A minha irmã tirou-me tudo. Mas no dia do seu casamento, ficou claro quem realmente venceu…

Cresci numa família onde parecia haver duas crianças com valores diferentes: a «preferida» e a «ela dá conta». A mais nova recebia tudo — atenção, presentes, cuidados constantes. Pagavam-lhe os estudos, compravam-lhe um carro, mimavam-na como se o mundo dependesse disso. E eu… eu habituava-me a contar apenas comigo. Estudava, trabalhava e cobria as minhas próprias despesas. Nem ao meu baile de formatura vieram — «a mais nova está doente, precisa de atenção».
E mesmo assim, ela conseguia ter ciúmes de mim. Do facto de eu me sustentar. Do meu emprego. E, mais que tudo — das minhas relações.
Quando levei para casa o homem com quem pretendia construir a vida, a minha irmã mais nova colou-se nele imediatamente. Ria-se de cada uma das suas frases, estava sempre por perto, tocava-lhe acidentalmente nos braços. Eu tentava ignorar o óbvio, porque não queria destruir o pouco que tinha. Ele dizia que eu estava a imaginar coisas. Eu queria muito acreditar nele naquela altura.
Mas um dia voltei para casa mais cedo do que planejava. Abri a porta — e vi uma cena que quase fez o chão desaparecer debaixo dos meus pés. Eles estavam juntos. Não como irmã e seu noivo, mas como pessoas que não tinham mais nada a esconder uma da outra.
Ele ficou pálido. Ela — pelo contrário — olhava para mim com um estranho prazer.
— Eu venci, — disse ela. — Fim do jogo.
Não me lembro de como cheguei à cozinha. Como arrumei as minhas coisas. Como cancelei o casamento. Por dentro, tudo estava tão queimado que as lágrimas simplesmente não saíam. Dentro de poucas semanas, eles já não se escondiam mais. Mudei-me para outra cidade e comecei tudo de novo: trabalho, aluguel, jantares solitários, tentativas de dormir à noite.
Quase um ano passou. Recuperei-me. Tornei-me mais forte. Encontrei um emprego melhor, deixei de pular a cada notificação no telefone. E, acima de tudo — conheci uma pessoa. Não ideal, não de conto de fadas. Apenas calma, honesta, confiável. Com ele, era tudo tranquilo, sem lutas, sem provar quem era o melhor. Ele não curou minhas feridas — apenas esteve ao meu lado enquanto elas cicatrizavam sozinhas.
E, de repente, um dia encontrei um convite na caixa do correio. Para o casamento deles. Flores, letras douradas, assinatura: «Gostaríamos de vê-la». Ri-me por dez minutos. Até às lágrimas. Até doer a barriga. Até perceber que já não me magoava mais.
Mas decidi: vou.
O salão estava decorado como se tentassem provar ao mundo a sua «perfeição». A mais nova girava entre os convidados, brilhando como se a vida finalmente lhe tivesse dado uma medalha. Quando me viu, seus olhos acenderam-se com um estranho fogo — uma mistura de expectativa e maldade. O seu olhar dizia: «Então? Vê quem é o vencedor aqui?»
Ela aproximou-se mais e sussurrou:
— Espero que não estejas com muita inveja.
Olhei calmamente nos seus olhos:
— Fico mesmo feliz por estarem juntos. Apoiem-se mutuamente. Vocês são tão parecidos.
Ela nem percebeu exatamente o que eu disse. Apenas franziu o cenho e saiu — claramente não ouviu o que esperava. Ela queria a minha humilhação, não a minha liberdade.
Quando fizeram os votos, olhava para eles sem dor. Sem raiva. Sem amargura. Apenas percebi: a história deles — não é a minha história. Não há lugar para mim ali. E nunca houve.
Quando saí do salão, senti-me leve. Tão leve, como se finalmente tivesse deixado ir um fardo desnecessário que carregava há demasiado tempo.
E agora muitas vezes me pergunto: será que fiz bem em ir lá, olhar o passado nos olhos e deixá-lo ir definitivamente? Ou será que devia apenas ter deitado o convite fora e não voltar onde nunca fui valorizada como filha, ou como mulher?
O que vocês teriam feito no meu lugar?




