As lições de felicidade da mamãe que agora eu valorizo mais do que tudo no mundo

Com o passar do tempo, lembro cada vez mais dos conselhos da minha mãe. Parecia que eles sempre estavam ali, mas na correria da vida, eu não dava muita atenção a eles. Agora, com mais de cinquenta anos, todas essas lições que ela me ensinou ao longo da vida se tornam mais claras e preciosas.
Quando eu tinha vinte anos, estava sempre com pressa. A vida parecia uma corrida interminável em que era preciso fazer de tudo: estudar, arranjar um emprego, construir relacionamentos.
Minha mãe costumava dizer: “Pare por um minuto. Ouça a canção da chuva”. Mas eu apenas ria, sem entender por que isso era tão importante – simplesmente parar e aproveitar o momento.
Agora, sentada na varanda da casa onde cresci, finalmente comecei a ouvir essa chuva. Suas gotas batem no telhado, criando uma melodia que traz paz.
Desde a infância, minha mãe me ensinou que não devemos adiar a alegria. Ela adorava criar pequenas celebrações sem motivo: acendia velas no jantar ou trazia um buquê de flores frescas do jardim.
“Por que esperamos para celebrar a vida apenas em ocasiões especiais?”, ela perguntava. Eu dava de ombros, achando que eram apenas manias dela. Mas agora, com a casa vazia depois que os filhos cresceram e seguiram suas vidas, finalmente entendi a importância de encher cada dia com pequenas alegrias. Alguns dias atrás, acendi velas na mesa e preparei um jantar especial, mesmo sem um motivo específico, apenas porque queria calor e aconchego.
Minha mãe sempre repetia que a felicidade não é algo que se busca, mas algo que se cria. Essa foi uma de suas lições mais importantes. Quando passei pela minha primeira decepção amorosa, ela não me consolou com longas conversas nem sugeriu afogar a tristeza em sorvete. Em vez disso, me mandou para o jardim e disse: “Plante algo novo aqui.
Deixe que cresça junto com o seu coração”. Não entendi na época, mas fiz o que ela disse. E sabe de uma coisa? Minhas rosas florescem todos os anos, lembrando-me de que até a dor pode ser transformada em vida nova, se colocarmos um pouco de cuidado nela.
Aos trinta e cinco anos, tive minha filha. Trabalho, casa, maternidade – tudo isso se mostrou mais difícil do que eu imaginava. Houve momentos em que pensei que não estava dando conta, que era uma mãe ruim. Minha mãe sempre estava por perto. Ela não dava sermões, nem conselhos sobre como criar filhos.
Ela apenas encontrava uma maneira de me apoiar. “Você é uma boa mãe”, ela dizia, “às vezes, é preciso deixar de lado o perfeccionismo. Dê a si mesma o direito de errar e aprenda com seus erros”. Agora, com minha filha já adulta e também mãe, repito as mesmas palavras que um dia me ajudaram.
Há uma lição que eu valorizo especialmente – saber perdoar. Cresci com regras rígidas e muitas coisas eram levadas a sério demais. Lembro-me de como fiquei magoada com minha mãe quando ela não pôde ir à minha apresentação na escola. Eu preparei a dança por um mês, mas naquele dia, ela se atrasou no trabalho.
Não falei com ela por vários dias e, mesmo quando ela tentou explicar que tinha um projeto importante, eu não quis ouvir. Só anos depois, já adulta, percebi que ela também ficou magoada. Minha mãe me ensinou que mágoas roubam nosso tempo e felicidade, e precisamos aprender a deixá-las ir. Finalmente entendi que perdoar não é apenas libertar outra pessoa da culpa, mas permitir-se ficar livre do peso do passado.
Agora, quando olho para as fotos da minha mãe na sala de estar, vejo uma mulher cheia de força e sabedoria. Embora ela não esteja mais aqui, sua voz ainda ecoa em meu coração, me guiando.
As lições de felicidade da minha mãe vivem comigo e permeiam cada dia. Quando ouço a chuva, planto novas flores no jardim, crio pequenas celebrações sem motivo ou ensino minha filha a perdoar, sinto que minha mãe ainda está ao meu lado, segurando minha mão, como na infância.
Agora eu sei: a felicidade está em ver a beleza nas coisas simples, nos pequenos detalhes que dão sentido à nossa vida. As lições da minha mãe me ajudaram a entender que cada dia é uma pequena vida que deve ser vivida conscientemente, com alegria e gratidão. E quero passar essa sabedoria para minha filha, para que ela também aprenda a ouvir a chuva, como um dia minha mãe me ensinou.