Trabalhei cinco anos no exterior para comprar uma casa para a minha mãe. Mas quando voltei, o reencontro com a minha mãe não foi nada como eu imaginava…

Há cinco anos, fui trabalhar no exterior. Eu tinha trinta e dois anos, minha mãe, cinquenta e oito. Vivíamos juntas em um pequeno apartamento alugado. Meu pai faleceu há dez anos e não deixou dinheiro. Minha mãe trabalhava como enfermeira, e eu como professora. Mal conseguíamos fechar o orçamento.
Minha mãe sonhava em ter a própria casa. Pequena, humilde, mas sua. Ela dizia: quero plantar um jardim, flores, vegetais. Quero parar de pagar aluguel e viver no meu próprio cantinho.
Decidi realizar o sonho dela. Fiquei sabendo de uma vaga para enfermeira na Alemanha. O salário era três vezes maior do que aqui. Enviei meus documentos, fiz a entrevista e consegui o visto.
Disse à minha mãe: vou embora por cinco anos. Vou trabalhar, economizar. Vou comprar uma casa para você. Pequena, mas sua. Com jardim, com horta, do jeito que você quer.
Minha mãe chorou: não vá, fique, não preciso de casa, preciso de você. Mas eu insisti. Cinco anos, disse, vou aguentar. Visitarei uma vez por ano. Depois volto, e você terá sua casa.
Eu fui embora. Trabalhei em um hospital em Berlim. Foi difícil: país estrangeiro, língua estrangeira, solidão. Eu morava em um quartinho, economizava em tudo. Não frequentava cafés, não comprava roupas novas, não me divertia. Trabalhava, economizava, enviava dinheiro para minha mãe viver e guardava para a casa.
Ligava para minha mãe toda semana. Ela falava sobre o trabalho, sobre os vizinhos, perguntava sobre mim. Eu dizia: está tudo bem, estou trabalhando, economizando, logo teremos dinheiro para a casa.
Visitei uma vez por ano. Por uma semana. Abraçávamos, chorávamos, passávamos tempo juntas. Depois eu partia de novo. Minha mãe me acompanhava até a porta com lágrimas nos olhos.
Cinco anos se passaram. Eu consegui juntar o suficiente. Comprei uma pequena casa nos arredores da nossa cidade. Dois quartos, cozinha, banheiro, terreno. Modesto, mas aconchegante. Fiz uma reforma, mobília. Preparei uma surpresa.
Ontem voltei para casa. Para sempre. Peguei um táxi, fui até o velho apartamento alugado onde minha mãe morava. Subi as escadas, toquei a campainha.
Minha mãe abriu a porta. Eu não a via há oito meses — a última vez foi no Ano Novo.
Ela estava na porta me olhando. Não correu para me abraçar, nem chorou de alegria. Apenas ficou ali.
Eu sorri: mãe, eu voltei! Para sempre! E tenho uma surpresa para você!
Ela ficou em silêncio. Olhou para mim de uma forma estranha. Fria.
Eu fiquei atordoada: o que aconteceu? Você não está feliz?
Minha mãe recuou, me deixou entrar no apartamento. Foi até a cozinha, sentou-se à mesa. Eu me sentei em frente.
Perguntei: mãe, o que está errado? Eu voltei, comprei sua casa! Sua própria casa com jardim! Vamos nos mudar amanhã, preparei tudo!
Minha mãe me olhou. Os olhos frios, estranhos. Disse baixinho: não vou para a sua casa.
Eu não entendi: por quê? Você sonhava com isso!
Ela respondeu: eu sonhava com uma casa cinco anos atrás. Quando você estava perto. Agora não preciso de uma casa. Precisava de uma filha.
Eu congelei. Ela continuou: você foi embora há cinco anos. Me deixou sozinha. Eu pedi para você não ir. Disse que não precisava de casa, precisava de você. Você não ouviu.
Por cinco anos vivi sozinha. Trabalhei, voltava para um apartamento vazio. Comia sozinha, dormia sozinha, adoecia sozinha. Você ligava uma vez por semana, vinha uma vez por ano. No resto do tempo estava sozinha.
Fiz sessenta anos há dois anos. Você não veio no meu aniversário. Disse que era o trabalho, não te liberaram. Eu fiquei sozinha com um bolo e chorei.
Há um ano caí em casa, quebrei o braço. Fiquei três horas sem conseguir levantar, sem conseguir alcançar o telefone. A vizinha ouviu, chamou emergência. Você soube uma semana depois, quando ligou. Me disse: mãe, aguente firme, logo comprarei a casa, resista.
Meio ano atrás, descobriram problemas no meu coração. O médico disse: estresse, solidão, idade. Receitou medicamentos, paz, cuidado dos familiares. Não tinha familiares. Você estava na Alemanha, economizando para comprar a casa.
Eu fiquei em silêncio, ouvindo. As lágrimas escorriam pelas bochechas.
Minha mãe continuou: você voltou, comprou a casa. Acha que vou ficar feliz? Você comprou a casa com o preço dos meus cinco anos de solidão. Dos cinco anos que envelheci sozinha, adoeci sozinha, chorei sozinha.
Não preciso dessa casa. Foi comprada a um preço que eu não queria pagar. Eu precisava de uma filha perto de mim. Queria que você estivesse comigo aos meus sessenta anos. Queria que segurasse minha mão quando eu estivesse com dor.
Mas você estava longe. Guardando dinheiro. Para uma casa que agora não preciso.
Fiquei sentada sem conseguir falar. Por cinco anos trabalhei, economizei, sacrifiquei minha vida. Por minha mãe. Pelo sonho dela de ter uma casa.
Mas ela não queria uma casa. Queria a mim.
Fui embora pensando que estava fazendo o melhor para ela. Compraria a casa e ela ficaria feliz. Não entendia que estava tirando dela o mais importante — uma filha por perto nos últimos anos de vida.
Minha mãe se levantou, foi para o seu quarto. Disse, sem olhar para trás: viva na sua casa. Eu ficarei aqui. Sozinha, como já estou acostumada há cinco anos.
Fechou a porta.
Fiquei sentada na cozinha do apartamento alugado. No bolso, as chaves da nova casa. A casa que comprei para minha mãe, sacrificando cinco anos da minha vida ao lado dela.
A casa que ela não precisa.
Passou uma semana. Minha mãe fala comigo friamente, à distância. Como se fosse uma estranha. Cinco anos nos dividiram. Pensei que compraria a casa e tudo melhoraria. Aconteceu que perdi minha mãe enquanto guardava dinheiro para a casa.
Ela envelheceu. Cabelos grisalhos, costas curvadas, mãos trêmulas. Sessenta e três anos, mas aparenta setenta. Cinco anos de solidão a envelheceram.
Tentei reconstruir nosso relacionamento. Ofereci para nos mudarmos juntas para a nova casa, cuidar do jardim, passar tempo juntas. Ela recusou. Disse: é tarde demais. Cinco anos atrás pedi para você ficar. Você escolheu a casa em vez de mim.
O que vocês acham, fiz certo? Partir por cinco anos para comprar a casa dos sonhos da minha mãe? Ou deveria ter ficado, estar perto, mesmo que isso significasse viver em um apartamento alugado por toda a vida?




