Histórias

Os parentes ricos do meu marido convidaram minha mãe aposentada para um aniversário em um restaurante e, como de costume, “esqueceram” as carteiras. Mas ela os ensinou uma lição que agora não somos mais convidados…

Os parentes do meu marido são pessoas de posses. Grande casa, carros caros, férias duas vezes por ano no exterior. Eles adoram bons restaurantes, bons vinhos, uma vida cheia de luxo. E têm uma característica peculiar — uma incrível habilidade de esquecer suas carteiras exatamente no momento em que a conta chega.

A primeira vez que me deparei com isso foi no aniversário da cunhada. Jantamos em um bom lugar, bebemos vinho, tudo estava maravilhoso. Quando o garçom trouxe a conta, minha sogra fez aquele gesto de surpresa: “Ai de mim, deixei minha bolsa no carro!” Meu sogro bateu nos bolsos: “E eu, por algum motivo, saí sem o cartão!” A cunhada sorriu sem graça: “Desculpe, só tenho trocados…”

Naquela vez, não dei muita importância. Paguei. Pensei — acontece, as pessoas esquecem.

A segunda vez foi no aniversário de casamento dos sogros. Outra vez no restaurante, pratos caros novamente, e mais uma vez a mesma história — todo mundo de repente percebeu que estava sem dinheiro. Novamente paguei, mas dessa vez com uma sensação incômoda.

Terceira, quarta, quinta vez… Compreendi que era um sistema. Eles nos convidam, pedem os pratos mais caros, e depois encenam a comédia das carteiras esquecidas. E sempre acabávamos eu e meu marido pagando. Meu marido dava de ombros, dizia que era a família dele, que ajudar os parentes era normal. Mas nós não somos ricos. Somos pessoas comuns com salários comuns. E os parentes dele ganham várias vezes mais.

Este ano, quando o aniversário da sogra se aproximava, já sabia o que ia acontecer. Eu e meu marido estávamos planejando férias justamente nessas datas. Fiquei contente — finalmente não teríamos de bancar o banquete deles novamente. Mas a sogra ligou e disse que queria muito conhecer melhor a minha mãe. Convidou-a para comemorar no restaurante.

Minha mãe é aposentada. Vive com uma pensão modesta, economiza em tudo. Percebi imediatamente o que os parentes do meu marido estavam tramando. Decidiram que, se não estivéssemos lá, encontrariam outra pessoa para pagar.

Liguei para a minha mãe, alertei-a sobre os hábitos dessa turma. Expliquei que certamente tentariam deixá-la com a conta. Sugeri que não fosse, alegando um mal-estar.

Mas minha mãe apenas riu:

— Não se preocupe, querida. Vou dar um jeito.

Fomos de férias. Fiquei preocupada a noite toda, no dia do jantar. Mandava mensagens para a minha mãe, perguntando como estavam as coisas. Ela respondia com poucas palavras: “Está tudo bem”, “Não se preocupe”.

Eu só soube de tudo quando voltamos.

Minha mãe contou que chegou ao restaurante exatamente na hora certa. Foi recebida muito calorosamente — a sogra, o sogro, a cunhada com o marido, mais dois primos. Colocaram-na em uma mesa bonita, pediram música ao vivo, velas na mesa.

O cardápio foi trazido imediatamente. E o show começou.

A sogra pediu o bife mais caro do menu — um ribeye. O sogro pediu lagosta. A cunhada pediu pato. Todos escolheram vinhos, entradas e sobremesas antecipadamente. Minha mãe pediu uma simples salada e água. Disse que estava de dieta.

Os parentes se entreolharam, mas não disseram nada. Continuaram a celebrar, beber vinho e rir. Minha mãe sorria, apoiava a conversa.

Quando o jantar chegou ao fim e o garçom trouxe a conta, começou a conhecida encenação.

A sogra exclamou com as mãos:

— Ai, não! Esqueci a carteira em casa!

O sogro bateu nos bolsos:

— E o meu cartão ficou no carro! Que situação embaraçosa!

A cunhada agarrou o telefone:

— Preciso atender uma ligação urgente, desculpem!

Todos saíram e se dirigiram à saída. Os primos também ficaram agitados — um precisava ir ao banheiro, outro ao carro.

Minha mãe ficou sentada à mesa sozinha. Diante dela, uma conta considerável — várias centenas de euros.

Ela calmamente terminou de beber a água, chamou o garçom e pediu uma sobremesa. A mais cara do menu — tiramisu com pó de ouro. E um café.

Quando trouxeram a sobremesa, ela a saboreou devagar. Bebeu o café. Depois chamou o gerente do restaurante.

Ele se aproximou com uma leve inquietação — provavelmente percebeu que todo o grupo havia desaparecido.

Minha mãe sorriu para ele e disse:

— Desculpe, mas gostaria de pagar apenas pela minha parte. Por favor, traga uma conta separada para a salada, a sobremesa e o café que pedi. O restante não vou pagar — não fui eu que pedi.

O gerente ficou confuso:

— Mas… os outros convidados…

— Os outros convidados voltarão — respondeu minha mãe calmamente — e pagarão por seus próprios pedidos. Sou uma convidada aqui no aniversário. Não pedi lagostas ou bifes. Sou aposentada, minha pensão não me permite pagar essas contas.

O gerente assentiu e se afastou. Alguns minutos depois, ele voltou com as contas separadas — uma para cada convidado.

Minha mãe pagou por sua simples refeição — salada, sobremesa, café. Cerca de vinte euros no total.

Nesse momento, os parentes voltaram ao salão. Devem ter achado que já havia passado tempo suficiente e que minha mãe já havia pago tudo. Havia um alívio e satisfação visíveis em seus rostos.

Mas foram recepcionados pelo gerente com uma bandeja cheia de contas.

— Boa noite. Sua acompanhante pagou apenas por sua parte. Aqui estão as contas individuais para cada um de vocês. Pagamento será em dinheiro ou cartão?

A sogra ficou pálida. O sogro começou a murmurar algo sobre um mal-entendido. A cunhada tentou reclamar, mas o gerente manteve-se firme.

Minha mãe levantou-se da mesa, pegou sua bolsa.

— Obrigada pela noite encantadora. Feliz aniversário novamente. Preciso ir para casa — tenho de acordar cedo amanhã.

Ela se dirigiu para a saída. Os parentes ficaram parados de boca aberta, segurando suas contas. À sogra, coube o bife e metade do vinho. Ao sogro, a lagosta. À cunhada, o pato e as entradas.

O gerente esperava educadamente, mas firmemente, o pagamento. Começaram a sacar os cartões, murmurando desculpas.

Minha mãe saiu do restaurante, chamou um táxi e foi tranquilamente para casa.

Quando voltamos das férias, meu marido recebeu uma ligação furiosa da mãe. Ela gritava que minha mãe a havia humilhado, que foi terrivelmente constrangedor, que ficaram em uma posição desconfortável.

Meu marido tentou me repreender. Disse que minha mãe se comportou de forma imprópria, que era a família, que deveríamos ter ajudado.

Olhei para ele e perguntei:

— Quantas vezes seus pais nos deixaram com a conta? Quantas vezes pagamos por seus jantares, mesmo ganhando três vezes menos que eles?

Ele ficou em silêncio.

— Minha mãe vive com uma pensão de oitocentos euros. Sua mãe pediu um bife de cinquenta euros. E tentou deixar a conta para uma aposentada. Você realmente acha que foi minha mãe que se comportou de maneira imprópria?

Desde então, já se passaram seis meses. Nunca mais fomos convidados para restaurantes com os parentes do meu marido. As festas são comemoradas sem a nossa presença. A sogra é fria e formal nos encontros.

Não convidam mais minha mãe também.

Não me importo. Honestamente. Estou cansada de ser um caixa eletrônico para pessoas que têm mais dinheiro do que nós. E minha mãe… ela apenas mostrou a eles que nem todos estão dispostos a jogar seus jogos.

Mas meu marido ainda acha que agimos errado. Diz que a família é mais importante que o dinheiro.

Diga-me honestamente: minha mãe estava certa em se recusar a pagar por um banquete alheio? Ou deveríamos ter ficado calados e pagado para não estragar as relações?

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