nada negativo. Só queria documentar meu progresso, compartilhar meu caminho. Mas eu ultrapassei os limites de outras pessoas, sem perceber.
Agora, quando vejo selfies de outras pessoas em academias nas redes sociais, sempre olho o fundo. E frequentemente vejo outras pessoas — desfocadas, mas reconhecíveis. Me pergunto se elas sabem que apareceram em alguma postagem? Se concordam com isso?
Vivemos em uma era em que todos fotografam tudo e postam na internet. Mas esquecemos que outras pessoas têm direito à privacidade. Que nem todos querem aparecer no feed de outra pessoa, especialmente em um momento vulnerável — despidas, cansadas, sem maquiagem.
Aprendi a lição. Não tiro mais fotos em vestiários públicos. Faço fotos do meu progresso em casa, onde ninguém vai aparecer por acaso.
Você presta atenção em quem pode aparecer no fundo de suas fotos? Ou também só pensa em si mesmo na foto?




