Histórias

Eu queria punir o filho do meu marido, mas a reação dele me deixou sem chão…

Quando eu disse que o Victor ficaria em casa com os tutores, eu estava certa de que estava fazendo a coisa certa. Meu filho Daniel se esforça, trabalha duro, conquista. E o Victor… bem, o que dizer do Victor? Notas ruins, advertências, apatia em relação a tudo. E sim, eu achava que seria útil para ele sentir as consequências. Eu queria justiça, ou pelo menos era o que eu achava na época.

Mas no dia seguinte, o Victor veio até mim. Sem desafio, sem ressentimento, nem mesmo o habitual desdém adolescente. Ele simplesmente parou na porta da cozinha, segurando um livro.
– Eu quero ir com vocês, – disse ele calmamente. – Quero provar que posso.

Se ele tivesse gritado, batido a porta — eu estaria preparada. Mas para isso… não.
Eu apenas assenti:
– Certo. Mas entende que as coisas não vão mudar por si só?
– Entendo. Me dê uma chance.

E ele começou a estudar. Realmente estudar. Não cinco minutos para parecer que está fazendo algo, mas por horas. O tutor que eu chamei depois disse ao meu marido que nunca tinha visto tal empenho do Victor. E eu… pela primeira vez não o encarava como um “problema”. Ele vinha até mim com os cadernos, perguntava se tinha resolvido corretamente. Ficava frustrado quando errava. Escrevia e reescrevia três vezes.

Uma semana depois, ele trouxe as primeiras boas notas. Reais, merecidas. Brilhava como se tivesse ganho uma Olimpíada.
– Você viu? – perguntou ele, como se minha opinião fosse realmente importante para ele.
E eu me senti envergonhada. Muito. Porque antes eu não via nele sequer uma tentativa de melhorar. Mas ele, na verdade, simplesmente não acreditava que alguém se importava com o seu sucesso.

Conversei com meu marido à noite. Disse que talvez estivesse pressionando demais. Que comparar ele ao Daniel — era injusto. As crianças não são iguais, mesmo vivendo sob o mesmo teto. Meu marido apenas assentiu:
– Ele há muito tempo queria que você acreditasse nele.

Essa frase acabou comigo. Fiquei deitada à noite pensando: quantas vezes nós mesmos quebramos adolescentes, sem sequer perceber? Exigimos, comparamos, “educamos”. Mas tudo o que eles precisam é de alguém que os veja.

Um dia antes da viagem, ele veio até mim de novo.
– E então… eu mereci?
Os olhos dele eram tão abertos, tão sinceros, que naquele momento eu entendi: sim, ele mereceu, não pelas notas, mas pelo desejo de deixar de ser apenas um fundo em nossa família.

Fomos todos juntos. E pela primeira vez em muito tempo eu o vi rindo, envolvido, vivo. E entendi: às vezes uma criança não precisa de limite, mas de uma mão para se segurar.

Mas desde então, uma ideia não me deixa em paz. E se ele não tivesse se aproximado? Não tivesse pedido? Se tivesse ficado em silêncio, como muitos adolescentes fazem? Eu continuaria a vê-lo como preguiçoso e sem caráter?

Sinceramente, me diga: você sempre nota quando uma criança ao seu lado está apenas esperando em silêncio por alguém que acredite nela?

Related Articles

Back to top button