Histórias

A minha sogra me odiou a vida inteira, mas depois deixou um testamento em meu nome — com uma única condição que virou minha vida de cabeça para baixo

Eu nunca fui a favorita da minha sogra. Desde o início, ela deixou claro que eu não era a pessoa que ela queria ver ao lado do filho. Dizia na minha cara que eu era «demasiado simples», «não era nada especial», que eu tive sorte de casar com ele. Eu tentava não responder para evitar conflitos, mas cada visita a ela se transformava em um desafio. Meu marido tentava apaziguar as coisas, mas entre nós sempre havia a sombra dela. Portanto, quando ela faleceu, fui à leitura do testamento apenas por obrigação. Não esperava que fosse mencionado algo sobre mim. Éramos estranhas, apesar de sermos família.

Quando o advogado leu meu nome, eu congelei. Ele disse que toda a herança — apartamento, carro, casa de campo, contas bancárias — passava para mim, Cristina. A sala imediatamente ficou em um silêncio pesado. O irmão do meu marido empalideceu, meu marido olhava para mim como se me visse pela primeira vez. Eu estava ali, pensando que era um engano. Mas o advogado continuou, como se desse outro golpe: eu não tinha o direito de vender nada. Tudo devia permanecer intocável, «em memória dela». E foi então que algo quebrou dentro de mim. Parecia mais uma imposição do que uma generosidade, só que agora póstuma.

Na saída, meu marido tentou dizer algo, mas ao invés de palavras, ele suspirou:
– Eu não entendo… Por que você?

E eu mesma não entendia. Nós não éramos próximas. Não nos abraçávamos, não compartilhávamos pensamentos, não ríamos juntas. Não havia histórias calorosas para contar aos netos. Ela não me amava, e eu não fingia que não notava isso.

No dia seguinte, fui até o apartamento dela. Entrei — e me senti pesada. No ar havia o cheiro do perfume dela, aquele mesmo que sempre me dava dor de cabeça. Nas prateleiras, tudo estava arrumado cuidadosamente, como se ela tivesse estado ali ontem mesmo. Passei pelos cômodos e fui tomada por uma sensação estranha: como se ela tivesse deixado tudo assim de propósito, para que eu visse a vida dela, a ordem dela, as regras dela.

Depois fui até a casa de campo. Estava quieto, até demais. Na cozinha havia uma caneca que ela sempre colocava no mesmo lugar. Toquei a mesa e de repente comecei a chorar — não de tristeza, mas de um cansaço inexplicável. Eu recebi os seus bens, mas por que me sinto como uma estranha, uma intrusa que abriu a porta errada em uma história que não é minha?

E o mais absurdo — eu não posso vender nada. Não posso me livrar deste fardo. Não posso distribuir à família para acabar com a tensão. Estou como que ligada a esta mulher, que em vida não queria sequer conversar comigo de forma mais íntima. E agora, mesmo não estando mais aqui, ela ainda me prende, como se dissesse: «Aqui está a minha vida. Resolva você mesma».

Eu não sei o que ela queria alcançar com isso. Pedir desculpas? Deixar uma marca? Ou apenas mostrar, mais uma vez, que tudo seria do jeito que ela decidisse, mesmo após a morte?

Não me sinto como herdeira. Sinto-me como alguém a quem deram uma mala cheia de pedras e disseram: «Não deixe cair». E eu honestamente tento entender — por que justamente eu?

Me diga, você no meu lugar aceitaria essa herança… ou recusaria?

Related Articles

Back to top button