Aos 65 anos, eu estava novamente me preparando para ser noiva, fui ao salão escolher um vestido para o meu casamento, mas me deparei com humilhação e crueldade…

Tenho 65 anos. E, sinceramente, nunca pensei que um dia voltaria a ser noiva. Após a morte do meu marido há 10 anos, eu me reconstruí aos poucos. Acostumei-me ao silêncio, à solidão, à ausência de alguém ao meu lado. Aprendi a viver de novo — sem mãos para segurar, sem uma voz para ouvir, sem aquilo que construímos juntos ao longo dos anos. E em algum momento, apenas aceitei: todas as minhas “histórias de amor” estavam encerradas.
E então ele apareceu. Não foi como em um filme, nem de repente na rua — não. Nós nos conhecemos em um encontro de velhos amigos, para o qual eu nem queria ir. Mas ele se sentou ao meu lado, perguntou se eu precisava de ajuda para levar o prato, e falou de maneira tão calma, tão amigável, como se nos conhecêssemos a vida inteira. Não me lembro da última vez que foi tão fácil conversar com alguém.
Após seis meses, ele me pediu em casamento. Nada extravagante, sem ajoelhar, sem multidão — ele apenas disse que queria passar o tempo que nos resta juntos. E eu aceitei. Queria uma pequena celebração. Silenciosa, calorosa. E um vestido bonito — não branco, não volumoso, apenas algo claro, para me sentir uma noiva, e não uma “mulher de idade”.
Naquela manhã fui a um salão de noivas. Fiquei um tempo parada na entrada, criando coragem, mas finalmente entrei. O lugar era claro, e sentia-se o cheiro de café e de tecidos novos. Atrás do balcão estavam duas garotas por volta de vinte anos, ambas bonitas, bem-cuidadas, com olhares autoconfiantes.
Elas me viram e imediatamente trocaram olhares. Dei um passo à frente e disse que gostaria de escolher um vestido para o meu casamento.
A loira, inclinando a cabeça, perguntou:
— Para sua filha? Ou para sua neta?
Sorri de forma desajeitada:
— Para mim.
A morena riu tão alto como se fosse uma piada:
— Sério? Você é a noiva?
A loira franziu os lábios:
— Nós temos tamanhos para… aposentadas?
Elas nem tentaram esconder o riso. Nem sequer tentaram ser educadas. Eu senti aquele velho sentimento surgindo em mim — aquele de quando você se torna invisível, inadequada, “velha demais”. Elas enfiaram alguns vestidos nas minhas mãos e apontaram para o provador.
Vesti-me devagar, olhando para o meu reflexo. Sim, tenho rugas. Sim, minhas mãos já não são tão suaves. Mas meus olhos — neles há vida. E amor. Saí para me olhar no grande espelho.
E de novo as risadas.
— Meu Deus, — disse a morena, — você realmente acha que está bem para um casamento?
— Não é cedo demais para se vestir como os jovens? — provocou a outra.
Eu queria simplesmente desaparecer. Sentia as lágrimas começarem a rolar pelas minhas bochechas. Estendi a mão para fechar a cortina, quando de repente uma sombra cobriu o chão.
Uma mão gentil, mas firme, pousou no ombro da garota. As duas se viraram de repente — e, no mesmo instante, ficaram em silêncio.
Na entrada estava um homem. Não severo, nem ameaçador — apenas muito composto. Vendedor? Administrador? Não. Era meu futuro marido. Ele chegou mais cedo, queria me surpreender… e ouviu tudo.
Olhou para as garotas de forma tão calma que isso tornou tudo ainda mais assustador. Sem um grito. Sem uma palavra rude.
Ele apenas disse baixinho:
— Nenhuma mulher deve sentir-se humilhada ao escolher um vestido para sua felicidade. Nenhuma.
Então se voltou para mim:
— Está lindo em você. Você é a noiva mais linda que já vi. Vamos sair daqui.
E segurou minha mão. Com firmeza, sem me dar tempo de dúvida sequer.
As garotas ficaram paralisadas. As bochechas vermelhas, os olhos baixos. Tentaram dizer algo, mas as palavras não saíram. E simplesmente saímos.
Lá fora caía uma chuva leve. Ele tirou meu casaco, cobriu-me, como se eu fosse uma menina frágil.
— Sabe, — disse ele, — um vestido pode ser comprado em qualquer lugar. Mas a dignidade — essa a gente precisa manter.
No dia seguinte, encontramos outro salão. Lá fui recebida com um sorriso. Ninguém olhou de cima. E lá encontrei meu vestido — simples, claro, exatamente como eu sonhei.
E o casamento foi tranquilo e caloroso. E sabe… foi a primeira vez em muitos anos que me senti realmente necessária, amada e viva.
E então penso: por que as pessoas desvalorizam tão facilmente a felicidade alheia? E como, especialmente em nossa idade, podemos aprender a não permitir que ninguém apague nossa luz? O que você teria feito no meu lugar?




