Eu estava de pé no altar, e no momento em que o padre abriu a Bíblia, a porta da igreja escancarou-se e uma mulher com uma criança nos braços entrou…

Eu caminhava até o altar em um vestido branco, todos me olhavam com sorrisos. Meu coração batia de emoção — finalmente esse dia havia chegado. Cheguei até o noivo, ele segurou minha mão, o padre abriu a Bíblia. E nesse momento a porta da igreja escancarou-se com um estrondo. Todos se viraram. No corredor estava uma mulher — despenteada, pálida, com um bebê nos braços. Ela olhava para o noivo com olhos flamejantes. Deu um passo à frente e gritou para toda a sala: “Parem a cerimônia! Esta criança…” Todos congelaram. O noivo ficou pálido. Eu o olhei, sem entender nada. E a mulher continuou…
Esse dia eu planejei por dois anos. O vestido encomendei na Itália, fiz cinco provas. Reservamos a igreja com um ano de antecedência. Convidados — cento e vinte pessoas, todos nossos familiares e amigos. O noivo — o homem dos meus sonhos, namoramos por três anos, ele me pediu em casamento à beira-mar ao pôr do sol.
Eu estava feliz. Absolutamente, incondicionalmente feliz.
Na manhã do casamento, acordei às seis, não conseguia dormir de tanta ansiedade. Cabeleireiro, maquiador, amigas ajudaram-me a me vestir. Minha mãe chorava ao me ver no vestido. Meu pai disse que eu era a noiva mais bonita do mundo.
O carro me levou à igreja. A música começou a tocar. As portas se abriram. Caminhei pelo corredor de braços dados com meu pai. Todos estavam de pé, me olhando, sorrindo. O noivo estava no altar em um terno cinza, olhando para mim com olhos apaixonados.
Cheguei. Meu pai entregou minha mão ao noivo. Ficamos em frente ao padre. Ele abriu a Bíblia, começou a dizer palavras solenes sobre casamento, amor, fidelidade.
E então — barulho. A porta da igreja se escancarou com tanta força que bateu na parede. Todas as cabeças se viraram.
Na porta estava uma mulher. Uns trinta anos, cabelos despenteados, rosto pálido, olheiras. Em seus braços, ela segurava um bebê — de três a quatro meses, enrolado em um cobertor azul.
Ela estava ali, respirando pesadamente como se tivesse corrido. Olhava diretamente para o noivo. Seus olhos brilhavam — de raiva, desespero, determinação.
O padre silenciou. Os convidados congelaram. O silêncio pairou.
A mulher deu um passo no corredor. Depois mais um. Caminhava diretamente para o altar, sem desviar os olhos do noivo.
Eu olhei para ele. Ele estava branco como giz, suas mãos tremiam. Ele olhava para a mulher com uma expressão de horror.
Ela chegou ao meio do corredor. Parou. Levantou o bebê mais alto, para que todos pudessem ver.
E gritou para toda a sala, sua voz ecoando sob as abóbadas da igreja: “Parem a cerimônia! Esta criança…”
Todos congelaram. Eu não respirava. O noivo apertou minha mão com tanta força que doeu.
A mulher continuou, a voz tremendo: “Esta criança — é filho dele! Nasceu há três meses! Ele sabe! Eu disse a ele! Ele prometeu estar conosco, depois desapareceu!”
Os convidados suspiraram. Murmúrios começaram. Eu olhei para o noivo. Ele estava em silêncio, olhando para o chão.
Perguntei baixinho: “Isso é verdade?”
Ele não respondeu. Ficou em silêncio.
A mulher se aproximou, agora estava a três metros de nós: “Eu o amava! Ele dizia que me amava! Quando soube da gravidez, contei a ele — ele prometeu se casar! E então simplesmente parou de atender minhas ligações! Eu dei à luz sozinha! Três meses tentando contatá-lo!”
Eu olhei para o noivo: “Você sabia que tem um filho?”
Ele finalmente levantou os olhos. Assentiu. Mal perceptivelmente.
Soltei sua mão. Dei um passo atrás: “Quando você soube?”
Ele sussurrou: “Oito meses atrás.”
Oito meses. Já estávamos noivos. Planejando o casamento. E ele sabia que teria um filho com outra mulher.
Perguntei: “Você pretendia me contar?”
Ele permaneceu em silêncio. A resposta era óbvia.
A mulher começou a chorar, apertando o bebê contra o peito: “Eu não quero arruinar sua vida. Mas ele tem que saber sobre seu filho! Tem que ajudar! Estou sozinha, sem dinheiro, sem apoio! Eu tentei contatá-lo por meses, ele ignorou! Não sabia o que fazer! Vi o anúncio do casamento no jornal — e percebi que essa era minha última chance!”
Os convidados estavam em silêncio. Alguém chorava. Meus pais estavam na primeira fila, minha mãe cobriu o rosto com as mãos.
Eu olhei para o noivo — o homem que eu amava há três anos. Com quem estava prestes a me casar em dois minutos. Com quem planejava passar toda a minha vida.
E ele olhava para o chão e ficava em silêncio. Não negava. Não explicava. Apenas ficava em silêncio.
Eu tirei o véu. Coloquei o buquê nos degraus do altar. Disse baixinho, mas de forma que todos pudessem ouvir: “Não haverá casamento.”
Virei-me para a mulher com o bebê. Aproximei-me dela. Olhei para a criança — pequeno, dormindo, inocente. Disse a ela: “Vamos. Vamos conversar.”
Tomei sua mão, a levei para a saída. Ela me seguiu, chorando, agradecendo.
Saímos da igreja juntas. Eu de vestido de noiva, ela com o bebê. Sentamos nos degraus.
Ela contou tudo. O romance durou um ano. Ele prometeu se casar. Quando ela engravidou, ele desapareceu. Ela tentou encontrá-lo, ele trocou de número. Deu à luz sozinha. Três meses procurando por ele. Encontrou o anúncio do nosso casamento no jornal. Decidiu ir à igreja — era a única maneira de alcançá-lo.
Eu ouvi e entendi — ela não era culpada. Ela era uma vítima, assim como eu. Ele nos enganou a ambas.
Dei a ela meu telefone. Disse que ajudaria com o pedido de pensão alimentícia. Eu conheço seu endereço, local de trabalho, tudo. Ele não escapará da responsabilidade por seu filho.
Ela chorava e me agradecia. Perguntava — por que eu a estava ajudando? Eu respondi: “Porque esta criança não tem culpa de nada. E você também não. O culpado é somente ele.”
Os convidados começaram a sair da igreja. Olhavam uns para os outros, sem saber o que dizer. Meus pais se aproximaram, me abraçaram. Minha mãe chorava.
O noivo saiu por último. Estava na porta da igreja, olhando para nós — para mim de vestido de noiva e para a mulher com seu filho nos braços.
Levantei-me, aproximei-me dele. Disse calmamente: “Você é um covarde. Você nos enganou. Você tem um filho e é obrigado a cuidar dele. Vou ajudar a fazer um pedido de pensão, se você se recusar.”
Ele começou a dizer algo, se justificar. Eu não ouvi. Virei-me e fui embora.
Passou-se um ano. Aquela mulher agora recebe pensão alimentícia através do tribunal. Às vezes nos falamos, ajudei-a a encontrar um emprego. A criança está crescendo saudável.
O noivo — ex-noivo — tentou entrar em contato comigo várias vezes. Pediu perdão, queria se explicar. Eu não respondi.
O vestido de noiva ainda está no armário. Eu não o joguei fora. Ele me lembra do dia em que quase me casei com alguém que mentiu para mim sobre algo tão importante.
Às vezes penso — se aquela mulher não tivesse invadido a igreja, eu teria me casado com ele. Viveria com ele sem saber da verdade. Talvez por anos. Teria filhos com ele. E ele carregaria esse segredo consigo.
Digam-me honestamente: se no dia do seu casamento uma mulher invadisse a igreja com um filho do seu noivo — o que vocês fariam? Ainda se casariam, na esperança de perdoar e esquecer? Ou interromperiam a cerimônia, como eu?
Ou talvez aquela mulher tenha agido errado? Talvez ela não devesse ter invadido a igreja? Talvez tenha sido egoísmo da parte dela — destruir o casamento de outra pessoa por ela mesma e seu filho?




