Histórias

A vizinha de cima constantemente inundava meu apartamento e se recusava a pagar pelo conserto. Eu aguentei por um ano. Até que, por acaso, descobri um de seus segredos. E o usei de tal forma que ela mesma veio com o dinheiro e pedidos de desculpas…

Tudo começou há um ano. Voltei para casa do trabalho e notei uma mancha amarela no teto do quarto. Era pequena, mas estava aumentando. Subi ao apartamento da vizinha de cima. Ela abriu a porta e me olhou indiferente.

Expliquei sobre o vazamento. Ela deu de ombros: “Aqui está tudo seco. Provavelmente suas tubulações são velhas.” E fechou a porta. Chamei um encanador. Ele subiu até ela, verificou — era a máquina de lavar dela que estava vazando, a mangueira estava danificada. Ele contou isso para ela.

Ela consertou a mangueira. Mas se recusou a pagar pelo meu conserto. Disse — prove que foi por minha causa. Mostrei o laudo do encanador. Ela balançava a mão: “Isso não prova nada.”

Três meses depois, aconteceu de novo. Ela esqueceu de fechar a torneira no banheiro, e a água desceu para o meu apartamento. Desta vez, o teto inteiro do corredor foi danificado, o papel de parede descolou e a pintura ficou manchada. O conserto custou mil e quinhentos euros.

Subi novamente até ela. Mostrei a conta dos profissionais. Pedi que pagasse pelo menos a metade. Ela me olhou friamente: “Não causei inundação nenhuma. Talvez o seu telhado esteja vazando.”

Entrei em contato com a administradora do condomínio. Eles fizeram uma inspeção e elaboraram um relatório — a causa do vazamento era o apartamento da vizinha. Entregaram os documentos a ela. Ela os ignorou.

Eu entrei com um processo no tribunal. O processo se arrastou por meses. Ela não comparecia às audiências, enviava um advogado que encontrava motivos para adiamentos. Eu gastava tempo, nervos e dinheiro com advogados. E ela vivia tranquila no andar de cima, sem sequer pedir desculpas.

Um ano depois aconteceu pela terceira vez. Ela deixou a torneira da cozinha aberta e foi viajar no fim de semana. A água fluiu por dois dias. Meu apartamento ficou completamente inundado. Tetos, paredes, móveis, eletrônicos. O prejuízo — mais de cinco mil euros.

Subi até ela quando voltou. Gritei, exigi compensação. Ela me olhou indiferente: “Procure o tribunal. Não vou pagar nada voluntariamente.”

Eu estava à beira do desespero. Um ano de paciência, três inundações, milhares de euros em prejuízos, tribunais intermináveis. E ela não pediu desculpas nenhuma vez.

Então, ocorreu um acaso que mudou tudo. Encontrei no pátio uma mulher que se apresentou como corretora. Perguntou se eu sabia quem morava no apartamento acima de mim. Descobri que o proprietário daquele apartamento o havia alugado para minha vizinha, e que ela, por sua vez, o alugava ilegalmente, sem o conhecimento do proprietário.

A corretora explicou que o proprietário estava vendendo o apartamento e viria na semana seguinte para mostrá-lo aos compradores. Não sabia que quem morava lá não era quem ele tinha alugado, mas uma pessoa totalmente diferente.

Não percebi imediatamente a oportunidade. Mas então pensei: se o proprietário souber que seu apartamento está sendo sublocado ilegalmente, ele rescindirá o contrato. A vizinha perderá a moradia.

Eu encontrei os contatos do proprietário através da corretora. Liguei para ele. Me apresentei como a vizinha de baixo. Contei sobre os vazamentos, sobre o prejuízo, sobre o fato de que seu apartamento estava sendo sublocado sem seu conhecimento.

Ele veio no dia seguinte. Subiu até a vizinha. Ela abriu a porta e viu o proprietário — ficou pálida. Ele exigiu explicações. Ela começou a se justificar, a mentir. Ele não ouviu.

Rescindiu o contrato no local. Deu a ela duas semanas para sair. Disse que, se ela não saísse voluntariamente, a despejaria através do tribunal. E exigiria compensação pelo aluguer ilegal.

A vizinha veio até mim naquela mesma noite. Estava na porta, pálida, com um envelope nas mãos. Estendeu para mim: “Aqui está o dinheiro por todos os vazamentos. O valor total. Me perdoe.”

Peguei o envelope. Havia cinco mil e quinhentos euros — exatamente o valor de todos os três consertos. Ela se desculpou novamente e foi embora.

Duas semanas depois, ela se foi. Nunca mais a vi.

Fiz o conserto com o dinheiro dela. O apartamento está em ordem novamente. Os novos moradores de cima são tranquilos, cuidadosos, nenhum problema.

Mas às vezes eu penso sobre essa história. Por um ano aguentei, procurei as instâncias oficiais, tentei resolver legalmente. Nada ajudou. Mas um segredo descoberto por acaso resolveu o problema em três dias.

Eu não a chantageei diretamente. Não ameacei. Apenas contei a verdade ao proprietário sobre o que estava acontecendo em seu apartamento. E então tudo aconteceu naturalmente.

Ela poderia ter pedido desculpas há um ano e pago o primeiro conserto. Isso teria custado quinhentos euros. Em vez disso, ignorou, recusou, causou três vazamentos e cinco mil em prejuízo. E então pagou tudo de uma vez, quando percebeu que perderia a moradia.

Eu não me sinto culpada. Apenas informei ao proprietário um fato — seu apartamento estava sendo usado ilegalmente. Era um direito dele saber.

Mas a questão permanece: eu agi corretamente? Usei o segredo de outra pessoa para conseguir justiça quando os caminhos oficiais não funcionavam?

Ou deveria ter continuado esperando pela decisão do tribunal, que poderia prolongar por mais um ano, enquanto ela continuava a viver tranquilamente, ignorando todas as decisões?

Diga honestamente: se você tivesse suportado um vizinho insolente por um ano, que causava prejuízos e se recusava a pagar, e então acidentalmente descobrisse seu segredo — você usaria essa informação? Ou acha que isso não é ético, mesmo se a lei não estiver do seu lado?

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