Histórias

Uma carta sem remetente chegou ao asilo – quando foi lida, fez todos chorarem

As correspondências para o asilo na periferia da cidade quase nunca chegavam. Às vezes, cartões postais de familiares, mais raramente — jornais e contas. Por isso, quando uma carta simples, em um envelope branco, sem remetente, apareceu na recepção, os funcionários se surpreenderam. No envelope, estava escrito com uma caligrafia caprichada: «Para aqueles que esperam».

Maria, enfermeira de plantão, girava o envelope nas mãos, hesitante em abri-lo. Então, chamou todos para a sala — aqueles que podiam comparecer. Pessoas em cadeiras, com bengalas, vestindo coletes de lã e meias bem quentinhas. Alguns quase não falavam, outros viviam mergulhados em lembranças. A carta foi colocada sobre a mesa, e Maria rasgou o envelope.

Dentro havia uma folha de papel com texto escrito à mão.

“Olá. Vocês não me conhecem, e eu não conheço vocês. Mas sei que nesta casa vivem pessoas que tiveram uma vida cheia. Muitos sorrisos, muitas perdas, muito amor.

Eu escrevo porque, um dia, me senti triste. Eu estava andando pela rua, passando em frente a essa casa, e vi, na janela, um senhor idoso. Ele só olhava para longe. E naquele olhar havia tanto… algo se quebrou dentro de mim. Eu entendi: ele não estava olhando para a rua, ele estava olhando para as memórias.

Eu mesmo não sou jovem, mas tenho família, trabalho, preocupações. E senti vergonha de nunca ter pensado em como vivem aqueles que chamamos de «idosos».

Talvez vocês pensem que foram esquecidos. Que já não são importantes para ninguém. Mas isso não é verdade. Mesmo que seus filhos venham raramente, mesmo que os amigos tenham partido, mesmo que os dias pareçam todos iguais — vocês são importantes.

Porque vocês são história. Vocês são aqueles que um dia seguraram nossas mãos. Que contaram histórias. Que nos ensinaram a viver.

Eu não posso assinar esta carta. Ela é de todos aqueles que não disseram «obrigado» a tempo. Mas, por favor, saibam: vocês não estão sozinhos. Nós nos lembramos de vocês. Mesmo que em silêncio.

Com respeito — alguém que, um dia, compreendeu o que realmente importa”.

Quando Maria terminou de ler, um silêncio profundo tomou conta da sala. Alguns olhavam para o chão, outros enxugavam os olhos com lenços. Ninguém disse nada — não porque não houvesse nada a dizer, mas porque cada palavra da carta havia atingido diretamente o coração de todos.

Então, foi Mônica, a mais falante de todas, quem se levantou. Ela disse: «Pela primeira vez em muito tempo, senti que alguém se importa conosco. Simplesmente… obrigada». Depois dela, Paulo, um ex-professor, sussurrou: «Às vezes, basta uma carta para nos sentirmos importantes».

Os funcionários do asilo imprimiram a carta e a colocaram em uma moldura no hall de entrada. Uma semana depois, chegou outra, no mesmo envelope, com a mesma caligrafia. Falava sobre a primavera, o perfume das lilases e sobre como, às vezes, a bondade é invisível, mas está sempre por perto.

A partir daquele dia, os moradores começaram a escrever respostas. Sem endereço, sem nomes. Apenas cartas — depositadas na caixa perto da entrada. Quem sabe ele as leria?

A casa foi tomada por um outro ambiente. As pessoas começaram a se comunicar mais, ler em voz alta, escrever, conversar. A carta foi o início de algo novo. No hall, colocaram uma mesa com papéis e canetas, ao lado de uma placa com os dizeres: «Para aqueles que entenderam como é importante falar».

Porque uma carta, sem remetente, encontrou o endereço mais certeiro — o coração de cada um que há tanto tempo esperava.

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