Histórias

Meu marido me expulsou de casa com os gêmeos recém-nascidos. E 15 anos depois, ele voltou com um pedido que me deixou sem palavras

Quando minhas filhas gêmeas ainda eram pequeninas, ficamos sem teto. O pai delas, meu marido, simplesmente disse que «não estava pronto para essa vida» e mandou que eu juntasse minhas coisas. A casa pertencia à mãe dele, e discutir seria inútil. Naquela época, eu fiquei no meio da sala, segurando a alça do bebê conforto com as duas pequenas adormecidas, sem entender como aquilo era possível. Mas não tive escolha — eu fui embora.

Nós nos mudamos para um antigo albergue na periferia. O quarto era apertado, as paredes frias, os vizinhos barulhentos. Mas era alguma coisa. Eu trabalhava em uma mercearia, e nos fins de semana limpava escadarias e apartamentos. Às vezes, caía na cama vestida, porque não tinha forças para fazer mais nada. Mas sempre que as meninas se aconchegavam em mim, eu sabia que suportaria tudo por elas.

Os anos passaram. Eu economizava aos poucos — literalmente moeda por moeda. E um dia resolvi abrir um pequeno negócio de limpeza. No começo foi assustador, os clientes apareciam devagar. Mas eu me esforcei ao máximo, não reclamei, não me lamentei. Com o tempo, tudo se estabilizou: o trabalho aumentou, eu contratei uma assistente, nós nos mudamos para uma casinha e compramos um carro antigo. As meninas finalmente viviam com mais tranquilidade, sem o frio constante e mudanças frequentes.

Passaram-se quinze anos. Eu pensei que aqueles tempos tinham ficado para trás. Que a dor tinha se apagado e o ressentimento tinha se dissolvido nas preocupações diárias. Nossa casa se tornou tranquila, acolhedora, e pela primeira vez em muitos anos, eu me sentia segura.

Mas uma manhã, enquanto eu estava no escritório analisando as solicitações, houve uma batida forte na porta. Tão insistente, como se alguém tivesse o direito de comandar minha vida. Levantei a cabeça — e minhas pernas vacilaram.

Lá estava ele. O homem que um dia disse que não precisava de nós. Ele estava envelhecido, abatido, com algo pesado nos olhos. Mas o frio com que nos expulsou um dia ainda estava lá. Seu olhar era o mesmo — vidrado, estranho.

Ele entrou sem ser convidado, examinou o escritório e depois me olhou. E disse, como se não tivéssemos vivido quinze anos separados:
— Precisamos conversar.

Acontece que agora ele tinha sérios problemas — sem emprego, sem moradia, a mãe faleceu, e os parentes se afastaram. E ele veio até mim porque «sou a única pessoa em quem ele pode confiar». Eu ouvia, e por dentro tudo fervilhava. Ele disse que gostaria de «reestabelecer a relação com as filhas», que «as pessoas mudam», e que ele «precisa de apoio, mesmo que por um tempo».

E eu olhei para ele e pela primeira vez na vida percebi que eu tinha uma escolha. Verdadeira. Que não devo mais nada a ninguém. Que eu mesma criei nossas meninas, eu mesma construí um negócio, eu mesma nos tirei do buraco em que ele nos deixou.

Eu disse calmamente, sem gritar:
— Você nos expulsou quando éramos mais fracas. Agora somos fortes. E nós decidiremos qual lugar você pode ter em nossas vidas. Se é que pode.

Ele olhou como se tivesse percebido pela primeira vez que perdeu a gente há muito tempo, muito antes deste dia. E foi embora. Simplesmente se virou e saiu, sem tentar sequer dizer algo.

Eu estava sozinha no escritório, minhas mãos tremiam, mas havia uma sensação estranha… de liberdade. Como se eu tivesse fechado uma porta que tive medo de fechar por quinze anos.

Mas às vezes, à noite, eu ainda me pergunto: será que agi corretamente? Ou será que uma pessoa, mesmo alguém como ele, ainda merece uma segunda chance?

E você, o que acha — eu deveria tê-lo deixado entrar de volta ou fiz o que era certo?

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