Uma colega me comprometeu por sete anos na frente dos chefes, mas então me pediu para cobri-la em uma apresentação importante. Eu concordei e fiz algo que nem eu esperava…

Por sete anos trabalhei no departamento de marketing. Um cargo comum, salário mediano, sem grandes avanços na carreira. Minha colega nesses mesmos sete anos recebeu três promoções, tornou-se gerente de divisão, ia a conferências e ganhava prêmios.
Enquanto isso, ela regularmente dizia ao chefe que eu trabalhava devagar. Que eu cometia erros nos relatórios. Que eu não cumpria as tarefas no prazo. Nas reuniões de planejamento, ela mencionava de passagem meus supostos erros, balançando a cabeça com uma expressão de simpatia.
Depois vinha até mim e pedia ajuda. Com uma apresentação para o cliente. Com cálculos para o relatório trimestral. Com análise de mercado. Dizia que estava atolada, que não tinha tempo, que era minha colega e eu deveria ajudar.
Eu ajudava. Achava que era assim que os colegas deveriam trabalhar — apoiando-se mutuamente. Fazia metade do trabalho dela, às vezes tudo. Ela pegava meus arquivos, fazia algumas alterações, colocava seu nome e entregava aos chefes.
Recebia elogios. Prêmios. Promoções.
E dizia sobre mim que eu não estava à altura de algo maior.
Tentei reagir. Mostrava meu trabalho, provava que era competente. Mas o chefe já havia formado uma opinião sobre mim — sem iniciativa suficiente, não suficientemente rápida, uma funcionária mediana.
Ele acreditava nela. Ela era brilhante, confiante, sempre sabia o que dizer. E eu — quieta, calma, não conflitante. Um alvo fácil.
Dois meses atrás, ela recebeu a tarefa de fazer uma apresentação importante. Um dos maiores clientes da empresa, um contrato potencial de vários milhões de euros. A apresentação seria para o conselho de administração e representantes do cliente.
Ela se preparou por um mês. Gabava-se nas reuniões sobre seu progresso. O chefe estava radiante de orgulho — sua melhor funcionária mais uma vez estava no topo.
Dois dias antes da apresentação, ela veio correndo até mim em pânico. Disse que surgiram problemas familiares e que precisava viajar urgentemente para outra cidade. Pediu-me para representá-la. Todos os materiais estavam prontos, era só comparecer e fazer a apresentação. Toda a glória, é claro, ficaria com ela, mas ela me recompensaria.
Olhei para ela e percebi — essa era minha chance. A única chance de mostrar do que eu era capaz.
Aceitei.
Ela deu um suspiro de alívio, enviou-me os arquivos e foi embora. Abri a apresentação. Ela estava boa. Muito boa. Porque metade dos slides eu mesma havia feito três semanas antes, quando ela me pediu ajuda com a análise.
Dia da apresentação. Sala de reuniões, conselho de administração, representantes do cliente, nosso diretor-geral. Caminhei até o púlpito, e meu coração batia descontroladamente.
Comecei a falar. Mostrei os slides, expliquei a estratégia, apresentei os números. Sentia que a cada minuto me tornava mais confiante. Esse era meu trabalho. Minhas ideias. Meus cálculos.
A apresentação foi um sucesso. Os diretores faziam perguntas — eu respondia com clareza, sem hesitação. O cliente acenou com a cabeça, fazia anotações, parecia satisfeito.
No final, nosso diretor-geral me agradeceu e disse que estava impressionado com o nível de preparação. Um dos membros do conselho comentou que a apresentação lembrava a que tínhamos apresentado três meses antes em outro projeto.
Sorri e disse que aquela apresentação também tinha sido feita por mim. Que, na verdade, a maioria dos materiais do nosso departamento nos últimos anos havia passado pelas minhas mãos.
O silêncio se instalou. O diretor-geral franziu a testa e perguntou o que eu queria dizer com isso.
Abri o laptop e mostrei uma pasta com arquivos. Rascunhos de apresentações com meu nome e datas de criação. Conversas em que a colega me pedia ajuda. As versões originais dos relatórios antes de suas edições.
Sete anos de trabalho. Dezenas de arquivos. Tudo com meus metadados, meus comentários, minha autoria.
Nosso chefe imediato empalideceu. O diretor-geral pediu que eu fornecesse todos os materiais a ele pessoalmente.
Três dias depois, a colega foi demitida. Motivo oficial — violação da ética corporativa e apropriação de propriedade intelectual alheia. Nem sequer lhe deram as duas semanas de aviso prévio.
Me ofereceram o cargo dela. Com um aumento de salário de quarenta por cento. Com desculpas por não terem notado minha contribuição antes.
O chefe do nosso departamento também recebeu uma repreensão — por não controlar o trabalho, por não ver o que estava acontecendo debaixo do seu nariz.
Agora se passaram dois meses. Eu gerencio o departamento, trabalho com grandes clientes, vou a conferências. Faço o que deveria ter feito há sete anos, se não tivesse permitido que se aproveitassem de mim.
A ex-colega me escreveu nas redes sociais. Me acusava de deslealdade, de traição. Dizia que eu destruí sua carreira por vingança. Que ela só estava pedindo ajuda, e eu aproveitei a oportunidade para afundá-la.
Não respondi. Apenas a bloqueei.
Às vezes me pergunto — fiz a coisa certa? Talvez eu devesse apenas ter feito a apresentação e continuado em silêncio? Não expor os trapos sujos, não revelá-la publicamente?
Mas então lembro de sete anos. Sete anos em que ela subiu na carreira às minhas custas. Recebeu prêmios pelo meu trabalho. Me afundou na frente dos chefes para se destacar.
E percebo — fiz a coisa certa. Apenas mostrei a verdade.
Diga honestamente: eu fui cruel ao expor a colega publicamente? Ou tive o direito de me defender e mostrar quem realmente fez o trabalho todos esses anos?




