Uma garota alimentava cães vadios diariamente, até que um dia encontrou uma nota misteriosa em sua casinha
Sophie sempre voltava da escola pelo mesmo caminho — através de um velho parque nos arredores da cidade. E todos os dias, perto de uma cabana abandonada, ela era aguardada por três pares de olhos atentos. Alaranjado, Malhado e Pequeno — foi assim que ela nomeou os cães vadios, que se tornaram seus verdadeiros amigos nos últimos meses.
Tudo começou no outono passado, quando a doze anos Sophie notou pela primeira vez um magro cão alaranjado, farejando avidamente o sanduíche que ela comia. Ao invés de se assustar, ela ofereceu-lhe parte de seu lanche. No dia seguinte, ele trouxe mais dois cães, e desde então, Sophie passou a dividir metade do lanche da escola com eles. Às vezes, ela levava guloseimas especiais de casa, economizando seu dinheiro da mesada.
Os pais não sabiam disso. Eles não aprovariam seu contato com animais de rua — “É perigoso, eles podem estar doentes”. Mas Sophie via nesses cães não uma ameaça, mas uma desesperada necessidade de bondade e cuidado, que tão raramente eram expressados pelos humanos.
Com o tempo, ela descobriu que os cães viviam em uma casinha improvisada, construída por alguém atrás da velha cabana. Sophie começou a levar cobertores para eles, para deixá-los mais quentinhos nas noites frias.
Certa vez, em um dia particularmente gelado, a menina decidiu verificar se seus amigos de quatro patas estavam suficientemente aquecidos. Ao olhar para dentro da casinha, ela notou um pedaço de papel saindo debaixo de um dos cobertores. Era uma anotação, cuidadosamente dobrada em quatro partes.
«Caro estranho que cuida dos meus cães,
Obrigado por tudo o que você faz por eles. Meu nome é Thomas, e há três meses perdi meu emprego e minha casa. Meus cães são tudo o que me restou, mas às vezes tenho de sair o dia todo procurando por trabalho. Eu percebo que alguém lhes traz comida e cobertores. Não sei quem você é, mas sua bondade me impede de perder a esperança. Amanhã espero receber meu primeiro salário neste novo emprego. Se você ler esta anotação, por favor, venha amanhã às 16h. Eu gostaria de agradecer pessoalmente.»
O coração de Sophie bateu mais forte. Ela nunca imaginou que os cães tivessem um dono. Sentiu-se ao mesmo tempo envergonhada e feliz — envergonhada por suas suposições e feliz pelo fato de que esses cães pertenciam a alguém, que eram cuidados.
No dia seguinte, exatamente às quatro, Sophie hesitante aproximou-se da cabana. Em um banco, estava sentado um homem magro, de meia idade, cercado por três cães felizes. Ao ver a menina, ele abriu um largo sorriso.
— Você deve ser a guardiã angelical de quem eu escrevi?
Sophie assentiu timidamente.
— Meu nome é Thomas, — ele se apresentou. — E você?
— Sophie, — ela respondeu baixinho.
— Sophie, você nem imagina o quanto sua ajuda significou. Graças a você, eu pude ter paz de espírito sabendo que meus amigos não estavam passando fome enquanto eu procurava emprego.
Naquela noite, Sophie voltou para casa com uma história que fez seus pais repensarem sua postura em relação aos cães de rua e às pessoas que se encontram em situações difíceis. E uma semana depois, toda a família ajudou Thomas a encontrar uma acomodação onde poderia ficar com os cães.
Às vezes, um pequeno ato de bondade pode transformar completamente a vida de alguém. E às vezes nem suspeitamos o quanto nossas ações podem ser significativas para os outros.