Histórias

O neto ligou às 5 da manhã: «Vovó, não use o casaco vermelho hoje». Fiquei surpresa: «Por quê?» E o que ele respondeu me chocou…

A ligação me acordou às cinco da manhã. Meu neto nunca ligava tão cedo, eu imediatamente fiquei assustada — será que algo aconteceu? Peguei o telefone, e ele falou com uma voz estranha, tensa: “Vovó, por favor, não use o casaco vermelho hoje.”

Eu não entendi. Perguntei o que estava acontecendo, se estava tudo bem. Ele repetiu: “Só não use o casaco vermelho. Use qualquer outro. Por favor, acredite em mim. Logo você vai entender.” E desligou o telefone.

Fiquei na cama sem saber o que pensar. O casaco vermelho — meu favorito, uso o tempo todo, especialmente quando vou à cidade. Ele é chamativo, quente, confortável. Mas meu neto fez um pedido tão estranho, a voz estava preocupada, quase assustada.

Decidi obedecer. Vesti um velho casaco cinza que há muito não usava. Saí de casa no horário de sempre, fui para a parada de ônibus — eu precisava ir à clínica para uma consulta.

Cheguei à parada e vi — sentado no banco havia um homem. Cerca de quarenta anos, aparência comum, com uma jaqueta escura. Mas algo no comportamento dele era estranho. Ele observava cada mulher que passava muito atentamente, examinando. E ele tinha uma fotografia na mão.

Cheguei mais perto, tentando ser discreta. Olhei para a foto — e meu coração quase parou. Era eu. Meu rosto, em uma foto bastante nítida. E eu estava usando o casaco vermelho.

Congelei. Me virei lentamente, tentando não chamar a atenção, e voltei rapidamente para casa. Minhas mãos tremiam tanto que mal consegui pegar o telefone na bolsa.

Liguei para o meu neto. Ele atendeu imediatamente, perguntando preocupado, se estava tudo bem. Contei o que vi. Ele suspirou aliviado: “Graças a Deus, você não encontrou ele usando o casaco vermelho.”

Acontece que meu neto andou pelo bairro na noite anterior e notou aquele homem. Ele estava parando os transeuntes, mostrando a foto, perguntando se alguém conhecia aquela mulher, se a tinham visto. Meu neto, curioso, chegou mais perto, querendo ver quem estavam procurando.

Quando viu minha foto, primeiro não acreditou. Depois, ficou realmente assustado. Perguntou ao homem por que ele estava procurando aquela mulher. Ele respondeu vagamente — dizendo que era uma velha conhecida, precisava falar sobre um assunto importante. Mas o neto sentiu que algo estava errado. Especialmente quando notou o quanto ele prestava atenção em mulheres idosas solitárias.

Meu neto seguiu o homem por um tempo. Ele andou pela vizinhança, anotou algo em um caderno, fotografou entradas de prédios. Depois sentou-se no banco na minha parada e começou a esperar, comparando a foto.

Meu neto me ligou assim que percebeu que aquele homem estaria me esperando de manhã. Ele não quis explicar pelo telefone, para não me assustar no meio da noite, mas pediu que eu não usasse o casaco vermelho — a única coisa pela qual ele poderia me reconhecer de longe.

Liguei para a polícia. Contei sobre o homem na parada. Eles vieram, investigaram. Acontece que ele era procurado por uma série de roubos a pessoas idosas. Ele localizava mulheres solitárias, descobria seus trajetos, as seguia e depois invadia as casas quando elas estavam fora ou saíam por um curto período. Ele tinha uma pasta cheia de fotos — dezenas de mulheres, todas idosas, todas morando sozinhas.

Minha foto, provavelmente, foi tirada na rua alguns dias atrás. Eu nem percebi. Ele estava me estudando, minha rotina, minha agenda. Esperando o momento certo.

Se eu tivesse ido com o casaco vermelho, ele certamente teria me reconhecido. Chegaria perto, começaria uma conversa, poderia me acompanhar até a casa, descobrir o endereço exato. E depois… é assustador imaginar.

Meu neto me salvou. Simplesmente estava atento, percebeu o perigo e conseguiu me alertar. Ele não entrou em pânico, não me assustou com detalhes pelo telefone às cinco da manhã. Apenas pediu para eu não usar o casaco, sabendo que eu obedeceria.

Agora, quando saio de casa, sempre fico atenta. Observo as pessoas ao meu redor. Mudei minhas rotas habituais. E me pergunto — quantas pessoas assim estão nas ruas, procurando por vítimas? Quantas mulheres idosas são alvos fáceis apenas porque vivem sozinhas e ninguém zela por sua segurança?

Sou grata ao meu neto por não ter passado indiferente. Por ter prestado atenção. Por ter confiado na sua intuição.

Você presta atenção nas pessoas suspeitas do seu bairro? Ou passa direto, pensando que isso não lhe diz respeito?

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