Cães

Ele foi descartado como lixo. Mas, apesar de tudo, ele encontrou amor

Quando chegamos ao abrigo, ele foi trazido em um cobertor.
Ele não se levantava. Apenas seus olhos se moviam – cansados, opacos, como se implorassem para não ser tocados.
Ele estava tão magro que seus ossos apareciam sob a pele.
Alguém o descartou como se fosse lixo. Ele ficou uma semana deitado perto de um galpão velho, as pessoas passavam por ele.
E então, finalmente, alguém ligou para os voluntários.

Quando nos aproximamos dele pela primeira vez, ele não rosnou, não recuou. Apenas suspirou calmamente.
Naquele momento, eu percebi – esse cão já havia desistido.
Nós o chamamos de Bruno.
Ele não comia, não bebia, apenas deitava, às vezes levantava a cabeça e depois a abaixava novamente.
Os veterinários diziam: “Não sabemos se ele vai conseguir.”
Mas ele conseguiu.
Porque todos os dias as pessoas vinham vê-lo.
Falavam, acariciavam, colocavam a mão em suas costas, apenas ficavam ao seu lado.

Uma semana depois, ele se levantou sozinho pela primeira vez.
Duas semanas depois – começou a comer da tigela.
E após um mês – abanou o rabo. Uma vez.
Todos choramos naquele momento. Porque foi seu primeiro passo de volta à vida.

Agora, Bruno vive em uma casa.
Com a mulher que foi ao abrigo procurando por outro filhote, mas não conseguiu ignorar essa alma sofredora.
Agora ele dorme em um colchão macio, come de sua tigela, a recebe na porta e coloca a cabeça em seu colo quando ela está triste.
Ele se transformou.
Mas às vezes, quando chove, ele deita perto da janela e olha para a escuridão por um longo tempo.
Talvez lembrando-se daquela noite, quando deitou sob o céu frio esperando que tudo acabasse.

E eu, toda vez que vejo suas fotos “antes e depois”, eu penso:
por que é preciso levar um ser vivo ao limite, para depois se maravilhar com o milagre da salvação?
E você conseguiria passar reto, se visse esses olhos?..

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