Histórias

A sogra pediu para eu levar os netos para passar o fim de semana com ela. Eu concordei. Mas quando cheguei no domingo para buscar as crianças, quem abriu a porta foi um homem desconhecido. E a sogra estava atrás dele e disse algo que fez o chão sumir debaixo dos meus pés…

A sogra ligou na quinta-feira e pediu para levar os netos para passar o final de semana. A voz estava estranha, agitada. Ela raramente pedia ajuda; geralmente, nós é que nos oferecíamos. Eu concordei sem hesitar — as crianças têm cinco e sete anos e adoram a avó.

Na sexta à noite, levei os filhos até lá. A sogra os recebeu alegremente, mas estava com uma aparência diferente — arrumada, penteada, até com uma leve maquiagem. Estranho para uma noite comum em casa. Não perguntei nada, imaginei que ela talvez estivesse indo se encontrar com uma amiga.

O fim de semana correu tranquilamente. A sogra ligava todas as noites dizendo que estava tudo bem e que as crianças estavam felizes. No domingo, fui buscá-los. Subi até o quarto andar e toquei a campainha.

Um homem desconhecido abriu a porta. Aproximadamente sessenta anos, cabelo grisalho, bronzeado, vestindo uma roupa casual de casa. Parecia morar ali. Eu fiquei confusa — seria o endereço certo?

Logo atrás dele apareceu a sogra. Estava envergonhada, com um rubor nas bochechas. Ela disse baixo: “Entre, por favor. Este é meu noivo. Decidimos nos casar.”

O homem sorriu e a abraçou pelos ombros. Ela se encostou nele, feliz. Eu os parabenizei automaticamente, embora minha mente estivesse em caos. Noivo? O sogro havia falecido há apenas seis meses!

Eu rapidamente peguei as crianças. Elas estavam animadas, contando como o tio as levou ao parque, comprou sorvete e jogou futebol. Então, ele esteve lá o tempo todo e ela nem nos avisou.

À noite, contei ao meu marido. Ele ficou pálido e permaneceu em silêncio por um bom tempo. Descobrimos que a mãe não havia falado nada a ele sobre o novo companheiro. Tinha medo do julgamento e de causar um escândalo. Apenas seis meses haviam passado desde a morte do pai — como ela poderia agir tão rapidamente?

O marido ligou para a mãe naquela mesma noite. Foi uma conversa difícil. Ela chorava, se justificava, dizia que tinha o direito de ser feliz aos 65 anos. Contou que conheceu esse homem há três meses e que, pela primeira vez em anos, sentiu-se viva.

Três dias depois, a sogra veio nos visitar. Trouxe o noivo — para apresentá-lo oficialmente. Ele era alemão, morava na Alemanha, e estava no país por trabalho há seis meses. Falava russo com sotaque, era educado e tentava criar um vínculo.

O marido mostrou-se frio, respondendo de forma monossilábica. A sogra percebeu isso e ficou chateada. Depois, confessou: vão se casar em um mês e ela vai se mudar para a Alemanha. Para a casa dele. Ele está aposentado e quer que ela passe o restante da vida de forma tranquila, sem solidão.

O marido explodiu. Como ela pode deixar tudo e partir? Os netos estão aqui, o filho está aqui, toda a sua vida está aqui! A sogra chorava, dizia que não abandonaria ninguém, mas que queria viver lá — com a pessoa que a ama. Após a morte do marido, ela viveu um ano sozinha, sufocando-se de solidão. Ele lhe deu a chance de começar de novo.

O marido não conseguia aceitar isso. Dizia que ela estava traindo a memória do pai, que pouco tempo havia passado. A sogra respondeu baixinho: o pai dele não era um santo, os últimos anos do casamento foram frios, estavam juntos por hábito. Ela tinha o direito de buscar felicidade.

Foi doloroso para o marido ouvir isso. Ele sempre pensou que seus pais tinham um bom casamento.

Uma semana depois, a sogra anunciou que estava vendendo o apartamento. Encontrou compradores, e o negócio aconteceria em um mês. O marido ficou furioso — o apartamento foi comprado com o dinheiro do pai dele há trinta anos. Pensávamos que passaria para os filhos. E ela estava vendendo e levando o dinheiro para outra pessoa.

A sogra disse calmamente: o apartamento está no nome dela, é propriedade dela. Não quer deixar um imóvel vazio, ser um fardo. O marido tentou dissuadi-la, pediu para esperar pelo menos um ano. Mas ela estava decidida.

O casamento foi simples, no cartório. Não fomos. O marido não conseguia ver a mãe casando com outro apenas seis meses após o funeral do pai.

Duas semanas depois, a sogra partiu. Nós fomos ao aeroporto para nos despedir — eu, meu marido, as crianças. Ela chorava, abraçava os netos, pedia ao filho para perdoá-la. Ele a abraçou de forma fria e breve.

O contato quase cessou. Nos primeiros meses, ela ligava regularmente e pedia para ver os netos por vídeo. O marido falava com ela de forma seca e monossilábica. Ela sentia esse frio e passou a ligar com menos frequência.

Agora, já se passaram seis meses. Ela liga uma vez por mês e envia presentes para as crianças. Diz que está tudo bem, que a vida está tranquila.

O marido não a perdoou. Acredita que a mãe escolheu um estranho em detrimento da família, dinheiro em vez dos netos, fugiu da memória do pai.

Eu entendo ambos os lados. Foi doloroso descobrir sobre o noivo de forma repentina, vê-la vender o apartamento e partir. Mas me lembro do rosto dela naquela noite — envergonhada, mas feliz. Ela estava apaixonada.

Agora eu me pergunto: uma mulher de 65 anos tem o direito de começar uma nova vida? Ou deve ser fiel ao falecido marido até o fim dos dias e viver para os filhos já adultos?

A sogra pediu para ficar com os netos pela última vez antes de partir. Queria se despedir, mas não teve coragem de dizer a verdade. Temia o escândalo, as lágrimas, os pedidos para ficar. Escolheu ir embora silenciosamente.

Ela estava certa? Ou traiu a família?

Você conseguiria perdoar sua mãe se, após seis meses da morte do pai, ela partisse com um novo homem para o exterior, vendendo o apartamento? Ou acha que ela mereceu sua felicidade?

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