Histórias

Meu antigo chefe me demitiu há dois anos. E então um encontro aleatório no avião mudou toda a minha vida…

Eu só queria voar tranquilamente. Sem conversas, sem encontros aleatórios — apenas um voo tranquilo e, talvez, um pequeno cochilo.
Mas, ao passar pela cabine, de repente eu congelei. No meu assento estava sentado meu antigo chefe. Aquele mesmo que me demitiu há dois anos.

Ele não era uma pessoa má, apenas quando começaram as «reduções», eu fui a que acabou sobrando. Naquela época, ele disse:
— Desculpe, nada pessoal, apenas negócios.
Mas para mim era muito pessoal. Depois da demissão, demorei para me recompor, perdi a confiança, chorei muito à noite e não sabia o que fazer a seguir.

E agora ele estava sentado ali — um pouco grisalho, com os olhos cansados. Fiquei vermelha e fingi que não o reconheci. Ele também não disse nada, apenas chamou a aeromoça e sussurrou algo para ela.

Alguns minutos depois, ela veio até mim e sorriu:
— Senhora, você foi transferida para a primeira classe.

Eu nem entendi imediatamente o que havia acontecido. Olhei para ele — ele apenas acenou levemente com a cabeça. Sem palavras, sem sorriso. Apenas acenou.
Eu segui para a frente, o coração batendo forte. Não sabia o que sentir — constrangimento, raiva ou, talvez, gratidão.

Na primeira classe, eu sentei e pensei por que ele fez aquilo. A sensação era estranha — como se o passado estivesse ali comigo novamente.

Mais ou menos uma hora depois, a aeromoça voltou:
— O senhor do assento 22B pediu para saber se você gostaria de conversar com ele.

Eu hesitei, depois levantei e fui. Ele ergueu os olhos quando me aproximei e disse baixinho:
— Queria me desculpar. Naquela época, agi errado. Foi conveniente para a empresa, mas injusto com você.

Eu permaneci em silêncio. E então sentei ao lado dele. Conversamos por um bom tempo. Ele contou que depois da minha demissão as coisas pioraram: a empresa foi vendida, ele perdeu o emprego, divorciou-se.
— Eu perdi tudo, — disse ele. — E só então percebi que o importante não são os números, são as pessoas.

Eu contei que após a demissão passei por uma depressão, depois encontrei trabalho em uma fundação de caridade. Agora, ajudo pessoas que sofrem de esgotamento no trabalho.
Ele ouviu em silêncio. Então pegou um envelope.
— Eu deveria ter feito isso há muito tempo, — disse ele e me entregou um cheque de 10.000 dólares. — Naquela época, agi de forma insensível. Que isso sirva como uma pequena compensação.

Quando pousamos, ele apertou minha mão.
— Obrigado por ter me ouvido, — disse ele.

E algumas semanas depois, recebi uma carta dele. Dentro — uma foto: ele está em uma sala de aula, sorrindo, cercado por crianças. No verso estava escrito:
«Obrigado por me ajudar a me tornar humano novamente.»

Coloquei a foto na estante. Às vezes olho para ela e penso: a vida tem uma maneira de colocar tudo no lugar — mas só quando você já não espera mais.

Você conseguiria perdoar alguém que uma vez te machucou, se ele viesse com um verdadeiro arrependimento?

Related Articles

Back to top button