Antes do meu aniversário, encontrei um recibo no bolso do meu marido para um anel caro que ele nunca me deu. E no meu aniversário, ele me deu uma frigideira…

Estamos casados há doze anos. Dois filhos, uma hipoteca, uma vida comum. O romance já se foi há muito tempo — trabalho, filhos, rotina. Mas achava que éramos felizes. Apenas cansados.
Uma semana antes do meu aniversário, estava lavando o casaco dele. Verifiquei os bolsos — hábito, ele sempre esquece coisas lá. Encontrei o recibo. Abri mecanicamente.
Joalheria. Anel de ouro com diamante. Caro. Muito caro. Data da compra — três dias atrás.
Fiquei parada com o recibo nas mãos. O coração batendo forte. Ele comprou um anel para mim. Pela primeira vez em anos — algo real, caro, bonito. Não algo prático, não “para a casa”, mas simplesmente bonito.
Estava tão feliz. Coloquei o recibo de volta no bolso como se não o tivesse visto. Não queria estragar a surpresa.
Fiquei a semana toda na expectativa. Imaginando como ele tiraria a caixinha, como eu a abriria, como diria: “Meu Deus, é maravilhoso!” Talvez nos lembremos de que nos amamos novamente. Talvez seja o começo de algo novo.
Aniversário. Os pais vieram, os pais dele, amigos. As crianças corriam, bolo, champanhe. Uma festa comum.
Chegou a hora dos presentes. Os pais deram dinheiro, a amiga — perfume. O marido se levantou e tirou um pacote.
“Para você, querida”, — disse ele com um sorriso.
Abri. Uma frigideira. Com revestimento antiaderente. Boa, cara. Para panquecas.
Eu olhava para a frigideira e não entendia. Os convidados riram: “Presente prático!” A sogra disse: “Bom, filho, sempre tem que dar algo para casa à esposa”.
Eu sorria. Agradecia. Mas por dentro tudo estava desmoronando.
À noite, quando os convidados já tinham ido, perguntei: “É isso? Apenas a frigideira?”
Ele ficou surpreso: “O que há de errado? Você disse que a velha estava arranhada. Eu me lembrei, comprei uma boa. Cara”.
Eu fiquei em silêncio. Não sabia o que dizer.
Nos dias seguintes, tentei encontrar uma explicação. Talvez o anel — seja uma surpresa para o aniversário de casamento? Talvez ele tenha escondido, vai dar depois?
Mas o aniversário de casamento era dali a seis meses. E o recibo — três dias antes do meu aniversário.
Comecei a observar. Atrasos no trabalho tornaram-se mais frequentes. Ele carregava o telefone até mesmo para o banho. Sorria olhando para a tela. Quando eu perguntava “quem está escrevendo?”, ele respondia “um colega” ou “um amigo”.
Um mês após o meu aniversário, estávamos no shopping. Eu a vi. Jovem, uns vinte e sete anos, bonita. Ela vinha na nossa direção. Na mão — o anel. O mesmo. Eu o reconheci pela foto na internet — eu o procurei depois de encontrar o recibo.
Ela cumprimentou meu marido. Muito calorosamente. Ele a apresentou: “Esta é uma colega”. Para mim: “Esta é minha esposa”.
Ela sorriu. Olhou para mim de maneira avaliativa. Eu olhei para o anel. Ela percebeu o olhar e instintivamente cobriu a mão.
Nós nos afastamos. Meu marido estava tenso durante o caminho para casa.
À noite, perguntei diretamente: “O anel com o diamante. Você o comprou três dias antes do meu aniversário. Onde está?”
Ele ficou pálido.
“Que anel?”
“Não minta. Eu vi o recibo. E o vi na mão da sua ‘colega'”.
Silêncio. Longo, pesado silêncio.
“Não é o que você pensa”, — a frase padrão de um traidor.
“Então, o que é?”
Ele ficou calado. Depois suspirou: “Estamos apenas… próximos. Ela me entende. Com você, tudo é só sobre as crianças e rotina. Mas com ela…”
“Você deu a ela o anel que deveria ser meu”.
“Eu queria dar para você! Mas depois pensei — por quê? Você não iria valorizar de qualquer forma. Diria que com esse dinheiro é melhor comprar algo útil”.
Eu ri. Histericamente.
“Você está certo. Eu diria para comprar algo útil. Porque vivi doze anos pelas suas regras. ‘Não gaste com bobagem’. ‘Seja prática’. ‘Pense na família’. E você deu o anel para a amante e a frigideira para mim”.
Ele tentou se justificar. Disse que isso não significava nada, que amava a família, que era apenas uma distração.
Pedi para ele ir embora. De casa. Da minha vida.
Ele foi para ela. Mudou-se uma semana depois.
O divórcio durou seis meses. As crianças sofreram. Eu também. Mas o pior não foi a traição. O pior foi entender: eu fui a “esposa prática” por doze anos. Conveniente. Para quem se pode dar uma frigideira. E os anéis — são para as outras. Para quem querem surpreender.
Agora passou um ano. Estou sozinha. Trabalho, crio os filhos. Aquela frigideira ainda está na cozinha. Às vezes olho para ela e penso: quando é que eu parei de ser a mulher a quem dão anéis? Quando me tornei a mulher para quem dão frigideiras?
Ele se casou com aquela garota. Vi fotos nas redes sociais — ela de vestido branco, com o mesmo anel na mão. Meu anel.
Às vezes penso: talvez eu seja a culpada? Talvez eu realmente tenha me tornado muito prática, presa na rotina, deixei de cuidar de mim mesma? Ou será que ele apenas procurou uma desculpa para a traição?
Aí vem a pergunta que não me deixa em paz: será que a esposa, que se tornou “prática” pela família, é culpada pelo fato de o marido dar anéis para outras? Ou será que o homem que escolhe diamantes para a amante e uma frigideira para a esposa simplesmente não ama e nunca amou? E será que é possível voltar a ser aquela que recebe anéis, não utensílios de cozinha?




