No domingo passado, durante um jantar em família, a mãe do meu marido permitiu que o cachorro dela comesse diretamente do prato dela. Até agora, eu ainda não consigo me recuperar disso…

Eu já me acostumei com as peculiaridades das famílias alheias. Cada uma tem seus hábitos, tradições e maneiras peculiares de fazer as coisas. Mas esse domingo, esse jantar, essa cena — ainda está gravada na minha memória como algo simplesmente inacreditável.
Fomos convidados para a casa dos pais do meu marido. Nada de especial — apenas um tradicional jantar em família. Frango assado, legumes, uma torta de sobremesa. Todos conversavam, riam, discutiam as últimas novidades. E então, no meio do jantar, eu notei algo: o cachorro da minha sogra — um cão doce, mas bem grande, chamado Benny — começou a choramingar ao lado da cadeira dela.
Minha sogra olhou para ele com um gesto de carinho, suspirou… e colocou o prato dela no chão. Bem entre seus pés. Bem ao lado da tigela dele. Sem se incomodar, sem fazer nenhum comentário. Apenas continuou conversando, como se nada tivesse acontecido.
Eu fiquei paralisada. Não era um prato vazio, nem um ossinho. Era comida. Comida que ela estava comendo com o próprio garfo. Comida que ela, até poucos segundos atrás, pretendia comer. E agora o cachorro estava terminando de devorar tudo. Na presença de convidados. Na frente da família. E na minha frente.
Tentei manter a compostura. Meu marido percebeu meu olhar, deu de ombros. A irmã dele não disse nada. Pelo visto, para eles isso era normal. E eu lá, sentada, incapaz de tocar na minha salada. Na minha cabeça, só um pensamento: *como continuar comendo se o cachorro está comendo no mesmo prato que as pessoas?*
Mais tarde, tentei conversar sobre isso com meu marido. Com cuidado. Mas ele não teve a mesma reação que eu.
— É a casa dela. É o cachorro dela. Ela faz isso sempre. Você só não está acostumada.
Talvez ele tenha razão. Talvez eu realmente não esteja acostumada. Talvez eu venha de um mundo diferente, onde os cães têm suas tigelas e os humanos, seus pratos. Onde entre esses dois objetos há não só uma diferença de altura, mas também de higiene, de senso comum, de limites.
Até agora, eu ainda não sei como lidar com isso. Não estou brava. Não me sinto indignada. Mas me sinto profundamente desconfortável. E, para ser sincera — não quero comer na mesma mesa novamente se, a qualquer momento, outro «prato» para o cachorro aparecer no chão.
Onde traçamos o limite entre respeitar a casa de outra pessoa e o direito de se sentir confortável? Ainda não encontrei a resposta. Mas sei de uma coisa: da próxima vez, levarei meu próprio café. E, talvez, um pouco de distância.