O ex-marido apareceu no aniversário da nossa filha com uma caixa enorme. A menininha gritava de alegria. Mas então ele disse uma frase… e a festa acabou em lágrimas…

Era o aniversário da nossa filha. Ela fazia quatro anos. Uma festinha simples — café com sala de brinquedos, balões, bolo, alguns amigos da escola. Ela ria, corria, e eu não parava de pensar: bem que poderia ser sempre assim — sem lágrimas, sem conversas difíceis, só alegria.
O ex-marido chegou com um presente. Uma caixa enorme — uma pista de carrinhos. Nossa filha gritava de emoção, pulava no lugar, o abraçava pelo pescoço. Eu até fiquei um pouco emocionada. Pensei que, ao menos nesse dia, ele poderia se comportar não como um adulto ressentido, mas como um pai.
Ela abriu a caixa na hora, ali mesmo no café, e começou a montar; as crianças ajudavam. Os carrinhos faziam barulho, risos, agitação — tudo como deveria ser. E eu estava de lado, sorrindo. Parecia que tudo estava bem. Pelo menos por algumas horas — como antigamente, quando ainda éramos uma família.
Quando a festa terminou, os convidados começaram a ir embora. Nossa filha estava cansada, mas ainda segurava um carrinho na mão — não soltava. E então o ex diz:
— Bem, vamos lá, hora de guardar tudo de volta.
Eu nem entendi.
— Como assim, de volta? — perguntei.
Ele calmamente, como se não estivesse falando sobre a felicidade de uma criança, mas sim sobre uma caixa de coisas:
— Vou devolver na loja. Não foi barato. Brincou — já basta.
Eu não consegui responder de imediato. Só olhei para ele, sem acreditar que um adulto poderia dizer isso no aniversário da própria filha. Ela estava ali, ao lado, com os olhos enormes, como se não entendesse o que estava acontecendo.
— Papai, não… é o meu presente… — ela sussurrou.
Ele deu um passo na direção dela, estendeu a mão para pegar a caixa.
— Vamos lá, já chega, — disse cansado, como se fosse apenas um brinquedo, não um pedacinho da sua felicidade.
Ela abraçou a caixa com força, segurando contra o corpo.
— Não! É meu!
Ele, irritado, arrancou das suas mãos, e ela começou a chorar. Não apenas um choro caprichoso, mas um choro verdadeiro — com tremor, mágoa, dor.
— O que você está fazendo?! — gritei, aproximando-me dele.
Ele olhou com calma, até com uma certa pena, como se eu não entendesse algo básico.
— E daí? Vai esquecer daqui uma semana. Pra quê esse trambolho?
Ele se virou e foi embora. Bateu a porta.
Eu fiquei no meio do café, abraçando minha filha, enquanto ela soluçava, encostando o rosto no meu ombro e repetindo:
— Por que ele tirou, mamãe? É o meu presente…
E eu não sei o que responder. Não sei como explicar a uma criança de quatro anos que os adultos às vezes são piores que as crianças. Que para alguns a alegria é apenas uma coisa que pode ser devolvida se já não tem mais sentido.
Ficamos ali por muito tempo. As pessoas saíam, os garçons limpavam as mesas, e ela continuava chorando. Pequena, com os cabelos bagunçados e o carrinho na mão, que eu consegui esconder antes que ele levasse tudo embora.
Em casa, ela demorou para adormecer. Ficou deitada, sussurrando:
— Mamãe, o papai vai voltar amanhã e trazer minha pista de volta?
Eu não consegui responder. Só acariciei sua cabeça e disse:
— Dorme, meu amor. Está tudo bem.
Mas eu sabia que não estava.
Porque ele não levou apenas um brinquedo, mas a fé dela. Acreditar que pais não vão embora. Que se alguém te dá algo — é de verdade. Que se amam — não tiram.
Como explicar para uma menina de quatro anos que aquele a quem ela chama de “papai” é capaz de levar não apenas um brinquedo, mas também sua infância? 💔



