O cachorro não queria sair de perto da raposinha ferida até que houvesse alguém disposto a ajudar ambos
Pela trilha da floresta, ainda coberta por uma fina camada de folhas de outono, um homem caminhava lentamente com uma mochila nas costas. Era início da noite, o ar estava ficando frio, e o sol, escondido atrás das copas das árvores, pintava o céu em tons dourado-avermelhados. Luca voltava para casa após uma longa caminhada quando de repente ouviu um latido inquietante.
No início ele pensou que fosse um cachorro perdido, mas o latido era especial – não era alto, mas lamentoso, com um toque de urgência, como se o cão estivesse pedindo ajuda. Luca parou, ouvindo atentamente, e então, impulsionado pela curiosidade e por uma estranha inquietação, desviou da trilha adentrando a floresta.
Após caminhar alguns metros, ele a viu – uma grande pastora alemã de pelagem densa e avermelhada. O cachorro estava parado perto de um tronco, com as orelhas baixas, mas sem se mover. Quando ele se aproximou, ela ficou alerta, mas não fugiu, apenas olhou para ele com olhos inteligentes e desesperados.
Luca quis se aproximar mais, mas de repente notou algo aos pés do cachorro. Ao olhar mais de perto, ele percebeu – era uma raposinha.
O pequeno animal mal se movia. Sua pelagem estava desgrenhada e suja de terra, e havia um corte profundo em sua pata traseira. Parecia que ele não lutava mais pela vida, resignado à sua sorte. Mas o cachorro claramente não estava disposto a deixá-lo morrer. Ele cuidadosamente lambeu sua pelagem, depois olhou novamente para Luca, como que implorando por ajuda.
No início, o homem pensou que o cão poderia ter atacado a raposinha, mas a maneira cuidadosa com que o tratava logo dissipou essas dúvidas. Muito provavelmente, o animal havia encontrado a raposinha ferida e ficara com ela, protegendo-a e aquecendo-a com seu corpo.
Luca se agachou e estendeu a mão com cuidado.
— Está tudo bem, amiguinhos, — disse ele suavemente, dirigindo-se a ambos.
O cachorro observava atentamente cada um de seus movimentos, mas não mostrava agressividade. Parecia que esperava que ele desse o próximo passo.
Luca inspecionou cuidadosamente a pequena raposa – ela estava exausta, sua respiração fraca, e seus olhos apenas entreabertos. Deixá-la na floresta significava assinar sua sentença de morte, e o homem entendia isso perfeitamente.
— Certo, vou levar vocês dois, — disse ele, como se estivesse falando com o cachorro e a raposinha ao mesmo tempo.
Ele cuidadosamente envolveu a raposinha em seu cachecol quente e a pegou nos braços. O cachorro imediatamente se levantou, como se temesse que ele levasse o filhote embora sem ela. Luca gentilmente deu um tapinha nas costas dela.
— Você também vem conosco.
Quando voltaram para a casa de Luca, ele primeiro colocou a raposinha em uma cama macia e examinou a ferida. Precisou de água limpa, antisséptico e muita paciência. Durante todo esse tempo, o cachorro não saiu de perto do pequeno animal, observando cada movimento do homem.
Quando terminou os cuidados, Luca finalmente pôde ver melhor seu visitante inesperado. A pastora estava bem cuidada, com uma constituição robusta, e em seu pescoço havia uma coleira velha e desgastada sem identificação. Ela claramente havia sido doméstica, mas estava perdida ou havia sido abandonada.
Nos dias seguintes, Luca cuidou da pequena raposa, ajudando-a a recuperar as forças. Ele a alimentava com uma mamadeira, trocava os curativos, enquanto o cachorro permanecia deitado ao lado, ocasionalmente farejando suavemente o pequeno.
Quando a raposinha começou a se recuperar, Luca pensou no que fazer a seguir. Ele sabia que mais cedo ou mais tarde teria que devolvê-la à natureza selvagem. Mas em sua casa não havia apenas esse pequeno animal ruivo – o cachorro, que ele chamou de Bella, também se tornou parte de sua vida.
Luca decidiu buscar a ajuda de veterinários e voluntários para encontrar a melhor solução para a raposinha. Após algumas semanas, ela foi levada para um centro de reabilitação de animais selvagens, onde especialistas a prepararam para retornar à natureza. No dia da despedida, Luca levou Bella para visitar o pequeno animal. Ela o cheirou, lambeu seu focinho e abanou levemente o rabo, como em um adeus.
Meses se passaram, e um dia Luca recebeu uma foto – a raposinha que eles salvaram já estava correndo pela floresta, completamente saudável. Bella ficou para sempre com ele – ninguém a procurou, mas parecia que ela não queria ir a lugar nenhum.
Às vezes, quando caminhavam pela floresta, Bella parava de repente e olhava para longe. Luca brincava:
— Você acha que ele se lembra de você?
E Bella sempre abanava levemente o rabo em resposta, como se dissesse: «Claro que ele se lembra».