Histórias

Meu ex-namorado me deu uma vela — fiquei chateada, que bobagem, nem para mostrar às amigas… mas eu estava muito enganada…

Pensei por muito tempo se deveria escrever isso, mas, talvez, alguém se identifique. Eu estava saindo com um homem, bem, meio que saindo, meio que não. Tudo era meio indefinido: ele dizia que não estava pronto para algo sério, que «precisávamos esperar», que «ainda era cedo para falar sobre o futuro». E eu, como uma boba, acreditava e esperava, apesar de dentro de mim algo já ter puxado: ou juntos, ou nada. Mas o hábito é mais forte, e a esperança também.

Um dia ele me deu uma vela. Daquelas pequenas, num copo de vidro. Disse: «Fiz eu mesmo». Na hora, fiquei até meio perdida. Por um lado — fofo. Por outro — que presente é esse? Nem para mostrar às amigas, nem para enfeitar a casa. Mas ele olhava com tanto orgulho, como se não fosse uma vela, mas algo grandioso. E eu peguei, sorri, agradeci. Embora por dentro algo cutucasse — eu queria mais, algo honesto, verdadeiro.

Após o término, essa vela ficou na minha estante. Intocada. Nem sei por quê. Talvez porque tocar era doloroso. Como se, ao acender, eu admitisse que tudo havia acabado. E eu não queria. Sentimento bobo, mas acontece com muitos.

Então, um dia, alguns meses depois do nosso «vamos continuar amigos» (o que, claro, não nos tornamos), decidi acendê-la. Apenas para sentir o cheiro. Queria um pouco de calor em casa, que estava me fazendo tanta falta. Acendi e fui cuidar das minhas coisas. E quando lembrei e voltei — vi que a cera quase havia derretido até o fundo. E algo lá estava brilhando.

Abaixe-me. E quase perdi o fôlego. No fundo estava um anel. Verdadeiro. Fino, elegante, dourado. Aquele mesmo, sobre o qual eu uma vez mencionei de passagem quando passamos por uma vitrine de joalheria. Ele ainda brincou: «Ah, não temos por que ter pressa, né».

E estava naquela vela. O tempo todo. Todo o tempo em que ele dizia que precisava de «espaço». Enquanto ia embora, voltava, sumia novamente. Enquanto eu tentava entender o que havia de errado comigo. O anel estava lá, já pronto, já comprado. Ele estava se preparando. Ele estava pensando. Ele estava planejando. E então simplesmente… desistiu. Ou ficou com medo. Ou decidiu que eu «não era a pessoa certa». Eu não sei. E provavelmente nunca saberei.

Eu estava sentada na cozinha, segurando aquele anel na mão e simplesmente não conseguia respirar. Porque descobri que poderíamos ter tido uma vida diferente. Eu poderia ao menos saber que ele alguma vez realmente pensou em um futuro comigo. E o que mais doía não era que ele foi embora. Mas que ele nem me deu a chance de entender que estávamos mais próximos do que eu pensava.

Às vezes, as pessoas nos ferem não com palavras, nem com ações, mas pelo silêncio. Silêncio onde poderiam pelo menos esclarecer um pouco. Aliviar um pouquinho. Uma vez dizer a verdade.

Ainda não sei o que fazer com esse anel. Está ali na minha mesa, e eu não consigo decidir — jogar fora, ficar com ele ou devolver. Mas mais do que qualquer coisa estou pensando em outra coisa:
valia realmente a pena lutar tanto por alguém que nem sequer conseguiu me dizer o que realmente queria?

O que vocês acham, o que vocês fariam no meu lugar?

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